De Buenos Aires (Argentina) - Claudia Mabel Soria passou maus momentos, mas encarou a briga. Num dos últimos finais de semana, em La Reja (cidade da área metropolitana da capital federal), ela foi barrada numa piscina de um camping porque usava um calção de banho masculino (usava também a parte de cima do biquíni). Estava com duas dezenas de companheiras lésbicas e mulheres bissexuais ligadas à La Fulana, entidade sediada em Buenos Aires.
Ela não se conformou. Foi queixar-se no Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), órgão do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, que prontamente obrigou a direção do camping a liberar a piscina para ela. Mas bolaram uma vingança cruel. Espalharam pela área da piscina cartazes, com o nome da moça, apontando que foi permitido seu ingresso em condições inadequadas “por sua condição de lésbica”. Aí foi o diabo. Claudia Mabel Soria teve que agüentar aquelas sacanagens de costume – piadas de mau gosto, insultos, provocações...
E olha que isto acontece num país onde o governo federal erigiu a política de Direitos Humanos como uma política de Estado (especialmente na questão do julgamento dos torturadores da ditadura); onde o Congresso Nacional aprovou, no ano passado, o casamento igualitário; onde se registrou, em dezembro último, o primeiro casamento oficial, legal, de dois homens homossexuais; onde se discute com seriedade a descriminalização do aborto – sem aquela baixaria que ocorreu durante as últimas eleições presidenciais no Brasil.
Bem, se serve como contrapeso: motivado pelo caso, o Inadi anunciou que vai espalhar instruções e advertências pelos locais turísticos e garantiu que a “lesbiana” discriminada, se quiser, pode entrar com processo judicial contra a direção do camping.
Estou pasma! Não esperava tanto atraso num pais que você citou, tem saído na vanguarda na defesa do Direitos Humanos.
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