Hoje tem jogo. Esperamos. O Brasil disputa o terceiro lugar com a Holanda, mas é visível o desânimo da torcida amarela depois que os nossos amarelinhos "amarelearam" vergonhosamente na disputa com a Alemanha para a final. Há quem diga nas redes sociais que preferia que a nossa Seleção nem jogasse hoje. Eu penso diferente, sou otimista e continuo torcendo para que, pelo menos, os nossos atletas não repitam o vexame do último jogo. Também recorro à amiga Juciara que defendeu no Facebook que vale mesmo é o espírito esportivo, saber jogar e saber perder. Afinal outras seleções tidas como favoritas, como França, Itália e Espanha foram para casa bem antes. Só que nenhuma levou surra tão forte como a nossa e dentro de casa.
Com um pouco atraso, peço desculpa ao amigo Jorge Lisboa, mas ainda em em tempo, publicamos aqui a sua visão sobre o fatídico dia da nossa maior derrota.
Análise 2014
(* Jorge Lisboa de Paula)
Análise, seleção, símbolo, derrota, futebol e trágico são palavras
compostas por sete letras, exatamente o mesmo número de gols que a Seleção
Brasileira de Futebol levou da Alemanha, em Belo Horizonte,
contrariando os bons presságios implícitos no nome da capital mineira.
Entretanto, reflexão, que pode ser sinônimo de análise e crítica, nem sempre
negativa, contém oito letras, que é soma do escore Alemanha 7 X 1 Brasil.
Perdoe a insistência com os números incomodativos, mas este resultado é deveras
EXÓTICO em uma semi-final de Copa do Mundo e VEXATÓRIO em se tratando do país
que mantém a supremacia nessa modalidade esportiva, porque foi o único a
levantar a taça de campeão cinco vezes. Se quisermos admitir, uma
desclassificação como essa é aviltante para um povo se acostumou a produzir
placares mais confortáveis e se destacou na exportação de craques (jogadores
excepcionais) para o mundo inteiro e por isso mesmo, mereceu o título de País
do Futebol.
Mas o que estava acontecendo para que sofrêssemos uma derrota tão
implacável ? Por que a nossa atuação foi tão pífia na Copa 2014 ? Onde
foi que falhamos ? Por que experimentamos tamanha decepção ? Como
poderíamos ter evitado um vexame inusitado como esse ? Por quê, jogando no
conforto do nosso domicilio, não nos preparamos para o confronto futebolístico
como das derradeiras vezes em que fizemos campanhas brilhantes em solos
estrangeiros? A quem concerne responder a estas questões que poderiam ajudar ao
Brasil a desviar desse destino fatídico neste mundial ?
Enfim, para continuarmos nessa perspectiva zagaliana (feita por Zagalo) desprezando o 13 e pegando o sete que
também é cabalístico, podemos dizer que 2014 , 2 + 1 + 4 = 7, somam igualmente sete gols alemães. O dia da
queda, 08/07, coincide com o número de tentos marcados da partida (o jogo, e
também a saida e despedida da equipe) 7 X 1 = 8. Assim como, o ano de escolha
do Brasil como sede da Copa foi 2007, adicionado aos 7 anos de preparação somam
2014. Detalhezinho importante: o numero de jogos para ganhar o mundial também é
7, entretanto, no sexto confronto, o Brasil foi massacrado em 6 minutos por uma
equipe alemã que se preparou para uma revanche pela perda promovida por Ronaldo
(sete letras) em 2002. Aliás, o período de organização do campeonato já foi
marcado por um sem-número de conturbações, principalmente nos campos políticos
e esportivos, contribuindo enormemente
para o desinteresse e afastamento de boa parte dos seus torcedores sempre aguerridos. Pagamos caríssimo
os desacertos, com este desenlace
absolutamente n-e-f-a-s-t-o !
Todavia, a reflexão pode seguir outras rotas de interpretação. Claro
que houve um exagero pertinente à nossa condição de amantes do futebol e também
da proximidade do evento, por estarmos sediando o campeonato em solo
brasileiro. Porém, as pessoas contratadas para dirigir o escrete Canarinho
pecaram muitas vezes, não corresponderam às expectativas depositada nelas,
foram levianas, pensaram que a sorte e as armações (todas) concedidas na fase
inicial seriam suficientes para que alcançássemos um desfecho mais agradável.
Erraram absurdamente e o Brasil perdeu feio!
Tratar com respeito o futebol, assim como as demais modalidades
esportivas e também as outras instituições sociais, é uma qualidade facultativa. Somente penso que
quando nos engajamos em um projeto qualquer que seja devemos honrar a nossa
palavra, temos que dar o melhor de nós e se assim o fizermos, sairemos
vitoriosos, mesmo em caso de xeque-mate. O jogo contra o Chile revelou que nos
preparamos mal em todos os sentidos. Ali ficou evidente que a equipe brasileira
não tinha mais condições de permanecer no campeonato, as figuras do Felipe
Scolari e dos seus selecionados pareciam
completamente perdidas. Não nos preparamos como deveríamos para esta competição
que reuniu profissionais habiliosos e também cartolas inescrupulosos como o Sr.
Balte.
No entanto, parece que desta vez deixamos muito a desejar, não fomos
nem competentes, nem corajosos, nem coerentes. Negligenciamos na autonomia e
entregamos o jogo propriamente dito, porque atuamos ininterruptamente como
amadores, sem força e tática. Portanto,
embora considerando o placar tão dilatado assaz humilhante, e lembrando aos
ferozes alemães e os seus canhões que não se deve chutar carrocho morto,
merecemos a derrota fragorosa de 7 X 1.
Isso serviu para apontar a distância existente entre as duas equipes,
em termos de nível técnico e preparação psicológica. Afinal, os brasileiros disputaram uma Copa em casa,
contando com o apoio da sua torcida, mas
não demonstraram estar preparados para os confrontos previstos nas fases
elimitórias deste mundial, o chamado mata-mata. Agora que a euforia e as
desavenças estão diminuindo, precisamos aproveitar os erros cometidos e as
decepções experimentadas para meditar sobre as nossas verdadeiras disposições e
competências, visando sempre aperfeiçoar o nosso raciocínio e nossa conduta
para melhorar as nossas qualidades, aumentar as nossas possibilidades e
aproveitar cada vez mais ética e inteligentemente as nossas oportunidades, para
que, futuramente, possamos desfrutar de resultados mais gratificantes em todos
os certames que nos dispuserrmos participar. Voilà!
*Jorge Lisboa de Paula é sociólogo formado pela UFBa e mestre em Espaços, Tempo, Sociedades, Culturas e
Viagens pelaUniversité de Perpignan – França.
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