“…e Genivaldo naquela burocracia…”

Jadson Oliveira

De La Paz (Bolívia) – Ao escrever meu primeiro texto para meu blog daqui das alturas andinas, falando das “burocracias da chegada”, me lembrei de mais uma tirada do nosso Pedro Matos, o Pedão, figura cuja criatividade vem sendo destacada, merecidamente, aqui no Pilha Pura. Os leitores assíduos do “blog de Joaninha” já sabem que ele trabalhava na assessoria de comunicação da Assembleia Legislativa da Bahia.

Pois bem, vamos lá. Era uma vez, há alguns anos, estava bastante popularizada uma propaganda de uma dessas financeiras, que vivem de explorar o pecado do consumismo dos pobres mortais, especialmente da classe média. É o pau que há na Assembleia, onde os salários, comparativamente, são dos melhores.

A propaganda – muita gente deve se lembrar – alardeava as facilidades para se tomar empréstimo naquela financeira, exortando o futuro (ou já) endividado a procurá-la, ao sentir que estava sendo enrolado por outra financeira, pela concorrente. Dizia mais ou menos assim: “ Você vai lá precisando de dinheiro, tentando resolver seu problema, e o gerente naquela burocracia...”

Pronto. Pedão, também uma das vítimas do corre-corre atrás de empréstimos como grande parte de seus colegas, fez logo a adaptação: “...e Genivaldo naquela burocracia...” Genivaldo era o gerente do posto do Baneb (depois Bradesco) na Assembleia.

Aliás, Pedão contava, com aquele jeitão engraçado, que no dia do pagamento do salário, o serviço de emergência cardiológica da Assembleia ficava superlotado. Eram os afundados em dívidas, inclusive com agiotas.

Comentários

  1. Essa é boa mesmo, dá até para imaginar Pedão repetindo. Falando sério, o Baneb mudou para Bradesco e os funcionários da Alba continuam na pendura dos empréstimos, inclusive essa que vos fala heheh

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  2. Seo Jadson... Mando uma do Pedrão que remete ao aperto financeiro permanente do nosso amigo querido, sócio remido do Baneb e de todas as financeiras e balcões possíveis (com, ou sem burocracia) – que ele relacionou com o velho Urbano Luttigards.

    Urbaninho chegou na Assembléia na Constituinte, via Fapex, e, depois, tirando férias de Pedrão. Serviço aumentando, Urbano acabou se encaixando num cargo de confiança, com o olho, dizia Irecê, apontado para a vaga efetiva de Pedrão. Por mais que agente avisasse que para substituir Pedro, só através de con curso. Mas Urbano não é muito de acreditar nas lisuras dos concursos, exceto o da EGBa, em que passaram dois dos seus rebentos...Mas aí é outra estória. Né não?

    A chegada de izurbano coincidiu com uma série de problemas de Pedrão, inclusive uma gastroenterite que quase levou Pedrão para uma melhor (dizem espíritas e aderentes). A mulher, Lila, retou e mudou com os filhos para Iguai, o que só piorou a falta de dinheiro, e gente culpando Urbano de tudo. Cada final de semana que o homem ia a São Felix (lugar, sabidamente, cheio de macumbeiros e Urbano é do negócio), Pedrão enfrentava um problema – e a coisa se agigantando.

    Eu e Chico Raposo encontramos Pedro Matos na porta do elevador que levava à Assessoria de Comunicação no segundo andar. O homem vinha subindo as escadas, suado, com um olhar de desespero de dar dó. Raposo indagou logo: Que porra é essa Pedrão? Tá prá parir?

    O coitado fez uma pausa. Pegou ar e, (era de tardinha) olhando para a placa de fibra de vidro que serve como divisória, onde estava destacado, bem traçado, o perfil ensombreado de Urbano postado na prancheta de diagração, disparou: – Depois que esse cara aí (apontando com o beiço) chegou aqui minha vida virou um moinho (e fez o gesto circular de quem está meondo alguma coisa).

    E se picou, falando sozinho, com ar de louco e os bolsos cheios de pedras, que só melhorou de tarde quando O Jadinho velho de guerra conseguiu R$50,00 (cinquentinha valia muito naquela época) para ele ir passar a semana com a sua (lá dele) Lila e os meninos.

    O pior é que, com ou sem a ajuda de Urbano, essa figura humana imensa (era corpulento e tinha a inocência de uma criança), adoeceu, vítma de hepatite C, apanhada nos "bons tempos do Estadão" em SP, e morreu de uma hora para outra em Conquista durante uma de sua visitas à família.

    Jadson tem um estoque enorme de estórias de Pedro "EIXECEEEELENTE" Matos, mas é avaro em contá-las

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  3. "Minha vida virou um..." Pedão deixava a frase no ar e girava com as mãos. O pior, Bina, é que parece que ele acreditava, pelo menos parecia ter medo. Como vc diz, era mesmo uma criança bem crescida e volumosa.
    Pode ficar tranquilo, "chefe", creio que nosso Pedão vai aparecer por aqui muitas vezes. Abraço também pra essa turma aí da assessoria, fonte de tantas lembranças, 99% boas.

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