VÍDEOS, RECITAL MAPUCHE E ESPORRO

Jadson Oliveira
De Buenos Aires (Argentina) – Tem aquela piada de japonês. Os japas saem em viagem turística e, quando retornam, vão ver as fotos pra saber se gostaram da viagem.
Pois é, aconteceu comigo. Sábado à tarde, dia 18, dei uma de turista pra variar um pouco. Visitei no bairro La Boca (onde fica o estádio do famoso time de futebol Boca Juniors) uns pontos turísticos, como o Caminito, com direito a clone de Maradona, exibições de tango, essas coisas.
Mas o que me interessava mesmo era o Concierto de Música Mapuche, com a cantora Beatriz Pichi Malen, às 20 horas, no teatro da Fundação Proa, ali mesmo juntinho ao Caminito. Mapuche é um povo indígena cujo território faz parte do Chile e da Argentina, nos últimos anos muito presente na mídia devido à sua resistência e repressão do Estado chileno.  
Pensei, vou fazer um vídeo beleza (meu novo xodó é aprender vídeo). Consegui permissão pra gravar (só era permitido fotografar sem flash), me virei, todo entusiasmado. Quando cheguei em casa, passei pro computador e... decepção, me lembrei da piada de japonês: não gostei nada do passeio. O vídeo ficou uma merda, já fiz até agora uns quatro ou cinco, acho que este ficou pior do que o primeiro, talvez tenha sido a expectativa.
De qualquer forma, me desculpem a insistência, separei dois pedacinhos que me pareceram menos ruins e decidi postar. Aqui e no meu blog Evidentemente (www.blogdejadson.blogspot.com).
“Começamos mal e acabamos bem”
E o esporro? Sim, o esporro. No final do espetáculo, uma moça veio pra cima de mim, uma fera, me disse que os cliques de minha maquininha digital tinham perturbado todo o recital, tinham quebrado o silêncio, a magia, aquele clima recriado a partir dos cantos, da percussão, das imagens (slides), a natureza, os bichos, a mãe terra (Pachamama). Ela estava certa, pedi mil desculpas, mas...
...mas, veio logo a compensação, são os acasos da vida. No ônibus, voltando para casa, topo com a dita cuja. Eu estava todo enrolado, não tinha moedas suficientes para pagar a passagem, nunca poderia supor que em Buenos Aires só se pode pagar a tarifa de ônibus com moeda.
“Como faço?”, perguntava ao motorista e mostrava as cédulas de dinheiro. E ele, balançava a cabeça negando: “Solo moneda”. Eu pensando: será que esse cara vai me mandar descer (já eram umas 11 horas da noite) ou vai me deixar viajar sem pagar?
Foi aí que apareceu minha salvadora: “Apesar de tudo, vou pagar sua passagem”. Teté Di Leo, artista plástica, “mucho gusto, muy amable... encantada...” Ela estava com uma amiga, nos sentamos e batemos um longo e amigável papo. Lhe disse: “Começamos mal e acabamos bem”, rimos.

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