Ópera do malandro 1


Vicente de Paula é o retrato do jornalista à moda antiga. Tirado a malandro, acostumado ao convívio da gente das ruas, policiais, bandidos, prostitutas, gigolôs, com o pessoal do bicho e por aí vai.
Trabalhou na Folha, Estadão e Tribuna da Bahia, entre outros, o que lhe rendeu inúmeras histórias da noite, da boemia. Algumas vão sair aqui neste blog. Mas vamos começar pelo fim, não o fim dele, mas pelos dias de hoje.

Já havia sinais na década de 80 que o malandro não era tanto assim. Alguém lembra do sumiço das botinhas ? Pois é.

Vicetepinga hoje anda pelo Largo Dois de Julho, um reduto do que restou da boemia do centro da cidade. Entre as inúmeras figuras que vão aparecer aqui, está o cidadão brasileiro que atende por Formigão (foto acima com Vicente). Quem o conhece de perto diz que ele sabe viver. Recentemente fez um tour internacional, apesar de levar uma vida simples, sem grandes recursos.

No Líder, onde a “malandragem” se reúne diariamente para uma “bia” , ele conta com sorriso largo sua viagem pela Alemanha, Reino Unido, Portugal, Ilhas Canárias e Veneza. E prova com fotografias, passagens e tudo mais. Toda vez que o assunto vem à baila Vicente de Paula fecha a cara.

Ao contrário dos companheiros de gelada que ouvem os relatos com atenção e se orgulham de conhecer alguém que testemunhou as maravilhas do Velho Mundo. Mas um dia o mau humor do jornalista malandro teve explicação. Dirigindo-se a Formigão, Manoel Porto matou a charada:

- “Maluco..maluco...maluco.... Cê foi a Europa...Europa...Europa maluco?. Conseguiu dinheiro... dinheiro aonde, Maluco... ? ”, fez a pergunta que não durou uma fração de segundo.

- “Pô Mané, economizei cumpade”, respondeu Fomiga com sotaque carioca.

- “ Maluco...maluco...maluco....fala...fala.. fala...fala...fala sério”, agoniou-se Manoel..

- “Pô malandro, vou te falar uma coisa : sabes que não gasto mais com cigarro, esse veneno”

- “Beleza...beleza...beleza, maluco. Deixou o cigarro, porra maluco...porra maluco...porra maluco.....”, comemorou Manoel, pedindo outra gelada.

- ”Neisso não Mané, tô fumando do de Vicente tem dois anos, malandro. E é Oliúde brodi”.

Comentários

  1. hehehehehehe Foi o mesmo que ouvir Mané Maluco falando, Araka. É assim mesmo. Quer dizer que o velho Vicente achou um malandro mais malandro do que ele? Aí não tem malandro que aguente! kkkkkkkkkkkkkk

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  2. "Malando é malandro, mané é mané... " O pagode de Zeca Pagodinho, tocado diriamente em Caminho da Ìndia é o tema do hilário personagem César,mas bem que podia ser tema dessa história aí. E a fala de Mané tá mesmo uma pérola, Araka.

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  3. Morro de saudades de Vicentão, tenho lembranças da convivência com ele que daria pra escrever um livro. Foram nove anos juntos na Tribuna da Bahia, ele saiu, foi pra Tarde, e fiquei mais dois anos. Bebíamos juntos TODAS AS NOITES (parece mentira!) no Abaixadinho, Alagoano (às vezes esticávamos pra outros bares). Só folgávamos, dos dois afazeres, nos sábados. (Depois que ele foi pra Tarde, me juntei com Janinho).
    É muita história, entrelaçada com outros companheiros de redação e de bar.
    Curioso é a nossa total divergência em matéria de política e ideologia.
    Grande Vicentão, quanta saudade!

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  4. Pobre Vicente... É nisso que dá, juntar-se com um pior...
    Araka vc foi brilhante ao retratar Manoel. Deu pra ouvir e vê-lo falando!!!
    Tô sabendo que você tem viagem marcada pra Paris. Tá azarando a pinga de quem?

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  5. Paris? Araka em Paris? Não vai prestar! Já treinou o biquinho pra falar francês, mané? kkkkkkkkkkkk
    É mesmo, Rita, ele deve tá de olho na pinga de alguém.

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  6. Rita, que legal você aqui. Seja bem vinda. Entre sempre e comente. Bj.

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  7. Com certeza, Joaninha! Naquilo que me for familiar ou que me desperte curiosidade, meterei bedelho. Tô disfrutando desse blog. Bom estar aqui entre vocês...
    Um beijo, Mônica!

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