O clima era de virada nas ruas de Salvador na tarde de sexta-feira (26), de Ondina ao Farol da Barra. Pessoas de todas as tendências políticas, da esquerda à direita, defendiam a DEMOCRACIA e gritavam para todo mundo ouvir que "fascista aqui não se cria". Apesar de falarem em 100 mil, as fotos e vídeos mostram que tinha muito mais que isso.
E os jornalistas marcaram presença com a campanha "Jornalistas Unidos Contra o Fascismo" estampada em camisetas, faixas e cartazes. Um movimento que reflete a posição da maioria dos jornalistas baianos contra a ameaça de volta da ditadura, explicitada em manifesto do Sinjorba com mais de 340 assinaturas até agora (ver postagem anterior). Iniciativa que teve continuidade neste sábado com a formação de grupos de convencimento para conversar com eleitores indecisos nas ruas da cidade.
Viver toda a emoção da manifestação que levou milhares de pessoas às ruas, ao lado de tantas pessoas queridas, será inesquecível. Choramos, nos abraçamos, vibramos, comemoramos como se já fosse uma vitória. E não deixa de ser. Afinal, como bem disse o colega Alexandre Lyrio em postagem nas redes sociais, "Ganhamos!", independentemente do resultado das urnas (Segue o texto de Lyrio).
Texto de Alexandre Lyrio
Ganhamos!
"Jair Bolsonaro já perdeu essa eleição! Quando alguém vai para uma praça e serve uma xícara de café e um pedaço de bolo em troca de um bom papo sobre política, um papo sincero e delicado, qualquer forma de autoritarismo cai de joelhos diante da democracia.
Independentemente do resultado das eleições, vencemos! Essa campanha vai deixar um legado de união dos que não pensam no próprio umbigo, dos que querem um estado para todos. Perdeu a admiração por alguns parentes? Perceba quantas pessoas passou a admirar! Deixou para trás amizades antigas? Veja quantos novos amigos surgiram!
Olhamos para frente!
Famílias brasileiras!
Lembre-se que tradição rima com inclusão. Ou passou da hora de ser enterrada!
Deve ser horrível não ter esperança. Deve ser angustiante acreditar que um país só pode mudar na base da brutalidade. E que a violência só acaba com o uso de munição pesada.
Deve ser triste querer ter uma arma.
Deve ser perturbadora a necessidade de criminalizar o outro para garantir o seu. Deve ser desesperador viver com medo!
Do lado de cá, não temos medo de nada!
Nem do grito, nem do canhão!
Nem do milico, nem do patrão!
Sonhamos!
Queremos melhorar!
Nossas mães aceitam filhos gays!
Nossos homens querem ser menos machistas!
Nossas mulheres querem igualdade!
Nossos brancos não toleram o racismo!
Nossos negros querem liberdade!
Seguimos em frente e seguramos o rojão!
Bolsonaro já perdeu essa eleição!
Ganhamos!
Ganhamos luta pela frente!
Gostamos de lutar!
Em paz!"
Transcrevo aqui também outro texto publicado hoje pelo colega Arthur de Andrade, que traduz bem o que foi a caminhada de sexta. Em "Multidão...." Arthur conta como se sentiu à vontade em meio a tanta gente, apesar de ter pânico de multidões (Segue o texto).
Texto de Arthur Andrade
Multidão...
"Se ainda tem uma coisa q me assusta é multidão. Por isso relutei ontem pra encarar uma multidão entre Ondina e Barra, em Salvador, na caminhada com Haddad. E aconteceu o inesperado. Eram 100 mil pessoas mas não era uma multidão. Multidões n têm forma, nem diversidades. Multidões arrastam sem pena. Multidões sufocam gente como eu. Multidões comprimem, acossam, oprimem.
Mas o que vi ontem não tinha nada daquilo que via como multidão. Até perguntei pra amiga mexicana q me arrastou pro meio do bolo de gente. "Cadê a multidão?"
Todo o trajeto, não sei se 4 km, 5, não sei, eu estava em êxtase, emoção no corpo inteiro. Uma alegria, uma sensação de estrangeiro q aterrisa no lugar mais pacífico, leve, mais amoroso de um planeta distante.
Como pode 100 mil pessoas ser um grupo de amigos?? Todos ali cúmplices, cuidadosos com o outro, numa vibração de amor incondicional.
Um trompaço e um "desculpa aê". Gente q abria passagem pro cadeirante no meio daquele mundo de gente. Do pai com o filho nos ombros no meio daquele mundo de gente. Da idosa com bengalas no meio do mundo de gente.
Impressionante a tranquilidade dos amigos jogando baralho enquanto um mundo de gente, sons dos trios, emoções e risos passavam ao lado.
E do lado esquerdo o mar iluminado. E meu coração iluminado. Nunca imaginei viver essa experiência mágica de transformação das massas em pessoas. Da multidão em respeito, em abraços, inclusão, consciência.
Como alguém ainda pode optar pelo ódio? Como?
Talvez nunca tenha visto uma multidão".
Seguem mais fotos dos amigos, com colaboração de Manoel Porto, Elói Correia e outros colegas.
Ganhamos. Em união/unidade. Em fortalecimento da categoria. Que possamos manter essa trincheira contra o fascismo. Somos jornalistas e jamais compactuaremos com a barbárie.
ResponderExcluirIsso Jaci, ganhamos. E quem disse que seria fácil? Resistência é com a gente mesmo
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