Viva a Liberdade!

Jadson Oliveira




De São Paulo (SP) – Corriam os primeiros dias da Revolução de 1817 em Pernambuco, onde os patriotas brasileiros implantaram uma heroica e efêmera República. Durou apenas cerca de dois meses. Foi tombada pelas forças portuguesas fiéis a D.João VI, cuja corte estava instalada no Rio de Janeiro, escorraçada que foi de Lisboa pelo exército de Napoleão. Eram os tempos áureos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, evangelho dos revolucionários franceses do século 18.

A saga dos pernambucanos é relatada por Paulo Santos de Oliveira no livro A Noiva da Revolução, de forma romanceada e descontraída. Tem de tudo no relato: paixão, sonho, idealismo, sangue, traição, heroísmo, covardia, opressão. E passagens divertidas, das quais transcrevo aqui um pequenino trecho. O autor utiliza dois narradores. Um conta:

- E o sisudo coronel Amaro Coutinho (da província vizinha da Paraíba), de tão entusiasmado, desfilou pelas ruas empunhando uma bandeira branca (no início, na falta de uma bandeira, eles improvisaram um pano branco) e dançando à frente de um bando. No auge da empolgação e da cachaceira, ele ofereceu à causa revolucionária um de seus engenhos, 40 bois e 40 escravos.

O outro narrador acrescenta:

- Alguns dias depois eu soube que quando o coronel Amaro Coutinho chegou em casa, trocando as pernas, sua mulher, dona Ana Clara, partiu para cima dele feito uma cobra caninana, reclamando da palhaçada e da dilapidação do patrimônio da família. Aí ele aproveitou para agitar também a sua vida privada: abandonou-a na mesma hora, alegando não poder continuar a viver com uma inimiga da Revolução.

- Qual mulher nem filhos!... – ele gritou – Viva a Liberdade!

Comentários

  1. Caro Jadinho. Liberdade mesmo é aquela do poema de Fernando Pessoa (perdoe a memória): Que prazer ter um livro pra ler e não o fazer; ler é nada, estudar é maçada... E por aí vai.
    Agora falando sério. Tentei encontrar esse livro no Submarino e nada. Post autor e e editora, pois tenho interesse.

    Mudando da liberdade para a morte, estórias deliciosas estão descritas num livro do talentoso Biaggio que editaremos sobre a "funesta". Um proprietário de terras na Bahia, português, doou tudo o que possuia ao mosteiro de São Bento, pedindo como contrapartida que enquanto o mundo existir que todos os dias em seu túmulo fosse rezada uma missa. Na lápide, a guisa de epitáfio, apenas a frase "Aqui jaz um pecador". Nada de nome, data de nascimento, nada nada.
    Será que dó século XVII até agora os caros monges cumprem o prometido. Afinal, o mundo, de uma maneira ou outra insiste em continuar existindo – apesar da torcida de Ivan de Carvalho.

    Outra boa colecionada por Biaggio é uma túmulo com a inscrição:"Aqui jaz, muito contra a sua vontade, Giselda.

    Um abraço saudoso.
    P Bina

    ResponderExcluir
  2. Chefe Bina, abração, prazer em "falar" contigo. O autor taí, a editora é uma tal de Comunigraf. Procurei esse livro em várias cidades, inclusive Salvador e Curitiba, encontrei aqui na Cultura, uma retadona da Av.Paulista. Como se diz, São Paulo é São Paulo.
    Se vc quiser aguentar um pouco, estou perto de acabar de ler (não leio tão rápido como vc), nossa Olivinha tá falando em voltar, então posso mandar o livro pra vc.
    Conheço esses casos, interessantíssimos, contados por Biaggio e Helenita no livro deles sobre as igrejas baianas. Gostei demais, sabe que me interesso muito por coisas relacionadas com a "funesta", gosto de chamá-la de "inominada".
    Abraços pra turma daí.

    ResponderExcluir

Postar um comentário