Era pra ser uma despedida festiva, com muito samba e uma
multidão de fãs, admiradores, artistas, sambistas, vizinhos do bairro e
tradicionais foliões da “Mudança do Garcia”. Era pra ser uma festa, como ele
desejara que fosse, bem ao seu estilo, alegre, ainda que para dar um adeus. No entanto, apenas familiares puderam
acompanhar a cerimônia do sepultamento de Riachão, neste último dia 30 de
março, no Cemitério do Campo Santo.
Riachão não teve uma despedida à sua altura por causa de
decretos que proíbem aglomeração de pessoas como medida de prevenção ao novo
coronavírus. Ele morreu ao 98 anos de causas naturais, depois de sentir dores
no abdômen no domingo (29), quando precisou de atendimento médico. Morreu
dormindo, em casa. E só pela manhã os familiares constataram a sua partida.
Clementino Rodrigues nasceu em 14 de novembro de 1921 e ainda
na infância assumiu o apelido de Riachão. Começou a compor aos 12 anos. Mais
tarde se tornou um dos grandes sambistas do país, tendo entre seus maiores sucessos "Cada Macaco no seu
Galho", lançada em 1972 nas vozes de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Outra célebre composição, "Vá morar com
o diabo", foi apresentada em disco em 2000, em dueto dele com Caetano, mas
popularizado no ano seguinte com a gravação feita pela cantora Cássia Eller
(1962 – 2001) para o álbum e DVD ao vivo da série Acústico MTV.
O grande sambista baiano também conquistou o imaginário da
população com o seu estilo marcante de se vestir, sempre com um lenço no
pescoço, os dedos cheios de anéis, o chapéu de feltro, lenço no bolso e a
inseparável toalhinha. E sua alegria e disposição, a energia fabulosa que
manteve até os seus últimos anos, eram contagiantes. Tive a oportunidade de
conhecer de perto esse grande sambista em um dos momentos que mais o alegrava,
a “Mudança do Garcia” em meio ao carnaval e no circuito que leva o seu nome. Da
varanda de sua casa, no bairro onde nasceu e viveu, acompanhava tudo e recebia os
visitantes com a mesma alegria.
Não deu pra ser a despedida que Riachão merecia. Todas a
homenagens que poderão vir, virtuais ou presenciais para a esse grande artista
baiano, serão poucas.
Que a sua alegria contagie a todos de onde ele estiver. Viva
Riachão!
Grande homenagem, Jô. Nosso cronista maior merecia uma despedida ao seu estilo, alegre e colorida, com música, muita música.....Viva Riachão
ResponderExcluirRiachão era uma figuraça! Fiquei muito sentida com essa sua partida assim.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPois é, Jô, Linda homenagem. Depois que a tempestade passar, o mundo cultural baiano precisa mobilizar o povo para um evento relembrando essa figura inesquecível, esse sambista ímpar, esse ser carismático. Viva Riachão.
ResponderExcluirCom certeza, Bel! É um dos grandes nomes da Bahia do samba.
ResponderExcluir