Primavera Feminista – o dia que as mulheres mostraram ao Bolsonazi com quantas “fraquejadas” se faz uma revolução



Salvador - Em lugar de bala, flor e batom. Estas foram as armas que levamos para as ruas. E muito, muito amor envolvido.



Solidariedade do tipo “mexeu com uma, mexeu com todas”, união de eleitoras de candidatos de esquerda e direita.....Era guerra, mas o orgulho em participar daquilo tudo parecia festa. Guerra contra o fascismo, contra o preconceito (machista, racista, homofóbico....), o autoritarismo, a ignorância, a falta de projeto, a farsa de uma candidatura que representa uma ameaça a todos nós, na medida em que ameaça a democracia. Que já não é lá essas “Brastemp”, mas é a democracia que temos e precisamos melhorar.


(Foto compartilhada do face de Carla Lula Freitas, uma das responsáveis pelo colorido da marcha)


O dia 29 de Setembro, sem dúvida, entrará para a história do Brasil como a Primavera Feminista de 2018. Milhões de mulheres (e muitos homens solidários também) foram para as ruas não só em centenas de cidades brasileiras, mas também no exterior, falar de amor contra ódio, de resistência contra intolerância. Segundo cálculos da PM da Bahia, cerca de 100 mil em Salvador.


(na foto as primas Nádia, Núbia, Miriam e Carol)


E o grito de EleNão, EleNunca, EleNemComAPorra saiu do espaço virtual das redes sociais, desde que mulheres iluminadas, algumas baianas, tiveram a brilhante ideia de criar o grupo suprapartidário Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (MUCB), que já soma 4 MILHÕES de seguidoras. O #eleNÃO ecoou alto e bom som, como um brado, em potentes trios elétricos ou mesmo em caminhõeszinhos de café.

(Foto: Edson Ruiz)




E foram tantas palavras de ordem que nem dá pra citar todas. Mas como sigo a relatora Jaciara Santos, que dividiu comigo e tantos outros parentes e amigos a emoção nas ruas de Salvador, vou repetir o escolhido por ela: "Ô (nome do coiso), vá se f.../o meu país não precisa de você!".



É também de Jaciara (jornalista das melhores que conheço) o trecho do texto “Lá vai o Brasil subindo a ladeira...” que reproduzo aqui e que emocionou tanta gente, mostrando o estado de espírito do 29 de Setembro:
“De todas as imagens que me marcaram na manifestação contra o coiso, uma vai ficar gravada para sempre na minha memória: uma jovem com a perna direita amputada à altura do joelho, que, apoiada em duas muletas, descia a Ladeira da Barra. Meu lado jornalista até que me cochichou: "Vai lá, entrevista ela, pega um depoimento bacana. Vê quem é ela, tira do anonimato. Conta sua história...". Preferi seguir meu lado mulher. Entendi que aquela moça, vestida em uma blusa rosa, era eu, minhas filhas Luciana Rodrigues e Pauline Bispo, minhas amigas Mônica Bichara, Regina Celia Souza, Isabel Santos, Graça Azevedo, Iracema Santos, Dani Bastos, Carla Bahia, Olívia Soares e tantas outras que desciam comigo a ladeira atrás do trio. Quanta dignidade! Quanta determinação...”.

Te amo ainda mais por isso, Jaci. Éramos todas ali representadas e representando outras tantas (e outros tantos) que não puderam ir. Além das queridas amigas já citadas por Jaci, acrescento ainda o orgulho de andar lado a lado com minha filha Liz e minha irmã Ilka; a comadre Joana D´arck e a filha Nana; as sobrinhas Marina, Thaís (Soares), Bia, Bruna e Taís; as amigas Deta, Carmela, Socorro, Cely, Clarissa, Kardé, Suzana, Clarice, Margarida e Aidê; as primas Carol, Nádia, Miriam e Núbia.
Além disso, muito bom encontrar na luta a senadora Lídice da Mata, a deputada federal Alice Portugal, a secretária de Políticas para Mulheres - Julieta Palmeira, a vereadora Aladilce, Olívia Santana, a jornalista e amiga Maíra Azevedo (Tia Má).....e muitas outras mulheres igualmente empoderadas que não conseguimos encontrar como Ana Terse, Sônia, Soraia, Esther e Katinha; Zezé e Joeta..... 




Sem falar nas queridas amigas, sobrinhas e sobrinhos que também marcharam contra o fascismo em outras cidades: a cunhada Célia e meu irmão Léo e a cantora Kareen, em Feira de Santana; as amigas Anita e Paula, em Cícero Dantas; Manu, Tarsinho, Andréa e as crianças, em Londres....  




Renato Souza, obrigada pela presença, solidariedade e fotos lindas como essa próxima.  Só a palavra EMOÇÃO descreve.



Só pra historiar a motivação pra tanta indignação, capaz de unir direita e esquerda no mesmo propósito de derrotar sua pretensão de chegar ao poder máximo do Brasil, vou enumerar algumas frases do COISO que justificam essa aversão por quem tem apreço à democracia. E que definem bem a falta de respeito escancarada do candidato por todos que não pensam igual a ele:

1-    Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? "Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade..." (entrevista a Zero Hora em fevereiro de 2015);

2-    “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher. (Palestra no Clube Hebraica, abril de 2017);

3-    Para a deputada Maria do Rosário: "Ela não merece ser estuprada porque ela é muito feia, não faz meu gênero”;

4-    "O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro ele muda o comportamento dele” (Em programa da TV Câmara em novembro de 2010);

5-    “Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater” (Em entrevista sobre uma foto do ex-presidente FHC ter posado em foto com a bandeira gay e defendido a união civil, em maio de 2002);

6-    “90% desses meninos adotados vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza desse casal” (Em vídeo reproduzido no programa de Danilo Gentily, sobre adoção por casais gays);

7-    "Eu fui num quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles" (Em palestra no Clube Hebraica, abril de 2017);

8-    “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu” (À Preta Gil, quando questionado sobre o que faria se seu filho se apaixonasse por uma negra. Março de 2011);

9-    Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso” (A um programa de TV, em 1999). E “O erro da ditadura foi torturar e não matar” (Em entrevista no rádio, em junho de 2016);

-“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corrutos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso” (Em programa de TV, em maio de 1999);

11 -“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff...." (abril 2016, votando a favor do impeachment de Dilma;

12- “Esse dinheiro eu usava pra comer gente” (em entrevista à TVFolha sobre auxílio moradia”.











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Esperamos que o coiso (e todos os políticos e machistas) tenha pelo menos aprendido com o mar lilás e roxo que inundou as ruas do país, ontem, que RESPEITO É BOM E NÓS GOSTAMOS





















Comentários

  1. Perfeito. Se melhorar este texto, estraga. Você disse tudo. Eu só acrescentaria o luxuoso apoio de homens que ficaram na retaguarda e permitiram que suas mulheres (mães, irmãs, filhas, sogras, companheiras) pudessem estar plenas na nossa manifestação. Paulino, meu companheiro, e Caio, um de meus netos, entre eles. Orgulho de ser sua irmã gêmea por parte do coração. Todos juntos, #EleNão

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  2. Vou com a relatora, minha amiga/irmã Jaci. Perfeito, Monca. Que nós, mulhere retadão, continuemos indo às ruas, lutar por nossos direitos, exigir respeito..., sempre com apoio de homens serios#EleNunca

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  3. Onde já se viu tanta mulher na rua para protestar! Apois! Entramos pra história. Boa sacada esse título Mônica! Esta é a Primavera Feminista para ficar na história. Em Salvador, como e todo o país, fomos pras ruas como mulheres que se respeitam, sabem o seu valor e a responsabilidade que têm com o destino do Brasil, pois não somos maioria no poder, mas somos 53% do eleitorado e podemos decidir as eleições.
    É bom lembrar que o #ELENÃO aconteceu no dia em que o grupo virtual no Facebook completou um mês, já alcançando a marca do 4 milhões de seguidoras e foi capaz de motivar e mobilizar milhares em todo o país. O grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro foi criado pela baiana Ludimilla Teixeira, de 36 anos, que esteve presente na manifestação e falou, no Farol da Barra, de cima do trio, sobre como e porque esse movimento ganhou tanta força. "Só acendi o fósforo desse barril de pólvora", ela disse definindo muito bem o que estava para explodir, essa indignação geral de mulheres, dos negros e negras, dos povos indígenas, da comunidade LGBT e de todas as minorias que esse candidato do PSL tanto despreza, como comprovam as suas declarações, muito bem lembradas pela nossa bilhante colaboradora e sócia deste blog. Mais uma vez, parabéns pela grande cobertura. Valeu! #ELENÃO

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  4. Excelente iniciativa na criação deste blog.
    Agradeço pelo credito em minha foto, onde coloco a disposição todo o acervo fotográfico da cobertura deste dia histórico em Salvador onde, segundo meus cálculos e em parceria com o comando da policia militar, mais de 100 mil mulheres se fizeram presentes gritando em pelos pulmões #ELENÃO
    Foi lindo, foi maravilhoso ver tantas e tantos nas ruas protestando e exercendo seus direitos de cidadão em se manifestar.
    Precisamos de mais momentos como esse para escrevermos nossa historia de forma democrática
    #ELENÃO
    #ELENUNCA
    #ELEJAMAIS

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  5. Valeu querido, pelo incentivo e pelas fotos maravilhosas. Vc é um luxo

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