Por Jadson Oliveira
Era uma vez um pintor esquecido e desconhecido que vivia pelas ruas de La Boca, bairro proletário de Buenos Aires. Conta-se que ele dizia não ser deste mundo, tinha se encarnado por aqui e por estas eras, mas, de fato, era um pintor do século 13, da Espanha, de farta obra e farta pobreza. Um dia deram pela falta dele, teria desencarnado. Um curioso tanto fuçou que encontrou um barraco semi-arruinado com alguns quadros. Gostou de um e o conservou. Lhe criou um nome: “El viejo del bosque perdido”. Num dia de maior necessidade, conseguiu vendê-lo por 50 pesos. O quadro também sumiu. Restou uma foto pregada na parede de um café mal-afamado. Está aí resgatada para os anais do Pilha Pura.
Consta que o modelo retratado ainda perambula até hoje por bares e pizzarias da capital portenha. Mas consta ainda que tudo isso não passaria de delírios de bêbados.
Pelo sim, pelo não, fica o registro, porque, numa dimensão mais filosófica da existência humana, é sempre temerário identificar onde termina a sensatez e onde começa a imaginação.
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