Pra não dizer que não falei de Jerônimo e Chumbinho... “apresente seu relatório!”

A decepção do gibi, a história em
quadrinhos... acho que funcionava
pra nós a magia do rádio, os voos
da imaginação a partir da voz e
sons da radionovela.
Não, Joaninha, “Jerônimo, o Herói do Sertão”, não era uma série, pelo menos do jeito que entendo. Era uma novela, radionovela, com uma história, um enredo, em vários capítulos, das 18:30 às 19 horas, na Rádio Nacional (o autor, ainda me lembrava do nome, mas confirmei na Internet, era Moysés Weltman), como nas novelas de TV hoje.
Só que em todas as histórias, as novas novelas que se seguiam, tinham sempre os mesmos heróis, Jerônimo e seu “companheiro (ou era amigo?) inseparável”, Moleque Saci, o estereótipo antigo do negrinho gente boa, valente e engraçado como ele só. Cada história era diferente, em vários capítulos, os personagens (ou as personagens, como querem alguns) eram outros, os bandidos eram outros (somente o Caveira e Chumbinho foram repetidos em três novelas, se não me trai a velhaca da memória, como dizia o saudoso professor Raul Sá. Uma delas se chamou “A volta do Caveira”, ah! que expectativa!, que ansiedade!, a gente já conhecia o personagem, aquele mesmo bordão, aquela voz com aquele timbre metálico, arrepiante: “Chumbinho, apresente seu relatório!” Era o Caveira, o chefe misteriosa que Jerônimo no final desmascarava, no maior suspense, anunciando finalmente a sua identidade, um dos membros da comunidade onde se desenrolava a aventura, ninguém suspeitava, logo ele, Fulano de Tal. Chumbinho era o lugar-tenente do Caveira. Aí, Chumbinho, que voltava de alguma missão a mandado do chefe, missão má, ilegal, traiçoeira, injusta, contra pessoas boas, respeitáveis cidadãos, obviamente, e Chumbinho, invariavelmente, respondia gaguejando: “Oh Caveira... ia tudo bem, Caveira, nós chegamos lá... mas aí apareceu Jerônimo e Moleque Saci, Caveira... E Caveira exclamava um sonoro “Idiota!!!!” e repetia “Idiota!!!!”. A gente vibrava).
Jerônimo, com Saci, estava lá, em todas as histórias/aventuras, firme e forte, defensor dos fracos e dos injustiçados, “pelos fracos a lutar sem temer”, parece que era assim sua música, é provável que tenha toda ela na memória – “Filho de Maria Homem nasceu...” – para felicidade de um grupo de garotos na faixa dos 9/10 anos que se reuniam ao redor do rádio de “seo” Adelino (meu pai), daqueles grandões, moderníssimos, com olho mágico, movido à bateria (não havia luz elétrica), isto lá em Seabra, Chapada Diamantina, no coração da Bahia, década de 50 do século passado (viu Carmelita?).
Uma vez, naquele suspense, naquela ansiedade, a bateria esgotou... e um de nós chorou... Ah, tem coisa demais pra recordar, tem o choro aí, tem a decepção com o gibi de Jerônimo, com a novela da TV, tem passagens que a gente pensa que é coisa antiga, do arco da velha, e descobre elas se repetirem em modernas e caras produções hollywoodianas, tem a eterna noiva Aninha, tem a caretice do herói (a caretice descobri muitos anos depois, depois que fiquei “sabido”).
É coisa demais, vamos dividir em capítulos, este é o primeiro, em homenagem à trilogia em vídeos de Biaggio/dra. Helenita.  

Comentários

  1. Estou ficando velha mesmo. Vc relembrando as aventuras de Jerônimo me fez chorar. Tempo bom.

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  2. Não sou desse tempo não (rrr).
    Deu uma saudade,Jadson. Me recordo da música de abertura.
    Lindo tudo isso, me veio à memória uma novela de rádio , "Aqueles olhos negros", que falava de um cigano,que me fascinava...

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