O clima de horror nas redações

Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa: 
Reproduzido do Blog do Miro, de 14/03/2013

Tem grande repercussão nas redes sociais a reportagem publicada na segunda-feira (11/03) pelo Portal Imprensa sobre o aumento dos casos de depressão, infidelidade conjugal e uso abusivo de drogas e álcool entre profissionais de jornalismo.

O estudo foi realizado pelo doutor em Psicologia José Roberto Heloani, da Unicamp, cobrindo um período de dez anos.

Segundo o pesquisador, na última década os jornalistas brasileiros se tornaram mais sujeitos a pressão por causa de circunstâncias de trabalho, tornando-se mais vulneráveis a assédio moral e sexual, além de outras condições capazes de produzir desequilíbrio emocional e doenças mentais.

No período mais recente de seu estudo, Heloani trabalhou com uma amostragem de 250 jornalistas, analisando aspectos de suas vidas como saúde mental, identidade e subjetividade e resiliência a situações estressantes.

Ele encontrou um grande número de profissionais trabalhando em estados de pré-exaustão ou exaustão na maioria das redações.

A concentração da propriedade dos meios de comunicação, que torna crucial a aceitação de um jornalista no restrito e concorrido mercado da imprensa, o transforma em um indivíduo passivo diante de circunstâncias indignas de trabalho.

"No Brasil, há seis grandes grupos de comunicação. Você precisa ter muita coragem para fazer uma denúncia formal de assédio se quiser permanecer no mercado. A pessoa pode até pensar em mudar de área, ir para assessoria ou área acadêmica, mas nenhuma alternativa é fácil", resume o pesquisador.

O uso de drogas aumentou cerca de 25% no período estudado, como uma das consequências das condições opressivas de trabalho.

Em função das longas e extenuantes jornadas, muitos dos entrevistados também relatam dificuldades de relacionamento, insegurança e medo de tomar decisões.

Essa realidade, confrontada com a imagem idealizada da profissão, produz uma sensação geral de vulnerabilidade e frustração, que levam aos casos de depressão.


(Para ler mais)

Comentários

  1. O fim da obrigatoriedade do diploma certamente contribui para o agravamento desse quadro, não apenas pela formação científica e ética proporcionada pela universidade, mas principalmente porque passamos a sofrer uma concorrência desigual no mercado, com gente sem qualificação que faz qualquer coisa para entrar na redação, aceitando salários e condições que agradem dos donos das empresas .

    ResponderExcluir
  2. O que a infidelidade conjugal tem com a situação dos jornalistas? Esta eu não entendi. Ainda bem que não sou casado com jornalista. Crendeuspai!

    ResponderExcluir

Postar um comentário