Anízio Carvalho: patriarca do fotojornalismo
Era coisa de oito da noite ontem.
Um telefonema interrompe minha conversa com Gabrielli.
Anízio Carvalho.
Pouca gente sabe, não é meu velho?
Fomos vizinhos durante anos.
Estive em sua casa tem pouco tempo.
Me deu chance até de conhecer seus recantos sagrados, casinha de abrigo dos orixás, você tão da fé.
Olhei suas fotos, voltei a admirá-las.
Suas velhas máquinas fotográficas.
Ouvi, soube como se tornou mestre.
Como pôde registrar, documentar, eternizar tanta gente, a Bahia.
Como conseguiu iluminar o candomblé, trazer as grandes mães de santo de nossa terra para o centro do palco.
Sua casa é a mesma tem quantos anos?
Mais de cinquenta, com certeza.
A poucos metros de onde eu morei durante anos no Alto do Saldanha.
Ali, bati lage, ergui primeiro andar.
Vem daquelas paragens nossa amizade.
Jaciara costuma dizer: redação tem cheiro.
Sentiu o cheiro especial do "Jornal da Bahia" quando chegou tremendo a primeira vez ao prédio da Barroquinha.
A mim me impressionaram as fotos dando vida às paredes.
Você, Vigota, Catela, tantos outros, nos traziam o mundo.
Ora uma Fonte Nova, futebol alegria do povo.
Ora uma ocupação na periferia, sofrimento das gentes estampado no rosto de uma criança de olhos arregalados
Ora o carnaval.
Ao entrar na redação, instintivamente olhava para as fotos.
Me davam bom dia.
Ontem, você estava alegre ao telefone.
Você se viu ao lado de Isabel, fotografado ao lado dela.
Acompanhando-a e a Jaciara ao mundo das putas travestis cafetões máquina à mão cliques um atrás do outro Ravengar atento.
Não o sabia tão querido, paparicado, tão celebrado pelas meninas.
Elas sempre se sentiram abrigadas, protegidas por você.
Senti até uma ponta de inveja.
E você soube da presença nessa série graças à leitura carinhosa e emocionada de sua mulher.
Pelos olhos dela.
Não está ainda fotografado, celebrado como merece.
Você é pelo talento o patriarca dos fotógrafos.
Pelo talento e pela idade, pelo privilégio de ter uma longa trajetória nessa civilização chamada Bahia, por tê-la documentada com tanto carinho por meio desse seu olhar amoroso com o povo.
Foi este olhar o criador das milhares de obras de arte suas.
Você é surpreendente: ao longo de nossa convivência me contou coisas de um passado comum desconhecidas até de mim mesmo.
Porque vinculadas à repressão da época.
Eu apago.
Esse telefonema fez parar a história de Jaciara olhando pro diretor assim de soslaio depois daquela matéria das putas travestis cafetões.
Você merece essa pausa.
Merece mais.
Prometo às leitoras, leitores retomar amanhã.
Nem sei a razão de o diretor do jornal estar ziguezagueando pela redação.
Sei, isso sei: Jaciara estava feliz da vida com a repercussão da matéria com as putas travestis cafetões.
Com algum esforço, vamos descobrir a razão da presença do diretor.
Lembrar não é fácil.
Afinal, já lá se vão quase quarenta anos, era o dia 20 de setembro de 1982... #MemóriasJornalismoEmiliano
Um telefonema interrompe minha conversa com Gabrielli.
Anízio Carvalho.
Pouca gente sabe, não é meu velho?
Fomos vizinhos durante anos.
Estive em sua casa tem pouco tempo.
Me deu chance até de conhecer seus recantos sagrados, casinha de abrigo dos orixás, você tão da fé.
Olhei suas fotos, voltei a admirá-las.
Suas velhas máquinas fotográficas.
Ouvi, soube como se tornou mestre.
Como pôde registrar, documentar, eternizar tanta gente, a Bahia.
Como conseguiu iluminar o candomblé, trazer as grandes mães de santo de nossa terra para o centro do palco.
Sua casa é a mesma tem quantos anos?
Mais de cinquenta, com certeza.
A poucos metros de onde eu morei durante anos no Alto do Saldanha.
Ali, bati lage, ergui primeiro andar.
Vem daquelas paragens nossa amizade.
Jaciara costuma dizer: redação tem cheiro.
Sentiu o cheiro especial do "Jornal da Bahia" quando chegou tremendo a primeira vez ao prédio da Barroquinha.
A mim me impressionaram as fotos dando vida às paredes.
Você, Vigota, Catela, tantos outros, nos traziam o mundo.
Ora uma Fonte Nova, futebol alegria do povo.
Ora uma ocupação na periferia, sofrimento das gentes estampado no rosto de uma criança de olhos arregalados
Ora o carnaval.
Ao entrar na redação, instintivamente olhava para as fotos.
Me davam bom dia.
Ontem, você estava alegre ao telefone.
Você se viu ao lado de Isabel, fotografado ao lado dela.
Acompanhando-a e a Jaciara ao mundo das putas travestis cafetões máquina à mão cliques um atrás do outro Ravengar atento.
Não o sabia tão querido, paparicado, tão celebrado pelas meninas.
Elas sempre se sentiram abrigadas, protegidas por você.
Senti até uma ponta de inveja.
E você soube da presença nessa série graças à leitura carinhosa e emocionada de sua mulher.
Pelos olhos dela.
Não está ainda fotografado, celebrado como merece.
Você é pelo talento o patriarca dos fotógrafos.
Pelo talento e pela idade, pelo privilégio de ter uma longa trajetória nessa civilização chamada Bahia, por tê-la documentada com tanto carinho por meio desse seu olhar amoroso com o povo.
Foi este olhar o criador das milhares de obras de arte suas.
Você é surpreendente: ao longo de nossa convivência me contou coisas de um passado comum desconhecidas até de mim mesmo.
Porque vinculadas à repressão da época.
Eu apago.
Esse telefonema fez parar a história de Jaciara olhando pro diretor assim de soslaio depois daquela matéria das putas travestis cafetões.
Você merece essa pausa.
Merece mais.
Prometo às leitoras, leitores retomar amanhã.
Nem sei a razão de o diretor do jornal estar ziguezagueando pela redação.
Sei, isso sei: Jaciara estava feliz da vida com a repercussão da matéria com as putas travestis cafetões.
Com algum esforço, vamos descobrir a razão da presença do diretor.
Lembrar não é fácil.
Afinal, já lá se vão quase quarenta anos, era o dia 20 de setembro de 1982... #MemóriasJornalismoEmiliano
ResponderExcluirSimply wish to say the frankness in your article is surprising.Thanks for sharing.