Intelectuais baianos aprofundam significado histórico de Lampião e o cangaço



 
Em debate o fenômeno do cangaceirismo no Nordeste brasileiro: será no sábado, dia 26, na capital baiana (na Faculdade de Arquitetura da UFBa, bairro da Federação), das 8:30 às 13:30 horas.

 Por Jadson Oliveira
De Salvador-Bahia – Como entender hoje, numa realidade social marcada pelo capitalismo neoliberal e globalizado – em crise -, o fenômeno do cangaço que dominou vastas áreas do ainda feudal Nordeste brasileiro de quase 100 anos atrás?
 
Esta questão deve estar rondando a cabeça de intelectuais baianos que vão discutir na manhã do próximo sábado, dia 26, em Salvador, o significado da ação dos cangaceiros, em particular do grupo mais famoso chefiado pelo temido “capitão” Virgulino Ferreira, o Lampião, conhecido como o Rei do Cangaço e considerado por uns como um reles bandido e por outros como o maior guerrilheiro das Américas.
 
O debate – no auditório 2 (Mastaba) da Faculdade de Arquitetura da UFBa
(bairro da Federação), das 8:30 às 13:30 horas – será feito a partir do livro LAMPIÃO, A RAPOSA DAS CAATINGAS, cujo autor, o sergipano residente na capital baiana José Bezerra Lima Irmão, fará a exposição inicial. 
 
Trata-se dum “alentado livro que deveria ser do conhecimento do público em geral, pelo que traz, nas suas 740 páginas de pesquisa séria, metódica e permeada de ilações de um seguro teor teórico e senso crítico, a par de um estilo literário simples, escorreito e sem as afetações dos escritos acadêmicos, que muito  proveito decerto traria para leitores de todas as idades, etnias e credos políticos e religiosos”.
 
Tal avaliação é do professor Edmilson Carvalho, que compõe, junto com Jorge Oliver, a Comissão de Organização do evento. Ele diz ainda que o encontro do sábado é uma grande oportunidade “para um velho sonho, sonhado por quantos se dedicam à pesquisa historiográfica do tema do cangaço, por uma ótica renovada, a saber, inserida num contexto de uma sociedade em crise, na qual os mais diversos segmentos da sociedade jogam suas propostas sobre a mesa para o debate”.
 
Devem participar da discussão reconhecidos representantes da intelectualidade baiana, alguns deles com vasta bagagem em pesquisas e obras relacionadas com o assunto – e correlatas como é o caso da Guerra de Canudos. Dentre eles, Valdélio Silva, Sérgio Guerra, Oleone Coelho Fontes e José Guilherme da Cunha.
 
Ao apresentar seu livro no blog araposadascaatingas.blogspot.com.br, o autor diz, em texto datado de abril de 2014, que ele é fruto de 11 anos de pesquisas e mais de 30 viagens por sete estados do Nordeste. Explica que “analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda”.
 
E arremata: “Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase 20 anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete estados”.
 
Faz 78 anos que Lampião (teria então 40 anos de idade), sua mulher de apelido Maria Bonita e componentes do seu bando foram mortos. Embora haja controvérsias, a história oficial registra que foram vítimas duma emboscada comandada pelo tenente João Bezerra, da polícia de Alagoas, no local denominado Angicos,  sertão de Sergipe, ao amanhecer do dia 28 de julho de 1938.

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