Pai/autor de “My Little Ben”, o jornalista-poeta-músico-cantor-cronista
Adilson Borges é o personagem da vez da série #MemóriasJornalismoEmiliano, do
também jornalista-escritor-professor Emiliano José. Um mergulho que começa na
adolescência na Cidade Nova, quando descobriu a queda pelo jornalismo editando “O
Feto”, contando com repórteres que parecem saídos de ficção. Romildo e João Lourenço
entre eles. No dilema entre jornalismo e a música como profissão, a notícia
venceu. Que bom, comemoramos.
Mas que bom também que a viola, as composições, as cantorias não ficaram adormecidas. Sobretudo com a parceria do amigo e também
jornalista Paulo D´Antão. Entre as inspirações, músicas para os filhos mais
novos (são 5 ao todo, mais duas netas), Chico e Ben, do casamento com a querida Marília, que já dura 25
anos.
Ele conta: “Gravamos, eu e Dantão, uma música
juntos. Está no segundo CD dele, Pra lá
do azul do Rio Vermelho. A música é Sambando no Concreto. Fiz para ele e sobre ele, companheiro de
música e poesia e que já fez uma música para Chico, meu primeiro filho com
Marilia, quando ela estava grávida. É Anjo Poeta. Está gravada só por Dantão no
primeiro CD dele, Delenda Cartago. Há
pouco mais de quatro anos, Marilia grávida de novo, 17 anos depois do primeiro
filho, nos deu outro presente, uma música para Ben: Beija-flor e Querubim. Com
a delicadeza peculiar, pediu para eu fazer o último verso”.
Nas fotos que compõem essa postagem em homenagem a Adilson, destaque para a da festa de comemoração dos 40 anos de formatura, com muitos amigos queridos. Junto postei a letra da música que ele compôs para o evento, de onde foi tirada a frase "Parece que foi ontem", slogan do encontro.
É o próprio Adilson quem conta para historiar a escolha do tema: “Como não é todo dia que a gente faz 40 anos de formatura - nem 10 nem 20 nem 30-, fiz uma coisinha musical para marcar o evento.
Relevem a qualidade do som porque hoje, com Ben inquieto, estava difícil preservar o meu estúdio ( o banheiro).
Gosto da ideia do sorteio. Por isso, pensei em três nomes. Vocês podem votar em um deles ou em nenhum: Facom 40 graus, Zen 40 graus ou Facom Zen 40 graus. O vencedor pode me acompanhar no pandeiro.
Ah, elogios aceito-os públicos; críticas no privado . Beijos para todos.
Obs: Venceu Santuário dos Desejos, nome defendido por Oldack
Nas fotos que compõem essa postagem em homenagem a Adilson, destaque para a da festa de comemoração dos 40 anos de formatura, com muitos amigos queridos. Junto postei a letra da música que ele compôs para o evento, de onde foi tirada a frase "Parece que foi ontem", slogan do encontro.
É o próprio Adilson quem conta para historiar a escolha do tema: “Como não é todo dia que a gente faz 40 anos de formatura - nem 10 nem 20 nem 30-, fiz uma coisinha musical para marcar o evento.
Relevem a qualidade do som porque hoje, com Ben inquieto, estava difícil preservar o meu estúdio ( o banheiro).
Gosto da ideia do sorteio. Por isso, pensei em três nomes. Vocês podem votar em um deles ou em nenhum: Facom 40 graus, Zen 40 graus ou Facom Zen 40 graus. O vencedor pode me acompanhar no pandeiro.
Ah, elogios aceito-os públicos; críticas no privado . Beijos para todos.
Obs: Venceu Santuário dos Desejos, nome defendido por Oldack
Agora é com Emiliano José, pra não tirar o gostinho da
leitura. Vou tentar postar os links das músicas também
https://www.youtube.com/watch?v=MqEXFECmqT4
Sambando no Concreto (Adilson e D' Antão)
****************************************
Emiliano José
4 de fevereiro 2020
Coisa de louco
Foi o copidesque de "Lamarca, o Capitão da Guerrilha", escrito por mim e Oldack Miranda.
Esses dias, e somente esses dias, fui saber de um filho dele, talvez entrado já nos quarenta, de nome Emíliano.
Ao chamar um táxi, entro e ele pergunta:
- É Emiliano?
- Sim - respondo.
E ele:
- Também me chamo Emiliano.
Diz de quem é filho.
Compreendi
Liguei do carro mesmo:
- Nem me falou...
Sorriu.
Só.
É o que se pode chamar um sujeito alto astral.
Duas coisas sempre o marcaram: textos e música.
Adilson Borges confessa: tais territórios sempre apareceram embaralhados para ele.
Não sabe o que levou um ao outro.
Os textos o levaram à música?
Ou a música o levou aos textos, às letras das canções?
Não resolverá esse mistério jamais.
- O importante na minha trajetória profissional é ver como as duas coisas resultaram de uma inquietação intelectual que me levaram à música e ao jornalismo.
Violão, de ouvido, aprendeu em Itapuã, adolescente ainda.
Retornado à Cidade Nova, onde havia nascido, tendo a música já como dileta companheira, resolve, aos 18 anos, criar o jornal "O feto".
Brincadeira com o fato.
Levou o nome a sério: no editorial do primeiro número anuncia o fim do jornal ao completar nove meses.
Nascer.
Morrer.
Ele próprio escrevia a maioria dos textos, sempre numa perspectiva libertária.
Contava com apocalípticos poetas: Orlando Pinho e Emanuel.
Músicos como Roberto Ferreira.
Cronistas como João Lourenço, estudante de economia.
Poesia, cinema, literatura, racismo, o jornal continha tudo, a porra toda.
Não tinha vinculação partidária.
Vendido na Barraca de Pipa, ponto final de ônibus, Largo da Cidade Nova.
Pipa, o dono, de nome Enogno, isso mesmo, Enogno, era uma espécie de gerente d'O Feto.
Mimeografado, o jornal tinha inspiração underground, como o bonito e louco "Verbo Encantado", à frente Alvinho Guimarães e outros malucos.
Capas, lindos desenhos de Celso e Romildo.
A inspiração underground aí tornava-se mais evidente ainda.
Nas capas de Romildo, havia sempre uma figura humana com duas ou três cabeças, uma frontal, outra ou outras lateral.
Senha de identificação de seu mundo esquizofrênico e epiléptico, como ele próprio se diagnosticava.
Consciente de si, Romildo encontrava um jeito de enfrentar as crises quando insuportáveis: pegava algumas poucas mudas de roupa e internava-se num hospício.
O jornal era coisa de louco.
E Romildo não cabe num capítulo.
Uma noite...
#MemóriasJornalismoEmiliano
Emiliano
José
5
de fevereiro 2020
Duelo de espadas
com Wagner
Romildo
era culto.
As
capas feitas para "O Feto" deixavam trair sua cultura.
Gostava
de música erudita.
Cultivava
leitura, mergulhava nas literaturas.
Identificava-se
com os "epilépticos e esquizos", no registro de Adilson Borges, como
Dostoiévski.
Apaixonado
por artes plásticas.
E
pelo Cemitério da Quinta dos Lázaros.
Perambulava
por lá quando lhe dava na telha.
Lá,
todos devem saber, está o túmulo de Carlos Marighella.
Numa
visita, à noite, que, convenhamos, cemitério fica mais sugestivo à noite,
Romildo sentiu um sono da gota serena, daqueles cujo único jeito é deitar e
dormir.
Olha
para um caixão solitário, o cadáver seria enterrado no dia seguinte, ninguém o
velava.
Não
era afronta.
Só
uma noite.
Tirou
o cadáver, colocou-o num banco ao lado,
deitou
no caixão.
Dormiu
gostosamente.
De
manhã, gritaria.
Não
atinava o porquê.
Pra
que tanto grito?
Escândalo.
Tiraram-no
do caixão, caso parou na delegacia.
O
jornalista de "O Feto" só andava a pé.
Caminhava
diariamente da Cidade Nova à Baixa do Bonfim, onde moravam uns parentes.
Lavava
carros, pintava quadros, decorava paredes, o diabo a quatro, se virava nos
trinta.
Tinha
ousadias.
Contou
uma delas a Adilson.
Surrupiou
uma espada da casa dos parentes.
Calma.
Era
para um objetivo nobre.
Muito
nobre.
Iria
desafiar Richard Wagner para um duelo.
Havia
pensado num duelo de capoeira.
Desistiu:
-
Disputa de capoeira ele não toparia porque era metido a aristocrata.
Não
houve o duelo.
O
contendor não apareceu.
Covarde,
havia morrido desde 1883.
No
dia 13 de fevereiro.
Tinha
uma relação de amor e ódio com Wagner.
Sabia
reproduzir introduções de várias obras dele.
Uma
vez, Adilson o convida para um concerto de música erudita na Reitoria da UFBA.
De
graça.
Foi
a primeira vez a vê-lo sem bermuda.
Todo
composto, calça comprida.
Adilson
grita:
-
Vamos correr. A gente pega aquele ônibus saindo agora.
Romildo
estancou:
-
Adilson, você não sabe que eu só ando a pé?
Foram
e voltaram a pé.
Da
Cidade Nova ao bairro do Canela.
Uma
paletada da desgraça.
Romildo
não cabe em dois capítulos.
A
redação montada por Adilson era coisa de louco...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Marilia Pessoa: Parabéns,
Emiliano, se Romildo lesse essas histórias ficaria desconfiado. Depois,
adoraria!
Emiliano José: Marilia Pessoa
Obrigado. Beijo
Jose Alcino Alcino: Companheiros, te
desejo Saúde pra gozar a vida.
Emiliano José: Jose Alcino
Alcino Obrigado, companheiro!
Vera Barbosa: 🎶👏👏🎶Parabéns, meu
querido irmão!
Emiliano José: Vera Barbosa
Queridíssima irmã, obrigado. Beijo carinhoso.
Eli Eliete: Beleza!
Mônica Bichara: Muito bom esse
repórter do Feto, imaginando as aventuras q vêm por aí
-----------------------------------------------------
(Com vários colegas do JBa, início de carreira, antes das mulheres invadirem as redações: Rafael Pastore, Pedro Augusto. L.A., Fred Passos, Luiz Sérgio, Muniz.....)
Emiliano José
6
de fevereiro 2020
Ratos roendo o
travesseiro e quebrando os dentes
Desde
cedo, Adilson Borges sabia agrupar amigos.
Neste
caso, para fazer "O Feto", jornalistas.
O
talento de cada um era o da vida.
Não
perguntava por diploma.
Nem
queria saber se era normal.
Afinal,
de perto alguém é normal?
Assim,
o ilustrador das capas, nosso Romildo.
Alguns
leitores estão imaginando-o saído de alguma peça de ficção.
Ou
atribuindo-me criatividades inexistentes.
Tenho
imensa inveja dos devotados à ficção.
Dos
bons, claro.
Então,
aos incrédulos, garanto: Romildo é personagem de carne e osso.
Adilson
Borges, nos seus mais de 60, está cheio de juventude e não me deixa mentir.
A
propósito, sem querer incomodar o leitor com digressões, levei uma suave bronca
dele esses dias.
Assisti
a um vídeo dele brincando com um menino.
O
garoto não devia ter então nem três anos, creio.
Liguei
pra ele por outra razão e o cumprimentei pelas brincadeiras com o neto.
-
Porra nenhuma, é meu filho - disse, às gargalhadas, e falando sério.
Jovem,
jovem, o Adilson.
Ele
gostava demais de Romildo.
Não
o via como louco.
-
A loucura é um rótulo colado em quem não se ajusta à sociedade.
Romildo
era um artista, apenas um artista.
Louco
para se revelar ao mundo, sem anseios de estrelato.
Daí,
suas incríveis capas de "O Feto".
Era
um intelectual, e uma alma incomum para os padrões dominantes.
Ele,
no entanto, fazia de tudo para contrariar Adilson: queria porque queria
demostrar fosse louco.
Como
se dissesse fosse loucura a teoria adilsoniana.
Não
comia o reggae de Adilson.
Era
louco.
Ponto
final.
Vivia
anunciando:
-
Vou me matar!
Adilson
já trabalhava no "Jornal da Bahia", chega em casa e encontra o amigo.
Sentado
na sala, um travesseiro debaixo do braço.
Olhos
esbugalhados, injetados de pedidos de misericórdia.
Meteu
a mão na fronha, mostrou pedaços de concretos escondidos dentro do travesseiro.
Explicou:
-
Quando os ratos vierem roer o travesseiro, acredite eles vivem atrás de mim
para roer o travesseiro, vão quebrar os dentes.
Nos
lampejos de lucidez, sorria meio sem graça, e perguntava a Adilson:
-
Ainda acha que não sou maluco?
Adilson
firme:
-
Você não é maluco...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIO
Adilson Borges: O rapaz em
apreço é Benjamim (foto), o mais novo dos meus cinco filhos. É lindo. Tem
quatro anos, e uma sensibilidade irresistível
Emiliano José: Adilson Borges O
mesmo nome do neto do nosso querido amigo comum, Oldack Miranda, recém-nascido.
Emiliano José: Chega certamente
com a mesma sensibilidade.
Adilson Borges: Parabéns,
Oldack.
Mônica Bichara: HAHAHAHA Adilson
Borges é a única pessoa que conheço a levar 20 anos pra ter outro filho COM A
MESMA ESPOSA. Parabéns, Marília, Benjamim é lindo. Essa é retada mesmo. 😜😜😜😜😜 ficou com
preguiça de fazer antes, agora ele que explique que não é vô
Gorette Brandão: Emiliano,
ofereça prova de que esse personagem existiu mesmo. É coisa de escritor muito
criativo! Não basta citar Adilson, que vcs podem muito bem estar “culiados”
nessa invenção.
Emiliano José: Gorette Brandão
Coisa de Adilson. Eu vou criando em cima, que o personagem ajuda...
Adilson Borges: Gorette Brandão,
querida. Não acrescentei uma vírgula à realidade, acredite.
Gorette Brandão: Adilson Borges,
então esse homem era um assombro!
Adilson Borges: Gorette Brandão
, assombro total!
Joaquim Lisboa
Neto:
O andarilho urbano
Carmela Talento: Cada história
melhor do que a outra
-----------------------------------------------------
Emiliano José
7
de fevereiro 2020
Crônica de uma
morte em silêncio
Romildo
anunciava com frequência:
-
Vou me matar!
Adilson
Borges nem acreditava nem desacreditava.
Vai
que...
Nosso
protagonista lembra, guarda parecença com Santiago Nassar, notável personagem
de Gabriel García Márquez.
Todo
mundo sabia: seria morto pelos irmãos de Ângela Vicário, desonrada por Nassar.
E
não havia o que fazer.
Era,
foi a crônica de uma morte anunciada.
Assim,
Romildo.
Não
morreria de velho.
Cuidaria
de decidir o momento de partir.
Pudesse,
Adilson evitaria.
Um
dia, deixou um bilhete.
Gostara
do texto de Adilson sobre um filme.
Iria
assisti-lo.
Encerrava
dramaticamente:
"Terminada
a sessão, me mato dentro do cinema".
Lido
o bilhete de letras miudinhas, Adilson sentiu sumir todo o cansaço de um
estafante dia de trabalho e se picou para o cinema da Biblioteca dos Barris.
Entrou
com a sessão já no fim, todo mundo saindo.
Olhou
cadeira por cadeira, até debaixo de cada uma.
Nada.
Nem
sombra dele.
Ainda
não fora desta vez.
Voltou
para a Cidade Nova.
Era
tarde da noite, mas ainda assim, ressabiado, procurou os familiares, donos de
uma farmácia, e que moravam nos fundos dela.
-
Faz pouco tempo, levantou, bebeu água, mijou e voltou para a cama.
O
bilhete sumiu no vaso sanitário da casa de Adilson.
Olhando
para a dança da água na sentina, Adilson murmurou entredentes:
-
Qualquer outro aviso, fico na minha. Tá brincando comigo, porra.
Dia
seguinte, Romildo nem parecia o candidato à morte de poucas horas atrás.
Louco
varia de humor.
E
quem não varia?
E
louco tem sentidos aguçados.
Provável
tenha ouvido a imprecação do amigo querido.
De
fato, incomodava muito.
Não
iria mais deixar bilhetes.
Não
faria mais anúncios.
Apareceu
morto no fundo da farmácia.
Um
coquetel de medicamentos recolhidos pouco a pouco foi suficiente para fazer a
ultrapassagem.
Seguiu
para o reino dos encantados em silêncio.
Sem
incomodar os amigos.
Que
porra tinham eles com sua loucura? - provavelmente refletia.
Não
poderiam dizer não tivessem sido avisados.
Da
loucura e do desejo de partir, livrar-se desse vale de lágrimas
Em
Adilson, ficou imensa saudade.
Terna
lembrança.
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Adilson Borges: Li com discretas
lágrimas, Romildo teria hoje uns 75 anos de dor e êxtase !
Gorette Brandão: Amei conhecer
Romildo por meio das memórias da dupla Emiliano/Adilson.
Emiliano José: Gorette Brandão
Adilson e eu, honrados.
Emiliano José: Os erros, só
meus.
Mônica Bichara: História
fantástica
-----------------------------------------------------
(Formatura, com Rêmulo Pastore)
Emiliano José
8
de fevereiro 2020
Triste Bahia, oh
quão dessemelhante...
Cronistas,
Adilson Borges gostava deles.
E
foi sabendo: estavam ali, vizinhos.
Dinheiro,
não havia.
Pagar,
nem pensar.
Então,
buscar amigos.
Caçar
talentos por ali.
Encontrou
João Lourenço.
Estudava
Economia.
Descobriu
nele um cronista de mão cheia.
Culto.
Inteligente.
Filho
de dona Olga, uma negra enorme, simpática até mais não poder.
A
Adilson, parecia viúva.
Ou,
separada do marido.
Nunca
soube nem quis saber.
Encantou-se
com o zelo, o cuidado dela com os filhos, João Lourenço e Paulo, aos quais
propiciou educação primorosa.
Adilson
a conheceu e aos filhos quando foi morar com a vó na Cidade Nova pra completar
o curso primário.
Daí
em diante, pegou de amizade, especialmente com João Lourenço.
Dele
se dizia ter sido preso no Largo da Cidade Nova, no golpe de 1964.
Ganhou
logo a liberdade.
Adilson
não sabe se foi torturado.
João
Lourenço não tocava no assunto.
Quando
topou colaborar com "O Feto", a amizade cresceu e a admiração de
Adilson por ele também.
Inteligência
viva, jeito despretensioso, conhecimento de economia, de política, de cultura.
Conversavam
muito.
Adilson,
aprendendo.
Quando
surge "Transa", em 1972, João Lourenço considera tenha Caetano
encetado um flerte do tropicalismo com o folclore, sobretudo a partir de
"Triste Bahia", considerada a melhor música do álbum pelo próprio
Caetano.
Gregório
de Matos assume a cena na voz de Caetano.
Triste
Bahia, oh quão dessemelhante...
Foi
uma conversa.
Essa
crônica perdeu-se.
Ele
nunca quis escrever.
Mas,
escreveu várias.
Não
há arquivos d'O Feto'.
Seu
criador resolveu dar-lhe nove meses de vida, cheio de metáforas que é, de
simbolismos.
Os
arquivos, como diz a moçada, quem souber morre.
Não
há.
Guardados
na prodígiosa memória de seu redator-chefe.
Hoje,
quando fala do feto morto, desfia saudades.
Carinho.
Tristeza
pelas perdas.
Como
a de João Lourenço.
Um
amigo.
Um
mestre.
Da
academia d'O Feto', inesquecível academia.
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Mônica Bichara: Eitcha que esse
tem causo
Adilson Borges: Viver é acumular
casos, Mônica querida. Viver muito, então ...
Isabel Santos: Por isso, vamos
acompanhar essa sua rica trajetória, para conhecer muita coisa, recordar,
aprender...viver. Viva #MemoriasJornalismoEmiliano, viva você, meu amigo
Adilson Borges.
-------------------------------------------------
Emiliano José
9
de fevereiro 2020
Não deixe esta
chama se apagar
Pobre
d'O Feto'.
Havia
sido abortado havia dois anos.
Vina,
a namorada, estava grávida.
Contou
a Adilson Borges.
Passado
o susto, começa a matutar.
Sente
o peso da idade adulta.
Precisa
se mexer.
Conversa
com a namorada disse tudo vai certo tranquilizou-a.
Havia
lido numa revista: é possível trabalhar em jornal como foca sem ter registro
profissional ou curso superior.
Com
23 anos, chega à sede do "Jornal da Bahia" ali pelas 20 horas.
Apresenta-se
ao plantonista.
Branco,
quase louro, sobrenome Vita - não era Fernando Vita.
Atende
Adilson com surpreendente delicadeza.
Nem
esperava tanto cuidado, atenção, gentileza.
-
Sei escrever. Quero trabalhar.
Conversou,
explicou ser melhor vir outro horário.
Porta
aberta.
Volta
dia seguinte.
Sai
de lá como vendedor de assinaturas do jornal.
A
perseguição de ACM estava no auge.
Governador
indicado pela ditadura, ameaçou, constrangeu todos os anunciantes, e o jornal
ficou à míngua.
De
400 trabalhadores, passou para 181.
A
campanha "Não deixe esta chama se apagar" foi lançada em 1972.
Campanha
de assinaturas.
Obteve
resposta da população.
A
circulação aumentou.
O
jornal respirou.
Adilson,
nas ruas, vendendo jornais.
A
barriga de Vina crescia.
Nele,
crescia o desejo de ser jornalista.
Senão,
viver de música.
Faz
o vestibular da UFBA.
Na
primeira etapa, passa em Música e em Jornalismo.
Na
segunda etapa, perde no teste de teoria em Música.
Selado
o destino: Jornalismo.
Tiana
havia nascido.
1975
foi um ano feliz.
Perdeu
em Música, é verdade.
Mas,
durante o exame de Teoria Musical, experimentou uma emoção especial: Walter
Smetak, seu ídolo, o defendeu apaixonadamente.
Admitiu
que ele era fraco em Teoria Musical, mas acrescentou:
-
Ele sabe fázê, é o que importa, só não sabe o nome do que está fazendo. Depois
batiza - disse com seu sotaque suíço abaianado.
Perdeu
por 3x2.
Alívio:
Jornalismo.
Continuaria
com seu violão, tocando e compondo.
Em
1976, matricula-se na Escola de Biblioteconomia e Comunicação (EBC), da UFBA.
É
da minha turma de Jornalismo.
Comemoramos
quarenta anos de formados há poucos dias.
E
no mesmo ano, 1976, passa a revisor no "Jornal da Bahia", comandado
Dias - Carlos Dias da Cruz.
Em
1977, vai para a Revisão de "A Tarde".
Os
estudantes de esquerda da EBC reabrem o diretório.
Ele
assume o cargo de...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Mônica Bichara: Que bom que o
jornalismo ganhou a parada e nós ganhamos um dos mais completos jornalistas da
nossa geração. E a música continua companheira firme e forte
--------------------------------------------------------
(Na boamia com Oldemar Vitor, Jadson Oliveira, Vado Alves, Tião e Cesinha)
Emiliano José
10
de fevereiro 2020
A vida requer é
coragem
Adilson
Borges é escolhido pelo Diretório Acadêmico como representante dos estudantes
da EBC junto ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia, presidido por
Anísio Félix.
Estava
em "A Tarde", na revisão.
Começa
a pensar na vida.
Queria
não passar a vida toda enterrado ali.
Nenhuma
criatividade.
Só
repassar textos.
De
lascar.
Sem
titubear, pede demissão.
Louco
- muitos amigos reprovaram a iniciativa.
"A
Tarde" era disparado o maior jornal.
Sempre
um futuro promissor.
Deu
ouvidos, não.
A
vida, feita de escolhas.
Requer
coragem - Guimarães Rosa.
É
arriscada.
Por
isso, bela.
Volta
ao berço.
De
novo, "Jornal da Bahia".
Ganhando
menos.
Mas
na redação, seu sonho.
Formatura,
em 1980.
Em
1981, ingressa na Prefeitura de Salvador, âncora segura, de onde só sai
aposentado após 35 anos ralando.
Governo
Waldir, iniciação em tevê.
Na
TVE, aprende edição de TV.
TV
Aratu, Rádio Educadora, TV Itapoan - correu trecho.
Um
dos pioneiros do "Bahia Hoje': selecionou e treinou repórteres.
Não
esquentou cadeira: saiu antes do jornal ganhar as ruas.
Um
dia, voltou como editor de primeira página e editorialista.
Até
ser demitido, ele e mais dezenas de profissionais, após uma greve histórica de
mais de um mês.
Se
virava nos trinta.
Além
da prefeitura, trabalhava em jornais, TVs, rádio, publicidade, o que
aparecesse.
Garantir
o pão das crianças.
Subeditor
de Economia do "Jornal da Bahia", editor de Economia da "Tribuna
da Bahia", editor da "Gazeta da Bahia", braço da Gazeta
Mercantil no Estado.
Foi,
ainda, editor de Política d' "A Tarde", onde trabalhou 14 anos.
Fez
campanhas eleitorais, participou com a agência Link da eleição do primeiro
prefeito do PT em Itabuna, Geraldo Simões.
Escreveu,
para a Prefeitura, o livro "Política de Assistência ao Idoso na cidade de
Salvador".
Foi
diligente copidesque, do livro "Lamarca, o Capitão da Guerrilha",
escrito por mim e Oldack Miranda.
Recentemente,
escreveu "Zé do Trem na Estação de 1964", memórias do militante de
AP, José Carlos Arruti Rey.
Tem
história pra contar, o Adilson.
Se
acalmem.
Ainda
vem é coisa...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Mônica Bichara: Adilson Borges
fez "de um tudo" no jornalismo, o cara tem muito km rodado por
jornais, TVs, assessorias.....Tem que ser muito bom pra isso. E é desses quase
unanimidade, não conheço quem não goste. Esse tem história pra um ano de
"novela"
Mônica Bichara: Quero o livro,
Adilson Borges. Onde encontra?
Isabel Santos: Meu querido
Adilson (Adilson Borges). São muitos anos de feliz amizade com esse colega
competente, sério, ético, forte e seguro naquilo que acredita. Por onde passou,
nos cargos que exerceu, deixou sua marca positiva. Grande colega. Um paizão, um
avozão. Só elogios para esse ser de sorriso largo, bonito. Vou lá atrás ler os
outros textos de memória, sabendo que vou encontrar coisas maravilhosas
destrinchadas pela criatividade de #MemóriasJornalismoEmiliano.
Adilson Borges: Meus diletos e
minhas diletas. 😻Reconheço que no começo fiquei com
o pecado que o diabo mais gosta, a vaidade. Depois, fiquei assustado ao pensar
que eram história de um finado. Ou, para não ser radical , de alguém que chegou
ao fim de linha. De repente, alcancei o melhor momento: lia como se fosse a
história de outra pessoa. E esse é, para mim, exatamente, o ponto ideal da
relação com músicas que faço. Estão boas para ouvir e tocar quando não mais as
reconheço como minhas. Agora, percebo coisa diversa. Comecei a enjoar deste
personagem de quem ainda não sei todos os segredos. E nunca saberei.😹
Adilson Borges: Mas é bom
lembrar de algumas coisas edificantes. Por exemplo, quando estava no Jornal da
Bahia e o editor-chefe de então, Rômulo Pastore, chega para Levi, editor de
municípios, que me relatou o gu diálogo, e diz: “Sua editoria tem dois redatores.
Precisamos cortar um para reduzir despesas, mas não pode ser meu compadre
Lindsay” - figuraça que já se despediu deste mundo. O outro, cujo nome não foi
pronunciado, era eu. Aí é que se dá um exemplo de compaixão e desprendimento
singular. Nossa Isabel, solidária como sempre, me chama discretamente e propõe
troca de cabeça: ela sairia em meu lugar porque eu tinha filhos (três à época)
e ela ainda era solteira. Deu trabalho para ela aceitar minha recusa. E eu saí
do jornal mais feliz. A fé que sempre tive no ser humano ficou mais forte.
Beijo Bel!
Mônica Bichara: Dois queridos,
Adilson Borges e Isabel Santos. Que atitude linda, Bebel. Solidariedade é mesmo
a marca registrada dela. em todos os sentidos. Por isso que amo tanto essa irmã
que o jornalismo me deu
Isabel Santos: Beijo, amigo.
Emoção.
Isabel Santos: Beijo, irmã
querida.
-------------------------------------------
(Show 49 anos de. Chico Buarque)
Emiliano José
11
de fevereiro 2020
Vitória sobre
Malthus
Negro
gato.
Sete
instrumentos.
Da
música.
Da
poesia.
Do
amor.
Do
jornalismo.
Sete
vidas pra viver.
Pra
desfrutar.
Alegrar
o mundo com seu sorriso largo.
Um
violão debaixo do braço.
Dedilhar
e cantar - do que gosta.
Já
fez shows, ele e Paulo Dantão, enamorados de Chico Buarque, no Pelô, em Morro
de São Paulo.
De
vez em quando, chega e canta para as amigas, amigos.
Só
pra eles.
Um
privilégio.
De
amores, Adilson Borges fala sempre de um: Marília.
Crava
o ano do redescobrimento do amor: 1994.
Marília,
"mistura de força e delicadeza, política e poesia", tomou-o pelas
mãos, fez-se guia, iluminando seus caminhos.
E
lhe deus dois filhos: Francisco e Benjamim.
Quando
faz uma assembleia em casa e reúne Tiana, Saulo, Emiliano, e os dois, alimenta
um sentimento de vingança, de pirraça.
Só
alegria.
Cinco
filhos.
Derrotou
os malthusianos, povoou o mundo, fez uma ode à vida.
Benjamim
tem apenas quatro anos.
E
a vida segue.
Ninguém
há de adivinhar os próximos passos dos dois.
Ele
se delicia ao falar de sua vida de estudante.
Dessa
vida, não falará como costumam fazer os jornalistas.
Acostumados
aos fatos.
Presos
à objetividade.
Só
um mergulho onírico pode dar conta daquele tempo.
Só
a poesia.
Insiste:
só o mundo dos sonhos.
Jornalismo
é uma beleza.
Torna-se,
entretanto, uma prisão se você não acordar pra vida.
Necessário
se libertar das amarras.
Deixar
a verdade fluir de outras formas.
Adilson
deixa a imaginação mandar quando mergulha no oceano da sua escola de
jornalismo.
Quer
poesia.
"E
na escola La Nave va": foi buscar inspiração felliniana para hablar da
EBC.
Um
dia, fez um poema para Lívia, e usava a palavra lívida... e ele seguirá com seu
poema, os leitores terão paciência, que poesia não pode vir assim de supetão...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Mônica Bichara: Não sei quem
está mais poético nesse capítulo, se o contador ou a criatura. Texto delicioso,
Emiliano. Nosso personagem povoador do mundo merece
--------------------------------------------
(Redação da Tribuna da Bahia, de costas, quando editava Economia, com Liliana Peixinho, Urbano e Araken)
Emiliano José
12
de fevereiro 2020
La Nave va
Saber,
difícil.
O
que teria levado Adilson Borges a evocar Fellini e seu La Nave va?
Quem
souber morre, brinca a juventude.
No
navio, excêntricos amigos da cantora de ópera Edmea Tetua, cujas cinzas serão
jogadas na Ilha de Erimo, onde ela nasceu, convivem.
Um
jornalista registra tudo.
Refugiados
sérvios são acolhidos.
É
1914, à beira da I Guerra Mundial.
O
filme é de 1983.
E
na escola, na EBC, La Nave va.
Não
se diga poesia propriamente.
Quase-crônica,
melhor.
Começando
pelo fim, lembra de um poema feito para Lívia quando usa a palavra lívida, não
se sabe se a sugerir rima pobre.
Esse
texto - La Nave va - era também uma homenagem à mesma Lívia, oradora da turma,
e que se mandou pra São Paulo logo formada e que voltava para uma visita aos
amigos depois de tanto tempo.
O
primeiro dia a gente nunca esquece.
Numa
manhã estranha de 1976, sol quente, eles caminhando na Federação para fazer a
matrícula na EBC.
Eles,
quem?
Shirley
Pinheiro, com sapato de fivela.
Érico
Oliveira, guarda-chuva no braço.
Os
três, já no RU, matando a fome.
Érico
se explica: guarda-chuva é preventivo.
Sempre
pode cair uma chuvinha ou temporal e cautela e caldo de galinha não fazem mal a
ninguém.
Adilson
estranha o silêncio de Shirley.
-
Em minha terra, no interior, me ensinaram não falar durante a refeição.
Da
boa educação, deve ter completado.
Deixa
queto.
La
Nave va, e Adilson se recorda de Rui César de havaiana.
Que
diabo ele faz? As unhas do pé estão sempre limpas.
Rui
será o primeiro presidente da UNE depois do golpe de 1964, eleito em 1979,
congresso realizado na Bahia.
Adilson,
na EBC, o via dirigindo as reuniões para reabrir o diretório com nome de
Vladimir Herzog.
La
Nave va, e a memória resgata vestidão de alça no corpito de Socorro:
"Help
para quem queria se aproximar, e o cheirinho de álcool e tabaco de Pedro
Augusto. Eta casal bonito!"
Pernas,
ora, as pernas torneadas de Tânia.
Olhos,
os olhos claros de Zé Américo, poeta de Ipiaú.
La
Nave va, lembra:
"Do
cabelão de Emiliano, camisa por dentro das calças sempre. Da barba cerrada sem
um fio branco e da impaciência de Oldack."
La
Nave va, Oldack pegado de namoro com Alice, "a primeira mulher ruiva de
quem cheguei perto, na minha casa subterrânea e já com duas crianças em Cidade
Nova".
La
Nave va, e Dalton Godinho assalta a memória.
Recém
saído da prisão, dormiu com uma companheira em sua casa depois de uma panfletagem.
De
manhã, Vina, mulher de Adilson, mostra o bilhete curto deixado no sofá:
"Obrigado,
companheiro".
A
noite foi boa.
La
Nave va...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Socorro Araújo: Por que será que
apaguei tantas lembranças e sempre que alguém fala desse corpitcho com vestido
de alça parece que é outra pessoa? Queria ganhar na loteria, fazer uma festa e
convidar toda essa gente que aparece nessas memórias. Os que não estão mais por
aqui, Pedro, Rui, Vicente, Irecê..., a gente botava umas fotos. Sonhos...
Emiliano José: Socorro Araújo
Aí, escreva sobre essa festa...
Mônica Bichara: Aprovado, vamos
produzir Socorro Araújo
Adilson Borges: Boa ideia
Mônica Bichara: Quanta gente
querida numa memória só
Adilson Borges: A pedido, segue
o artigo que deu origem às artes de Emiliano:
E na escola Lá Nave va
Começo
pelo fim: me lembro de um poema que fiz para Lívia e usava a palavra
lívida.
Agora
reinicio: recordo o primeiro dia.
Uma
manhã estranha como a de hoje, em 1976, Shirley Pinheiro, com sapato de
fivela, e Érico Oliveira com guarda-chuva no braço, Sol quente e a gente
caminhando na Federação para fazer a matrícula.
Agora
estamos no RU e Érico revela que o guarda-chuva é preventivo e Shirley explica
seu silêncio: em sua terra, no interior, lhe ensinaram que não se fala durante
a refeição.
Me
lembro de Rui Cezar, sempre de havaiana (que diabo ele faz que as unhas
do pé ficam limpas?) e no comando das reuniões para reabrir diretório com nome
de Vladimir
Herzog.
Corta.
Jorginho maquina e é eleito presidente do
diretório e eu assumo o pomposo cargo de representante dos estudantes da EBC no
sindicato dos jornalistas.
Os
vestidões de alça no corpito de Socorro, Help para quem queria se aproximar, e
o cheirinho de álcool e tabaco de Pedro Augusto. Eta casal bonito!
Das
pernas torneadas de Tânia, do olho claro de Zé Américo, Ipiaú. Do cabelão de Emiliano,
camisa por dentro das calças sempre. Da barba cerrada sem um fio branco e da
impaciência de Oldack.
E
do seu namoro com Alice, a primeira
mulher ruiva de quem cheguei perto, na minha casa subterrânea e já com duas
crianças em Cidade Nova. Onde Dalton Godinho, recém-saído da
cadeia, dormiu com uma companheira, após a gente ter feito panfletagem.
De
manhã cedo, minha mulher espera eu acordar para me mostrar um bilhete curto que
achou no sofá:
"Obrigado,
companheiro".
Da
sopa de verdura na casa de Mércia (?), ex de Emiliano. Ela ia
dormir e eu e Oldack esticávamos a jornada escrevendo Lamarca: O Capitão da Guerrilha.
Uma
dúvida: eu realmente já conhecia Carlos
Ribeiro? Claro, de Itapuã. Ou não?
Mistérios:
como Einar,
de voz sex, podia ser tão calma e arrumada no meio daquele turbilhão?
E
Raimundo
Vieira, cadê? Abandonou a escola? O que aquela freira sacramentina que
me vendeu uma histórica máquina remington estava fazendo certa feita perto de
uma roda de maconha na árvore ao lado da cantina de Beré?
Lembranças
soltas: aulas com Fernando Rego em São Lázaro, ele provocando nossa cabeça e
conversando/ironizando com Matildes. Antônio Dias endeusado,
eterno paraninfo das k
O
incrível caso de Setaro, que, com menos de seis meses como estudante na EBC,
virou professor. Pulou da plateia para o palco por falta de mestre para ensinar
Cinema.
O
Inimigo do Rei com a manchete "Além de preto, bicha"- frase que teria
sido usada por Reynivaldo Brito, em sala de aula, contra o estudante Amilton
(ou Hamilton?) Vieira.
Festa
com Rita Lee cantando Lança Perfume, Gil cantando Realce, Caetano com Odara. E Ruy
Espinheira se alinhando com Henfil na crítica aos tropicalistas.
Minha
amizade de cachaça (ele no uísque, eu na cerva), arte (especialmente fotos,
cinema e música - ele gostava de me ver cantando com o violão) com Oldemar
Victor.
Luís Nova me mostra seus poemas engajados, como se
dizia na época.
Jorginho
rasga o discurso de Antônio Jorge Moura, que queria ser orador da turma, e bota a
culpa em mim.
A
camisa preta que minha irmã me deu para a formatura. A recusa de Beraldo
de fazer o juramento com o braço estendido feito alongamento na academia. A
oradora da turma com voz macia no discurso duro.
Lívia
voltou, então, chega de saudades. O meu poema para Lívia terminava assim:
"Pode
não parecer, mas em tempos como o nosso, essa é uma verdadeira canção de amor/
amizade"
--------------------------------------------------
(Com Dom Gílio)
Emiliano José
13
de fevereiro 2020
Freira na roda de
maconha
La
Nave va.
Os
poetas seresteiros cantores nem sempre são compreendidos.
Adilson
Borges, um deles.
Esse
texto "E na escola La Nave va" tenta capturar a EBC, a hoje Facom,
com olhar de cronista-poeta.
O
leitor siga junto.
Ele
mergulha no passado em meio a nuvens.
Volta
até às noites de rigoroso e competente copy quando em minha casa, no Alto do
Saldanha, ele, eu e Oldack nos debruçávamos sobre a jornada de Lamarca.
Dali
saiu, em 1980, "Lamarca, o Capitão da Guerrilha", hoje na 17ª edição.
La
Nave va.
No
meio de nuvens, pergunta se então já conhecia Carlos Ribeiro.
Claro,
de Itapuã.
Ou
não?
As
nuvens atrapalham.
La
Nave va.
A
vida, cheia de mistérios: como Einar, de voz sexy, podia ser tão calma e
arrumada no meio daquele turbilhão?
E
cadê Raimundo Vieira?
Abandonou
a escola?
La
Nave va.
E
envolvido pelo nevoeiro, às vezes parecia fumaça fumacê, tinha miragens:
"O
que aquela freira sacramentina, sim, ela mesma, a que me havia vendido uma
histórica máquina Remington, fazia numa roda de maconha na árvore ao lado da
cantina de Beré?"
Não
parece Fellini fazendo das suas?
La
Nave va.
Aulas
em São Lázaro, tínhamos aulas por lá.
O
encontro, mágico para todos nós, com o notável professor-filósofo Fernando
Rego.
Fazendo
todo mundo pensar, arreliando Matilde, um provocador permanente, raro
professor.
Lembro-me
dele me provocando, mandando fosse a Marx, primeiro volume de O Capital,
destrinchar os segredos da mercadoria, valor de uso, valor de troca.
Fui.
La
Nave va.
O
endeusado professor Antônio Dias, eterno paraninfo das turmas de esquerda.
O
incrível caso de André Setaro: com menos de seis meses como aluno na EBC, vira
professor.
Da
plateia para o palco.
Por
falta de mestre para ensinar Cinema.
La
Nave va.
O
"Inimigo do Rei" escandalizando com a manchete:
"Além
de preto, bicha".
A
frase teria sido usada pelo professor Reynivaldo Brito em sala de aula contra o
estudante Hamilton Vieira.
La
Nave va...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Mônica Bichara: Quanta saudade
da cantina de Beré kkkkk (da EBC também, claro). As farras com garrafão de
vinho Frei Vinícius, que a grana não dava pra luxo de cerveja - Beré escondia
em meio aos refri. E o querido Hamilton sempre presente. Quando ele sofreu essa
baixaria, a notícia espalhou feito pólvora pela rádio corredor
-------------------------------------------------
(Sempre o samba)
Emiliano José
14
de fevereiro 2020
Chega de saudades
La
Nave va.
Adilson
Borges e Lança Perfume e Rita Lee.
Ela
no auge.
Realce,
Gil.
Caetano,
Odara.
Ruy
Espinheira aliado com Henfil na crítica aos tropicalistas.
EBC
e o espírito do tempo.
La
Nave va.
Amizade
de cachaça: ele no uísque, Adilson na cerva.
Oldemar
Victor, o violão e as músicas de Adilson os aproximavam, e as discussões: fotos,
cinema, música.
Luiz
Nova, grande Luiz Nova, hoje instigante professor de Jornalismo na UFRB, mostra
a Adilson seus poemas engajados.
Engajado,
nunca deixou de ser.
La
Nave va.
Travessuras:
Jorginho rasgando discurso de Antônio Jorge Moura, candidato a orador de turma,
e bota a culpa em Adilson.
Camisa
preta na formatura, dada pela irmã.
Recusa
de Beraldo Boaventura de fazer o juramento com o braço estendido feito
alongamento na Academia.
La
Nave va.
Oradora
da turma, voz macia.
Discurso
duro.
Sem
perder a ternura.
Chega
de saudades.
2018,
Lívia Pedreira chegou, nossa oradora, tantas décadas fora.
O
poema para Lívia terminava assim:
"Pode
não parecer, mas em tempos como o nosso, essa é uma verdadeira canção de
amor/amizade".
La
Nave va.
No
La Nave va, obra-prima de Fellini, um jornalista anotava tudo naquele louco
navio com as cinzas de Edmea Tetua, a cantora de ópera.
A
EBC, recoberta pelas nuvens do tempo, pelo fumacê do passado, também contava
com um cronista-poeta, músico, contador de histórias.
Ele,
nesse mergulho no passado, afastando o fumacê, murmura lupicinianamente:
-
Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei...
Um
dia, ele conta.
Promete...
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Cristina Santeiro: Agora gostei,
esse ritmo diferente da narrativa...
Emiliano José: Cristina
Santeiro Vida ensinando, eterno aprendiz.
Jorginho Ramos: Nós já tínhamos
eleito Lívia Pedreira oradora oficial na solenidade de formatura. Ela inclusive
elaborou o discurso com nossa participação. Eis que Antonio Jorge, com aquele
jeito Antonio Jorge de ser, (derrotado na escolha) queria porque queria impor
outro discurso. E levou o texto para a Escola de Jornalismo. Mais por
insistência dele que por educação nossa, topamos ouví-lo. Na cantina de Dona
Beré todos sentados em torno de uma mesa o ouvíamos. À medida que ele ia lendo,
punha as folhas de papel de lado. Sorrateiramente eu ia tirando alternadamente
algumas e debaixo da mesa fazia bolinhas de papel que Adilson mais que
discretamente chutava para longe. Quando ele terminou eu disse : "Não
entendi muito bem o 2° período da segunda página...". Antonio Jorge
começou a procurar entre os papéis e não achava. Começou a ficar nervoso, aí eu
disse : "Esquece, releia aí a pagina 4...". Novamente ele não
achava... ficava mais nervoso... a noite chegava, Dona Beré queria fechar a
cantina e o nervosismo de Antonio Jorge aumentava. Aí Adilson Borges deu o
xeque-mate: "É, companheiro, fica o discurso de Livia mesmo...".
Antonio Jorge esperneou mas não teve jeito.
Adilson Borges: Jorginho
não-vale-nada Ramos, você é um sacana! Não chutei bolinha de papel alguma, mas
sua nova versão é ótima!
Emiliano José: Adilson Borges
Está ficando emocionante. Tudo registrado.
Emiliano José: Adilson Borges A
dupla infernal Borges e Jorge...
----------------------------------------------
(Gazeta da Bahia, braço da Gazeta Mercantil no estado)
Emiliano José
15
de fevereiro 2020
As portas da
percepção
Adilson
Borges é jornalista.
É
também do samba.
Anda
com um violão debaixo do braço.
Teve
sorte.
Aproximou-se
de Batatinha pra valer quando de uma greve do "Diário de Notícias".
Era
o representante da EBC pelo Diretório Acadêmico junto ao Sindicato dos
Jornalistas.
Ele
e a colega Sinedite iam todo dia ao jornal solidarizar-se com os trabalhadores.
Batatinha
era gráfico.
Creio
todos o conheçam.
Dos
maiores sambistas do País.
"Meu
desespero ninguém vê" - você não se lembra?
"Sou
diplomado em matéria de sofrer" - lembra não?
"Diplomacia"
- o sucesso, ao lado de tantas outras memoráveis letras e músicas.
O
empurrão foi dado por Maria Bethânia, a partir do início dos 1960, quando
começa a gravá-lo.
Mas,
esse encontro no "Diário de Notícias" foi, na verdade, reencontro.
Antes,
quando ainda fazia "O Feto", cultivou amizade com Nelson Sapateiro,
no Pau Miúdo.
Era
sapateiro e entre uma meia sola e outra, tomava do cavaquinho e soltava a voz
pequena, afinada, afiada.
Ele
e Batatinha, muito amigos, sempre juntos.
Nessas
noites, Adilson sentia-se um privilegiado.
Nelson
Sapateiro de vez em quando procurava o copo atrás do balcão e bebia
gostosamente seus goles de cachaça.
Cheiro
de cola de sapateiro e de cachaça, aquele clima, e olhem, ele não bebia,
levavam Adilson quase em transe a pensar em Aldous Huxley, e a murmurar:
-
Essa tenda abre as portas da percepção.
Sorria,
feliz.
Privilégio.
Um
dia, Nelson Sapateiro perguntou a razão do riso, tanta alegria.
Adilson
olhou pra Batatinha:
-
Como não ficar feliz ao lado dessa legenda do samba?
Batatinha
devolveu, abrindo largo sorriso:
-
Esse menino aí é poeta, Nelson! - e voltou a batucar na caixa de fósforos o hit
de Nelson Sapateiro:
"Cheguei
numa roda de samba
Diga
quem estava lá
Era
a turma do miudinho
Botando
pra quebrar."
Lembramos
de tudo, nessa viagem, por conta do neto mais recente de Adilson, neto nada,
filho, hoje quatro anos, Benjamim.
É
que o avô, avô nada, pai, depois de diploma avançado em inglês aos 65 anos,
resolveu...
#MemóriasJornalismoEmiliano
Mônica Bichara: Hum!!!! Agora
vai cantar em inglês, é?
Emiliano José: Mônica Bichara
Espere...
--------------------------------------
(A felicidade ao lado de Marília e Ben)
Emiliano José
16
de fevereiro 2020
My Little Ben
Vocês
sabem, né?
Maluco
beleza ou é muito calmo, zen, quase parando, ou aqueloutro, doido pra seguir
adiante, importa idade não, vida não para.
Adilson
Borges é um bom maluco beleza.
Diferente.
Combina
zen budismo com a ideia de que a vida não para.
Não
é um, é dois.
Ou
três porque também jornalista-maluco-beleza.
E
é pai-avô, puxado pelo filho de 4 anos.
Aos
65, agoniado, arruma tempo, e vai aprender, aperfeiçoar o inglês.
Curso
on-line.
Não
esperava fosse tão puxado.
Produtivo,
Maluco beleza se virou nos trinta.
Violão
ficou a um canto, quase suplicando por alguma atenção, pequena fosse.
Quase
dizendo, perguntando, de seu grande amor passei a um traste, quase lixo?
Violão
também é sentimental.
Só
tomava dele quando o neto, neto nada, filho, sempre escorrego, o intimava a
cantar, aí o violão sorria e o filho, feliz.
Por
minutos.
A
vida agora, inglês.
Tanto
tanto fez, e chegou: recebeu o diploma.
E
não era qualquer diploma: pós-avançado.
Agora,
podia copidescar inglês, não brincassem com ele.
Aí,
relaxou, pensou mais no filho, Benjamim, sempre exigente, que filho nessa idade
exige que só a porra, cansa o véio...
Teve
uma ideia para acalmá-lo: fazer uma música para ele.
Só
pra ele.
Mas,
pensou em Gil e Caetano no exílio londrino, no diploma pós pós, e resolveu
fazer a música em inglês.
Verdade,
verdade, estava às portas de terminar o curso.
Finzinho.
Só
faltando diploma.
E
surgiu My Little Ben, ouçam logo abaixo.
Bastaram
15 minutos de estúdio, e Paulo D'antão no coro.
Dez
dias depois, descobre uma preposição fora do lugar.
Bem,
o filho, não percebia, gostava, se divertia, era ouvir e dançar.
Ele,
puto, é consolado pela teacher novaiorquina: músico tem licença poética.
Adiantou
pouco o consolo.
Restava-lhe
o ensinamento de Batatinha: diploma era dado pela vida, a mestra.
Era
também diplomado em matéria de sofrer.
Sem
nunca esmorecer.
Nunca
deixou a alegria de lado, que ela ajuda a animar a caminhada.
Deixou-se
abraçar pela poesia, e segue a cantar, a escrever.
Vida
que segue.
Bela,
apesar de tudo.
Adilson
Borges, dos últimos românticos- malucos-beleza. #MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Mônica Bichara: Que massa, muito
bom. Um maluco beleza muito querido, pra ninguém botar defeito. Que bom q o
jornalismo ganhou a parada, mas a música foi resistência e tem lugar garantido
nesse enredo
Jaciara
Santos: Grande Borges...
------------------------------------------------------------
(Os 5 filhos:Cristiana, Saulo, Emiliano , Francisco e Benjamim)
(Além dos filhos as netas Gabriele e Danúbia)
(Os 5 filhos, Ben na barriga de Marília)
(O dengo)
(A musa, Marília)
(Filhos e netas:Danúbia, filha de Emiliano -de chapéu; Saulo, Emiliano, Ben, Cristiana, Gabriele, filha de Saulo; e Chico)
**************
Amigos
(Com Isabel e Sinval em foto de Manuel Porto)
(Comemoração dos 40 anos de formatura com os colegas da turma. O tema da festa foi tirado da música que Adilson compôs para o evento)
Santuário dos Desejos
O riso sereno de um buda
pairando em algum lugar
as dores do tempo transmuta
em tempo do tempo passar.
Já faz tanto tempo assim?
Nem me contem
porque, pra mim,
tudo parece que foi ontem!
Lembro bem da fumaça,
da ditadura, menina nua,
lema, dilema, caçador e caça
e do jargao"A luta continua!"
Lembro da nossa alegria,
estrelas do céu da escuridão,
bate, debate de todo o dia
com a certeza da razao no coração
Lembro do papo-cabeça
dialética do concreto.
Farinha e bÍblia sobre a mesa,
paixões diversas sob o mesmo teto.
Lembro dos apocalípticos
e muito bem dos integrados,
de belos casais idílicos
e das canções de amor e amizade.
Lembro bem da fumaça,da ditadura, menina nua...
O tempo escorre entre meus medos.
Cego, não o vejo correr
No santuário dos desejos,
resisto,
e não me deixo morrer.
(Com Ludmila no Canadá)
Joana D´Arck, Jaciara Santos e eu, Jornalistas pela Democracia)
(#EleNão com Joana Jadson e Alberto)
(#EleNão com Renato Pinheiro, Lucy e Kardé)
(Com Socorro Araújo e Jadson Oliveira)
(Emoção no chá de fraldas de Ben na redação do jornal A Tarde)
(Feijoada do Sinjorba)
Com Délio no samba)
Feijoada do Sinjorba
(Eu e Cláudia Correia na feijoada do Sinjorba)
(Eleição do Sinjorba e Fenaj, #NinguémSoltaaMãoDeNinguém)
(Joana, Vado, Supinho e Joly)
(Trabalhando na agência de publicidade de Fernando Passos (à direita ): Engenho Novo)
(Galera da Gazeta de óculos escuros)
(Em Cuba com Marília)
(Cobertura de carnaval do jornal A Tarde)
Cuba
(Cuba)
(Paris com Marília)
(Com Luciana, filha de Jaciara #LuteComoUmaGarota)
Como sempre, minha comadre brocou na edição. Também como sempre, Emiliano deu show na narrativa de mais uma de suas memórias. E o protagonista dispensa elogios, mas é impossível falar de Borges sem superlativos: é uma figura imensa, um dos jornalistas mais completos e ser humano inigualável (humor cáustico, sincero, ético, honesto) com quem tive o privilégio de conviver. Mas ele foi sovina em seu relato ao autor. Sua história tem muito mais capítulos... Ah, se tem! Senti falta de menção ao apelido da juventude (da Faconha, talvez). Parabéns Mônica, Emiliano, Borges! Vocês brocam.
ResponderExcluirSó tive o cuidado de juntar tudo, o mérito é todo do autor Emiliano e do protagonista, Adilson é uma unanimidade em matéria de amigo querido, não conheço quem não goste
ExcluirGente, que coisa boa ler essas aventuras dos colegas jornalistas, dá vontade de ler e relar várias vezes essas narrativas. Mérito do companheiro Emiliano José que teve a feliz iniciativa de recuperar essa histórias contadas tão bem por ele. E Mônica juntando tudo em uma edição perfeita, para facilitar ainda mais a leitura. Sem falar no Pilha abrindo espaço para esse verdadeira coletânea de "causos". Já estou na expectativa de novos capítulos.
ResponderExcluirPois então leia e releia, se veja nas fotos, compartilhe com os amigos.....é realmente uma trajetória que precisava ser contada, ainda que resumida
ExcluirQue maravilha. Mais uma edição massa da querida Mônica para textos supimpas do querido Emiliano José sobre a linda trajetória jornalística do querido Adilson Borges, Gostoso de se ler novamente no Pilha, relembrar novamente bons e significativos momentos dessa figura, como diz a querida Jaci, "imensa, um dos jornalistas mais completos e ser humano inigualável (humor cáustico, sincero, ético, honesto)", que também tive e tenho o privilégio de conviver. Tá tudo registrado na memória. Muitos aplausos para mais um capítulo dessa maravilhosa série #MemóriasJornalismoEmiliano.
ResponderExcluirBebel, seu nome não aparece, mas pelo carinho todo mundo reconhece seu texto. Que bom que vc gostou, inclui sua foto com ele
ExcluirO comentário acima é de Isabel Santos
ResponderExcluir