Mente que nem sente

Depois do celular, a gente passou a se sentir com a "coleira eletrônica" no pescoço, com aquela sensação de ter que ficar disponível para atender a todos 24 horas por dia. Talvez isso explique porque esse aparelhinho tem feito as pessoas mentirem compulsivamente. Isso de modo geral (confesso que aprendi alguns recursos para escapar de ligações inoportunas, inconvenientes e coisas e tais, tipo assim: "vou ter que desligar, porque estou entrando no elevador do trabalho e a ligação cai", ou "esqueci o aparelho no carro, por isso não atendi", e por aí vai).

Faço esse preâmbulo para contar aqui uns "causos" engraçadíssimos sobre essa reação  provocada pela "coleira eletrônica",  e também para provocar os outros para que contem também aqui as novidades dessa nova mania. Mas se as avós diziam que a mentira tem pernas curtas, com o celular às vezes ela fica cotó mesmo. Quer ver?

Estávamos, eu e Mônica,  no início da noite da sexta-feira, aguardando os respectivos companheiros, quando  a comadre ligou para Délio, pedindo que comprasse pães para o café das nossas filhotas.
 -Cê tá aonde?
 -Já estou chegando.
 -Traz pão?
-Levo. Quer bolinho de estudante também?

Bolinho de estudante? Aí o cara se entregou, porque bolinho de estudante só tem na baiana de acarajé. Matamos a charada. Ele está no Bar de Bahia, ponto vezeiro dos Soares, onde fica uma baiana de acarajé. Falei pra Mônica: "Vamos dar um flagra?". Descemos a ladeira de casa e fomos conferir. Bem próximo do bar,  de onde  podíamos ver todos os clientes, liguei para Zé Sinva e vi ele se levantar para atender, mais afastado dos companheiros de mesa (dentre eles Délio).

-Cê tá aonde?
-Saindo do trabalho.
-Pois eu tô indo pro bar de Bahia.
-Com quem?
-Com Mônica.
- Então vou te encontrar lá.

Encerrada a ligação, eu e a comadre nos aproximamos da mesa e quando nos viram explodiram em gargalhadas.

Tem outra de um deputado federal petista, que quando era vereador de Salvador sempre respondia para o seu chefe de gabinete que lhe cobrava porque ainda não havia chegado para o compromisso marcado: "Já estou na Bonocô". Certo dia ele esqueceu e puxou a descarga e o outro não perdeu tempo: "Na Bonocô já tem descarga?" . Depois disso, toda vez que alguém precisava se retirar das reuniões do gabinete dizia: "Vou na Bonocô".

Depois conto outras boas mentiras "celulóides" porque esse texto está ficando extenso demais.

Comentários

  1. Esse flagra foi mesmo monumental, comadre. Os bichos ficaram com cara de cachorro que deu pum na igreja, sorrindo sem graça. E a gozação dos amigos? kkkkkkkkkkkkkkkk

    Mas a melhor tirada foi a de André, quando alguém perguntou p/q não chamamos a companheira Deta: "Pra não vazar a informação!" Ou seja, chamou de comparsa dos ex-cunhados culhudeiros. hehehehehe

    ResponderExcluir

Postar um comentário