Showzaços


Por desconfiança devido ao valor baixíssimo do ingresso de entrada (dois quilos de alimento não perecível) ou por falta de informação devido à pouca divulgação, os baianos perderam de ver vários shows na Concha Acústica, ontem à noite. Apesar da capacidade para 5 mil pessoas, nem 500 compareceram. Uma pena.

Eu mesma fiquei um pouco desconfiada quando Elcie e Simoa me chamaram para a programação incluindo os cantores Margareth Menezes, Moraes Moreira, Gerônimo, Luiz Caldas, Paulinho Boca e outros. Mas acabei me entusiasmando principalmente com a idéia de rever Morais Moreira.

Saímos do Centro Administrativo às 17h:20min, na carreira, para tentar chegar às 18h na Concha. Conseguimos, apesar do engarrafamento, e nos juntamos a Betopinga e, em seguida, a Deta. Desconfiamos mais ainda com o esvaziamento, pouquíssimas pessoas na frente do portão e fila nenhuma.Talvez isso tenha provocado o atraso para começar o show, que só foi rolar lá para as 19h e tantas. Demorou tanto que Simoa tripudiou: “Desse jeito, Moraes vai entrar e cantar “ Acabou chorare” e vai embora” (risos).

O show beneficente para marcar o Dia Mundial da Alimentação, como parte da 'Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida', na verdade foram vários shows, alguns deles, embora curtos, showzaços mesmo.

O começo foi bem chatinho, com duas mulheres em trajes de circo dançando com fitas. Reclamei logo: “Foi pra isso que saí lá do CAB até aqui, querendo me reciclar?”. Elcie não se agüentou de rir com a ironia lembrando uma brincadeira nossa. Depois entrou o grupo Cortejo Afro, cuja atração principal era uma figura magra vestida de cor prata dos pés à cabeça e segurando uma sombrinha também prateada, que Elcie definiu como uma mistura de Maickel Jackson com Carlinhos Brow. Um tédio. Continuei desconfiada.

Mas tudo mudou de repente, quando entrou Paulinho Boca de Cantor cantando Mistério do Planeta (Novos Baianos). Figuraça, continua dando “um bom caldo”, brincamos. “O cara está fazendo a maior presença!”, animou-se a amiga Elcie. Paulinho canta mais e a gente não pára de dançar: “Mamãe, aqui eu pirei por causa de Mayre...”. Sowzaço.

Agora vem Margareth jogando um reggae acompanhada somente (e nem precisa mais) da fera do violão, Saul Barbosa. Depois manda “Minha pele de ébano” e ainda arrisca com um sucesso de Elis Regina cantando “A bola você não dá”. Encerra com “Ê faraó” (não sei se é esse o título).

Gerônimo entra. Dividimos opiniões em nosso grupo. “Cara chato”, brinca uma, “lindo!”, exagera outro, “exótico demais”, diz outra. E ele manda ver com uma música que só lembro agora um trecho: “na malemolência do mar”. Então vem com “Nessa cidade todo mundo é d’Oxum”, e a gente canta junto e dança o tempo todo. O cara prossegue com outras músicas autorais num jeito vigoroso, cheio de jinga. “Fantástico mesmo”, concordei com Betopinga.

“Eu sou um carnaval em cada esquina” anima mais ainda. É Morais Moreira que entra arrebentando. Depois segue com Abolição e uma inédita, lançamento para o Carnaval de 2010 cujo refrão é assim: “Se liga maluquete, se liga chicleteiro, sou Morais Moreira”. Claro que tem que rolar “Preta pretinha” pra matar a saudade.

Pelo jeito continua a campanha para resgatar Luiz Caldas, o que acho bem bacana, e ele encerra a programação. Magrelo, de tênis e cabelos um pouco mais curtos, mas de novidade só isso. Cantou os velhos sucessos como “Haja amor” e “Nega do cabelo duro”.

Acabamos na lama de sempre, no Boteco do França discutindo o futuro do socialismo. Morais Moreira também deu as caras por lá e eu quase dou uma de tiete deslumbrada e peço autógrafo. Interrompemos a cerveja a tempo.


Valeu.

Comentários

  1. Jô vc esqueceu da tentativa infeliz de Margareth de alcançar mais um tom. Deve ser coisa de fã. rsrsrs.

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