Ao doidão da nossa música

Enquanto Borega busca o som de Minas, ou melhor, faz um som em Minas para mineiro se ver, eu de cá estou curtindo um carioca da pesada, acabando de ler a biografia de um artista da porra, que marcou a minha geração.

Cafajeste, caloteiro, encrenqueiro, vaidoso. Com todas essas “qualidades negativas”, como diz Jadson (se não me engano é assim que ele diz), o “preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficências capilares", como o próprio Tim Maia se definia teve uma história fantástica. Uma vida de aventuras pessoais e de brigas com a indústria fonográfica, com a poderosa Rede Globo e até com o público, que volta e meia ele deixava na mão não aparecendo para os shows, ou até xingando e devolvendo impropérios quando vaiado, porque não conseguia continuar cantando de tão chumbado e cheirado que estava.

Mas quando Sebastião (nome de batismo) abria o vozeirão nos palcos ou nos LPs a moçada se rendia. O doidão irreverente e destemido era fera mesmo, não tinha igual. Na vida pessoal, as “qualidades positivas” o mantinha sempre acompanhado, rodeado de amigos. Era autêntico, engraçado, solidário, grato, amigo, doce e maluco beleza. O jeito Tim Maia era fascinante, e sua vida turbulenta, recheada de fatos muitas vezes dignos de admiração, outras vezes de indignação, o tornaram uma das figuras mais interessantes de conhecer (nem todos os grandes artistas, poetas e escritores, famosos enfim, são tão interessantes quanto a sua obra ou feito) muito bem revelados por Nelson Mota no livro “Vale Tudo”. Uma delícia de leitura que nos provoca risos o tempo todo com as histórias e tiradas da grande estrela que foi Tim. Jadson já revelou algumas aqui e eu também comentei a da dieta “rigorosa”, mas eis algumas delas:



“Pode ser rosquinha ou quadradinha ou gigantona. Agora, que existe alguma coisa além da TV Globo, isso existe”, dizendo em entrevista que acreditava em civilizações extraterrestres em forma de biscoitos;



Tenho certeza que todas as minhas ex-mulheres têm saudades da minha companhia, do papo, do violãozinho, de ver a novela juntos, mas do meu peru, não”, em entrevista á revista Playboy, colando a sua vida privada em público com outras declarações ainda mais audaciosas e íntimas que não vou reproduzir aqui;


“O Brasil é uma terra de mestiço pirado querendo ser puro-sangue. Passou de branco, preto é. Não existe esse negócio de mulato. Mulato pra mim é cor de mula”, quando se dizia candidato a prefeito, caso passasse a proposta de plebiscito pela emancipação da barra da Tijuca.

Comentários

  1. É isso mesmo, companheira, qualidades negativas.
    Vou deixar aqui mais uma dele, falando daquele sobrinho (acho que é isso) dele, aquele chato do Ed Mota (não tenho certeza se o nome é assim mesmo), aquele gordo também, logo no início da carreira, ainda meninão, parece que esnobava música romântica. Tim Maia disse mais ou menos assim: "Deixa ele viver mais, tomar uns cornos prá conhecer a vida e aí ele vai descobrir porque o Julio Igresias vende tanto disco".

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  2. Pois é, vcs dois falando de Tim me dá saudade. Foi delicioso os dias que passei com essa figura irreverente. Lia bem devagar com pena de acabar. Sabe comé né mermão, sou chegada a uns malucos.
    O que seria essa vida sem os loucos, irreverentes, inconoclasta??!! provavelmente uma chatice.

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