#MemóriasJornalismoEmiliano – Othon Jambeiro: De mestre para mestre





Falar do professor Othon Jambeiro é difícil, a admiração pelo mestre me impede de viajar muito. Principalmente quando meu papel aqui é apenas apresentar o relato de outro mestre, o escritor, jornalista e sempre político Emiliano José. Olha a responsabilidade.

A princípio Emiliano pensou que a trajetória do colega, iniciada na "Folha da Bahia", semanário de massa do PCB, entre 1962 e 1964. Carreira que passou por várias redações e se consolidou como professor da Universidade Federal da Bahia (da antiga EBC, onde fui sua aluna, à atual Facom), onde ainda ensina, formando gerações de colegas.

Reencontrei Othon em um dia especial, na Reitoria da UFBA, solenidade da Comissão Milton Santos de Memória e Verdade da UFBA, que presidiu, ao lado do próprio Emiliano José e de minha irmã Ilka Bichara. Momento de emoção. Belíssimo trabalho de resgate da memória dos estragos causados pela Ditadura Militar nas vidas de estudantes, professores e funcionários da universidade.

Mas, como o autor aqui não manda em seus personagens, o protagonista desse capítulo da série #MemóriasJornalismoEmiliano mudou o rumo da prosa e trouxe outras memórias igualmente ricas para a história do jornalismo: Perseu e Cláudio Abramo, Ariovaldo Matos e José Gorender.

Em meio aos comentários postados por muitos colegas no face de Emiliano José, após capítulos tão bem costurados, com sua veia literária de “quase noveleiro”, como o batizamos, pesquei essas linhas do mestre Othon Jambeiro:
“Tive, ao lado de Ari, outro grande e inesquecível mestre do jornalismo: José Gorender. Amigos inseparáveis, completavam-se: se Ari era o grande editor, na acepção real do termo, Gorender era um extraordinário redator. Sucinto, objetivo, frio se necessário, ardente quando os fatos exigiam, era um cultor das palavras e dos seus significados. Era capaz de resumir contextos complexos em poucas linhas e de expandir situações simples em páginas. Ficamos presos juntos no Barbalho e nos anos recentes, antes de seu falecimento, praticamente todas as semanas almoçamos juntos, muitas vezes em companhia de Mauricio Naiberg, Joselito Abreu, Milton Carvalho (Miltinho), Juracy Costa e outras grandes figuras baianas do século XX”.
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     (Emiliano José e Othon Jambeiro, em oitiva da Comissão da Verdade da UFBA, momento histórico de desencavar tristes memórias)
                                  
Emiliano José
24 de maio 2020
Othon Jambeiro I

É o diabo.
O diabo sempre atenta.
Quando você menos espera, aparece.
Estou aqui, seguindo meu caminho, tentando retomar minha trajetória, e ouço um sussurro: e Othon Jambeiro?
-Verdade, mas estava empenhado...
- Besteira.
- Vai deixar de lado um Mestre?
Concedo.
Volto a mim depois.
Se o demo não atentar novamente.
Creio ter encontrado Othon pela primeira vez logo chegado à EBC, atual Facom, maldosamente chamada Faconha.
Othon era professor.
Fiz o curso de Jornalismo entre 1976 e 1980.
Nesse tempo, tive aula com ele.
- Ué, vai falar de você ou de Othon?
O diabo me interpela, meio raivoso.
- Calma.
- Falo dele já...
Comecei a conhecer o Mestre.
Depois, em momentos variados, nossos caminhos se cruzaram.
Na militância e na Universidade, ambos professores da Facom, onde ele continua até hoje.
Lembro: ele vice-reitor da UFBA, me estimulando a prosseguir com o Doutorado, eu prestes a desistir, ali por 1998, 1999.
Dessa conversa, saí disposto a seguir adiante.
Concluí o Doutorado, sob a orientação de outro Mestre, Albino Canelas Rubim
Já foi personagem de livro meu por conta de prisão em 1964.
Conhecia pouco sua trajetória jornalística.
Eu o tinha como um acadêmico.
E ele vem de longe no mundo do jornalismo.
Começa na "Folha da Bahia", semanário de massa do PCB, repórter entre 1962 e 1964.
Nesses anos, participa também da elaboração de outros pequenos jornais do PCB, de periodicidade irregular, junto com Aurélio Velame, Humberto Vieira e Alberto, do qual não lembra sobrenome. Será Alberto Vita? A ver.
Bem, a "Folha da Bahia" é fechada pela ditadura em 1964.
Ditadura é ditadura.
Othon persiste: é o editor do jornal dos estudantes da Faculdade de Filosofia, ele aluno de Jornalismo.
Janeiro de 1967, diploma na mão, torna-se repórter em "A Tarde".
Primeiro, na Reportagem Geral.
Em março, ascende à condição de setorista: encarregado da cobertura do Palácio do Governo, àquele tempo funcionando no Palácio Rio Branco.
Cobria também Fazenda, Agricultura, Viação e Obras Públicas, Departamento e Administração Geral, principais secretarias e órgãos do Estado.
Em abril, passa a acumular tudo isso com a editoria de Economia...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Emiliano José: Mônica Bichara Jaciara Santos Joana D'arck Othon Jambeiro Oldack Miranda Jorginho Ramos Joana Vitória Joana Lopo Carmela Talento Ernesto Marques Ernesto Falcón Ernesto Carvalho Adilson Borges Alberto Freitas José Carlos Teixeira José Fernandes José Mamede José Ricardo Matos Jose Jesus Barreto Ludmilla Duarte Adelyne Lacerda Einar Lima Margareth Cunha Lemos Gorette Brandão Nice Melo Clarissa Amaral
Clarissa Amaral: Emiliano José esse é um mestre muito querido, querido demais, meu orientador no mestrado e no doutorado.
Jose Jesus Barreto: Trabalhou na Tribuna da Bahia, começo dos anos 70. Foi secretário geral da redação, se não me engano. Lembro-me bem dele. Elegante, educado, respeitado.
Emiliano José: Jose Jesus Barreto Isso. Vamos chegar lá, Barretinho.
Fred Matos: Eu tinha 11 anos a meio caminho dos 12 quando a Folha da Bahia, cuja redação funcionava em uma sala do Edifício Themis, na praça da Sé, foi invadida e depredada. Um dia, em abril de 64, meu pai estava preso no 19 BC, peguei a chave e fui lá com o meu irmão Jorge Luis Matos. Estava tudo destruído, máquinas de escrever no chão, arquivos revirados, o sofá rasgado. Criança que era, eu resolvi que iríamos fazer o jornal, eu e o meu irmão. Primeiro passo seria levantar dinheiro. Saí de lá para um bar/restaurante que funcionava no Belvedere da Sé. O dono era um negro gordo e muito simpático, amigo de Ari, cujo nome, lamentavelmente, eu não me lembro. Falei com ele que nós faríamos o jornal. Ele nos deu sorvete, algum dinheiro e nos aconselhou ir pra casa. Queria tanto me lembrar o nome dele.
Emiliano José: Fred Matos Bem, Fred, já provoquei você e Jorge Luis Matos. Estou vendo que há um rico manancial, juntando vocês e Ariovaldo Matos. Mãos à obra.
Carlos Pereira Neto Siuffo: Grande Othon,
Carmela Talento: Continuo acompanhando cada capítulo dessa história do jornalismo da Bahia tao bem contada por Emiliano José
Mônica Bichara: Justa homenagem. Só p me dar trabalho com a sua colcha de retalho kkkkk
Emiliano José: Mônica Bichara Desculpe. É o diabo atentando...
Mônica Bichara: Emiliano José kkkkkkkkkk
Fred Burgos: Othon, Emiliano, Florisvaldo, Ruy Espinheira, Sérgio Mattos, Nadja, Setaro, Aloísio, Albino... Era um prazer aprender!
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Emiliano José
25 de maio 2020
Othon Jambeiro II

Ainda março de 1967, e Jorge Hage assume a Superintendência da Federação das Indústrias da Bahia.
Inovador, reestrutura a entidade, cria uma coordenação de comunicação e convida Ary Guimarães para chefiá-la.
Guimarães era redator encarregado da página editorial e da primeira página de "A Tarde".
Não era pouca coisa.
Convida Florisvaldo Mattos e Othon Jambeiro para compor sua equipe.
Lembrança de Othon:
- Fizemos um grande trabalho lá, capitaneado por um boletim diário para a imprensa e uma revista mensal, cobrindo todos os setores industriais baianos, além de Sesi e Senai.
Maio do mesmo ano, e Juracy Costa convida Othon para ser correspondente especial da "Folha de S. Paulo", voltado exclusivamente para matérias econômicas.
Tempo, não tinha mais.
No entanto, aceita.
Tratava-se de produzir matéria semanal, de profundidade, analítica, baseada em dados e em entrevistas com industriais e homens de negócio da Bahia, além de autoridades governamentais.
Ia se virando nos trinta.
Foi quando agosto chegou.
Diz o povo: é mês do desgosto.
Desentende-se com Cruz Rios, secretário de Redação de "A Tarde".
Não dava pra continuar.
Pede o boné.
Foi trabalhar no "IC-Shopping News", semanário de negócios, dirigido por Maurício Naiberg, Ariovaldo Matos e José Gorender, os três de tradição comunista, não sei o grau de ligação orgânica deles ao PCB àquele momento.
Othon sempre foi da mesma tradição.
Ariovaldo Matos e José Gorender haviam dirigido o jornal do PCB, "Folha da Bahia", onde Othon começara a trajetória jornalística.
Acumulava então "Folha de S. Paulo", Federação das Indústrias e "IC-Shopping News"
Trabalho pra burro.
Em novembro, sempre 1967, ano movimentado, Othon resolve chutar o pau da barraca.
E se mandar para a Europa.
Pensava na França, Alemanha Oriental ou União Soviética.
Vendeu tudo que tinha, tudinho...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Ludmilla Duarte: E escolheu qual país??????? Que suspense, professor Emiliano José!!!! 😣
Emiliano José: Ludmilla Duarte Tenha calma... Tudo a seu tempo . Ele nem pegou o avião ainda.
Fer Nandinha: Ludmilla Duarte kkkkkk
Mônica Bichara: Ele gosta de um suspense, nosso noveleiro
Emiliano José: Mônica Bichara A vida é assim... Não vem tudo de vez... Paciência...
Fred Matos: O IC me traz boas, mas pesadas lembranças. Durante alguns meses eu e Jorge fazíamos a distribuição do jornal na região do Campo Grande, Politeama, Garcia e Canela. Morávamos na época na rua Visconde de São Lourenço, caminhávamos até o Relógio de São Pedro, onde o IC funcionava, recebíamos trocentos e não sei mais quantos exemplares nas mãos de Gominho (que era como chamávamos o tio Mauricio Naiberg) e voltávamos entregando os jornais de casa em casa. Foi durante alguns meses o nosso programa dominical.
Emiliano José: Fred Matos Vamos passo a passo cumprindo a pauta, não Fred? Metam mãos à obra. Ariovaldo e vocês merecem. Aguardando.
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Emiliano José
26 de maio 2020
Othon Jambeiro III

- Vou-me embora - decidiu.
Não sei se imaginou uma Pasárgada.
Mas, decidiu arribar.
Para a Europa.
França?
Alemanha Oriental?
União Soviética?
A ver.
Chegando no continente europeu, decidiria.
Ele e a mulher, Marúsia.
Othon Jambeiro procurou primeiro o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia, Roberto Pelegrino.
Se surgir a dúvida devido ao sobrenome, esclareço logo: é o pai do deputado de muitos mandatos, Nelson Pelegrino.
Dele conseguiu uma carta de apresentação que lhe daria bom trânsito.
Desembarcam em Paris.
Era uma, né?
Danou-se a fazer contatos.
Bate numa porta, bate noutra.
Boas conversas.
Mas, chances de ficar, nenhuma.
Arrumam as malas.
Destino: Berlim Oriental.
Terra comunista.
A carta de Pelegrino foi muito útil: foram hóspedes do Sindicato de Jornalistas durante seis dias.
Também na Alemanha não encontrou porto para permanência mais longa.
Indagou sobre a possibilidade de ir para Moscou.
Negativo: sem uma recomendação expressa de algum dirigente do PCB, não era aconselhável.
Ainda bateu numa porta de grande prestígio: apartamento de Prestes, então residindo em Berlim Oriental.
Quem sabe?
Encontrou mulher e filhos.
Prestes, em Moscou, convocado para uma reunião.
Pasárgada, distante.
A Europa não lhe sorriu.
Não lhe deu guarida.
Retornou: Lisboa, via Berlim Ocidental, Frankfurt, Zurique, Paris, Salvador Bahia.
Partiu em novembro de 1967.
Voltou no final de fevereiro de 1968.
Seu sonho europeu não durou três meses.
É então convidado...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Emiliano José: Ludmilla Duarte. Tentando satisfazer sua curiosidade...
José Fernandes: Othon é um dos professores mais bem preparados do jornalismo baiano. Uma honra ter sido seu aluno.
Emiliano José: José Fernandes Honra de todos nós.  
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Emiliano José
27 de maio 2020
Othon Jambeiro IV

Chegado de Pasárgada, da Europa onde não encontrou acolhida, Othon Jambeiro aceita convite para ser assessor do reitor da UFBA, Roberto Santos.
Jorge Hage, chefe de gabinete, o convidou.
Era fevereiro de 1968.
Em 13 de dezembro desaba o AI-5 sobre o País.
Golpe dentro do golpe.
A ditadura ia mostrar dentes mais afiados.
Fevereiro de 1969, e ele novamente arruma as malas.
Estava ameaçado de prisão na Bahia.
Outra vez.
Roberto Santos, solidário, sempre um gentleman, faz contatos na pauliceia acadêmica.
Consegue a promessa de matrícula a Othon no mestrado em Ciências Sociais na USP.
De acréscimo, uma bolsa de estudos.
Tudo muito bem, tudo muito certo.
Matrícula saiu logo.
Mas a bolsa, ah, demorando, demorando...
Perseu Abramo, amigo desde os tempos passados na Bahia, era editor de Educação na Folha de S. Paulo.
Procura ajudá-lo.
O tio, notável jornalista, Cláudio Abramo, era secretario-geral do jornal - correspondia ao atual redator-chefe.
Havia assumido em 1967.
Cabem duas ou três palavras.
Sobre ele há um livro essencial, não obstante nem de longe faça justiça à sua grandeza jornalística, intelectual e política.
Já falei desse livro no decorrer dessa série.
Não custa insistir, pela importância do personagem.
Organizado pelo filho Cláudio Weber Abramo, "A regra do jogo" consegue recuperar parte da trajetória e do pensamento de Cláudio Abramo.
Nele, os interessados encontrarão a tese abramiana da inexistência da ética jornalística - a ética do jornalista é a ética do cidadão, dirá.
Ficou célebre a tese:
- Sou jornalista, mas gosto mesmo é de marcenaria. Gosto de fazer móveis, cadeiras, e minha ética como marceneiro é igual à minha ética como jornalista - não tenho duas.
O jornalismo e a ética do marceneiro - figurou como subtítulo do livro, editado pela Companhia das Letras, de 1988.
Perseu procura o tio.
Dá algumas voltas, fala da história de Othon, repressão, você sabe, os comunistas são perseguidos, o sinal está fechado pra nós, não haverá uma chance de...
#MemóriasJornalismoEmiliano 
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(Oleone Coelho Fontes, Mauro Coelho e Othon Jambeiro)

Emiliano José
28 de maio 2020
Othon Jambeiro V

É, ia contar da conversa de Perseu Abramo com o tio Cláudio Abramo.
Mas, o diabo atenta.
- E não diz nada sobre o Perseu, aquele comunista? - disse tentando disfarçar um sorrisinho irônico.
O diabo às vezes tem razão.
Você pode ceder.
Ou não.
Cedo.
Escassas linhas em torno de Perseu.
A família é toda de esquerda, boa linhagem: Fúlvio Abramo, Lívio Abramo, Lélia Abramo.
O diabo dá outro sorrisinho daqueles.
- Boa...?
- Excelente - respondo irritado.
Perseu moldou-se num convívio culto, ouvindo discussões do tio com Mário Pedrosa e Lívio Xavier, seis anos mais novo que Cláudio, nascido em 1923, ele, em 1929.
Em 1960, no "Estadão", ganha o "Prêmio Esso de Jornalismo: organizou e dirigiu a cobertura da inauguração de Brasília.
Em 1968, torna-se Mestre em Ciências Humanas pela UFBA.
Podia orgulhar-se: primeira defesa de uma dissertação em Ciências Humanas da UFBA - o reitor João Carlos Salles me deu essa informação, revelando "quase certeza".
Durante toda a vida, conciliou atividade jornalística e militância política.
Sempre há narizes torcidos para essa conciliação.
Esteve com o PT desde o início.
O PT o homenageou: a mais fecunda, produtiva fundação de estudos políticos e teóricos de um partido leva o seu nome.
Promove, ao longo da vida, um entendimento tácito entre as gerações passadas e as atuais, à Walter Benjamin, como diria Marco Aurélio Garcia.
Ao vasculhar o passado, como jornalista, firmou sempre o compromisso de resgatar a história dos vencidos, de modo pudesse servir de ensinamento às lutas de hoje.
Estava na "Folha de S. Paulo" naquele abril de 1969.
- Pode parar? - o diabo me alerta.
Falasse, mas não tanto, me reprova.
Se quiserem, leiam então "Um trabalhador da notícia", mais de 350 páginas com textos dele, editado pela Editora Fundação Perseu Abramo - recomenda, diabo, por velho, é lido.
- Se aprume, volte ao leito - diabo é sujeito tinhoso.
Às vezes, está certo.
Atendo.
Perseu procura o tio, secretário-geral da "Folha de S. Paulo", então.
Revela a amizade com Othon Jambeiro, fala da linhagem, a mesma, comunista, ex-preso, desempregado, vindo da Bahia, precisa de um trabalho para sobreviver.
Cláudio Abramo, ouvindo atentamente.
Logo, a resposta:
- Olhe, Perseu. Você conhece bem a redação. Minha cota de comunistas já foi largamente ultrapassada. Não vai dar. Infelizmente.
Para sorte de...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Mônica Bichara: Esse "diabinho" de Emiliano atenta, ainda bem, ´porque a gente fica sabendo é coisa.....é história.. 
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(Lançamento de livro - 2001)

Emiliano José
29 de maio 2020
Othon Jambeiro VI

Othon Jambeiro respirou: a bolsa do Mestrado em Ciências Sociais da USP saiu.
Havia ficado muito preocupado quando as portas da "Folha de S. Paulo" se fecharam.
Danou-se a estudar.
No final de 1970, é convidado para integrar a equipe voltada à criação do telejornalismo da TV Cultura de São Paulo.
Indicado por Gabriel Cohn, a quem conhecera via Perseu Abramo, amigo de todas as horas.
Trabalha como repórter.
Todos participavam da construção da pauta, os repórteres do cumprimento, e a edição das matérias era também responsabilidade coletiva.
Uma experiência extraordinária, na avaliação de Othon.
A equipe era coordenada por um mestre: Fernando Pacheco Jordão.
Ele havia passado oito anos na BBC de Londres.
Trouxe essa experiência para criar um telejornalismo inovador, não obstante o clima de terror vívido pelo País sob Médici.
Em 1974, demitido.
Um dos mais notáveis jornalistas brasileiros, corajoso, escreveu "Dossiê Herzog - Prisão, Tortura e Morte no Brasil", desmontando a farsa da ditadura sobre a morte de Vladimir Herzog.
Othon, a contragosto, só ficou até o fim de março de 1971 na TV Cultura.
Nasce a primeira filha.
Ele e a mulher atarefados no limite.
Os dois fazendo Mestrado.
Sem dinheiro para contratar uma babá.
Prazo apertado para a conclusão das dissertações.
Apertar o cinto, acelerar a redação, concluir o Mestrado.
Concluídos os mestrados, ele, Marúsia e a filha voltam para Salvador.
Vida de cigano.
Desempregado.
Setembro de 1971.
Milton Cayres de Brito, veterano comunista, era Editor Geral da "Tribuna da Bahia", e sogro então de Othon.
Convida-o para ser Subeditor Geral.
Topa - ué, como não toparia?
Vida de cigano: em fevereiro de 1972, a UFBA o chama para assumir o cargo de professor de Jornalismo.
Havia sido aprovado em concurso realizado no ano anterior.
Concomitantemente, ....
#MemóriasJornalismoEmiliano 
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(Assessor de imprensa da UFBA)

Emiliano José
30 de maio 2020
Othon Jambeiro VII

Quis o acaso estivesse eu escrevendo sobre ele.
Hoje Othon Jambeiro está aniversariando.
Dia de celebrar.
Cantar parabéns.
Abraçá-lo.
À distância, como convém nesses tempos.
Sônia providencia o bolo e as velas.
Contava: assumiu-se professor em 1972, fevereiro.
Imaginem: quase meio século formando gerações.
Está na Facom até hoje.
Assume e é convidado para ser assessor de imprensa do reitor da UFBA, Lafayette Pondé.
Acumula as duas funções até 1976, ao fim do mandato de Pondé.
Concentra-se na Facom, ainda Escola de Biblioteconomia e Comunicação (EBC).
Ministra várias disciplinas da graduação, principalmente Prática Jornalística, encarregada da publicação do jornal do curso.
Foi nesse ano, 1976, meu ingresso na EBC.
Tardio ingresso.
Estava já com 30 anos.
Por quatro anos estive preso - a explicação para a entrada tardia na Universidade.
Tive o privilégio de ser aluno de Othon.
Já era profissional, chegando no período da EBC a chefe de reportagem.
Em 1982, além de ensinar, desenvolve duas outras atividades jornalísticas.
Cria a Agência de Notícias de Ciência e Tecnologia (Ciência Press), vinculada ao curso de Jornalismo.
A agência editava boletins semanais sobre as pesquisas realizadas na UFBA, enviados aos veículos de comunicação locais e nacionais.
Essa periodicidade foi observada rigorosamente enquanto Othon foi coordenador, entre 1982 e 1986.
Não bastasse, Othon era, ainda, editor-chefe de um jornal quinzenal da cidade de Senhor do Bonfim, criado em um sistema de sociedade civil sem fins lucrativos.
Era o "Nossa Gente", onde permaneceu entre 1982 e 1984, sem qualquer remuneração.
O ano de 1982 me marca: faço concurso para ser professor da EBC.
Não lembro toda a banca.
Florisvaldo Matos e Rui Espinheira compunham-na, creio.
Ari Guimarães também?
Creio.
Passei.
Em 1983, passei a dar aulas na Facom, digo, EBC.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Raquel Nery: De 76, ano de seu ingresso na graduação, para 82, ano de seu ingresso como professor, são apenas 6 anos. Que façanha!
Emiliano José: Raquel Nery Quem sabe, a Universidade fosse mais flexível à época.
Raquel Nery: Duvido
Patrícia Greco: Um homem que marcou sua geração
Emiliano José: Patrícia Greco Se for Othon, que marca. 
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(Presidente da Empresa Gráfica da Bahia - EGBA no Governo Waldir Pires)

Emiliano José
31 de maio 2020
Othon Jambeiro VIII

Leitor é bicho curioso.
Pode querer saber a razão de Othon Jambeiro se descambar a quase 400 quilômetros de Salvador para editar um jornal sem qualquer remuneração.
Aí tem, o leitor pensa.
Tem.
Era uma espécie de volta às origens.
Nasceu nos idos de 1942 em Pindobaçu, então distrito de Campo Formoso, próximo a Senhor do Bonfim.
Conheceu a política em casa.
O pai, Martinho Barbosa da Silva, foi o primeiro prefeito de Pindobaçu, logo deixada a condição de distrito, em 1950.
Então, Senhor do Bonfim, cidade grande, era referência antiga.
Umbigo enterrado na região.
Ninguém esquece.
Está explicada a decisão de Othon de aceitar ser o editor-chefe do quinzenal "Nossa Gente".
Não vou mergulhar na história da militância política dele, salvo de modo marginal.
Conto-a no capítulo "Vivo ou morto!', no "Galeria F : Lembranças do Mar Cinzento", volume I.
É uma rica história.
O leitor mais curioso pode ir atrás.
A partir de 1987, Othon dedica-se exclusivamente ao ensino e à pesquisa sobre a economia política da comunicação.
O doutorado em Londres, entre 1991 e 1995, teve a economia política da comunicação como objeto.
Não retornou mais à atividade jornalística estrito senso depois de 24 anos mergulhado nela.
Mas, enganam-se aqueles que o querem ver apenas como um acadêmico.
Jornalismo nele é vocação.
- Daí porque continuo me considerando um jornalista. Professor, sem dúvida. Pesquisador, sem dúvida. Mas, sempre jornalista.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Henrique Sousa: Grande professor Othon.
Wellington José: Você é excelente Emiliano, envolve o leitor até o final, olhe que ele nem percebe que é o final. Aguarda o próximo capítulo...
Emiliano José: Wellington José Leitor amigo exagera. Sua leitura me honra.
Emiliano José: Miguel Cotrim Aurelio Miguel
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(Professores Fábio Velame, Paulo Miguez (vice-reitor), João Carlos Salles (reitor), Suzana Barbosa, Othon Jambeiro e Thierry Lobão)

Emiliano José
1 de junho 2020
Othon Jambeiro IX

Falamos da amizade entre Othon Jambeiro e Perseu Abramo.
Lembramos, e prometemos confirmar, ter Perseu feito o mestrado em Ciências Humanas na UFBA.
A informação fora de João Carlos Salles, atual reitor da UFBA, querido amigo.
Ele próprio, modo a garantir palavra, matar a cobra e mostrar a cobra morta, mandou-me a dissertação inteira, "apresentada à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Humanas, sob orientação do professor Antônio Luiz Machado Neto".
Ano de 1968.
Versava sobre "Aspectos estruturais do trabalho na Bahia".
Leitura panorâmica indica sólida base teórica marxista ao tratar do tema.
Não sei se foi a primeira dissertação de mestrado em Ciências Humanas da UFBA.
O reitor tem impressão seja.
A ver.
O diabo atenta.
Ele, de novo.
Havia firmado posição de não abordar prisão, história relativa à repressão contra Othon em 1964.
Como falo no inferno no livro indicado, onde detalhei essa história, sou cutucado.
- Se citou minha casa, fale.
Cedo, outra vez.
Quartel de Amaralina.
Vários presos políticos.
Sabem da notícia: general Taurino de Resende, chefe da Comissão Geral de Inquéritos, ordena ao general Ernesto Geisel, a realização de uma geral nos presídios brasileiros.
Havia muitas denúncias de maus-tratos Brasil afora, e a ditadura ainda pretendia dar alguma impressão de respeito aos direitos humanos, de fachada fosse.
AI-5 virá depois.
Os presos preparam-se para a visita.
Sabiam notícias por um transistor presenteado por um cabo.
Cadeia tem dessas coisas: solidariedade surge de onde você menos espera.
Cabo presenteou, mas advertiu:
- Bico, porque senão sobe pras cabeceiras, graduado sabe, e se graduado sabe é cana.
Geisel não deveria sair de Amaralina sem conhecer a história de arbítrio e violências desde a eclosão do golpe na Bahia.
Othon, então...
#MemóriasJornalismoEmiliano
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(Entrega de Relatório da Comissão da Verdade, em 2014, à reitora Dora Leal Rosa)

Emiliano José
2 de junho 2020
Othon Jambeiro X

Tinham de encontrar um jeito de chamar a atenção do ilustre visitante.
Era um dos maiorais da ditadura.
Maioral a ponto de mais tarde vir a ser presidente da República, o quarto ditador a partir de 1964: Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, com uma Junta Militar pelo meio.
Naquele momento, Geisel era chefe da Casa Militar de Castello Branco.
Othon Jambeiro pensou: pra chamar atenção, tem de ser alguma coisa forte.
Algo espetacular.
Deu o estalo: a "Divina Comédia", Dante Alighieri.
A frase à porta do inferno: Lasciate ogni speranza voi che entrate.
O próprio Othon escreveu-a na cartolina em letras garrafais.
Algo como "deixem fora toda esperança os que aqui entrarem", numa tradução livre e precária.
Perfeita para a situação.
O cartaz, afixado no fundo da cela, bem visível para quem chegasse à frente da cela.
Impossível não enxergar.
Era a maneira de os presos políticos expressarem a revolta contra o fato de terem sido sequestrados e estarem incomunicáveis.
A cela não era grande: dois metros e meio por dois.
O cartaz seria visto.
Geisel chegou com pompa e circunstância: acompanhado de vários oficiais e do comandante da 6ª Região Militar, general Mendes Pereira.
Geisel depara com o cartaz e, severo, pergunta:
- Quem colocou isso aí?
- Eu - respondeu Othon.
- Por quê?
Othon, sem meios termos, detalhou a situação dos prisioneiros políticos.
Denunciou tudo.
Geisel o ouviu atentamente e antes de qualquer outro comentário, perguntou, para surpreso dos presos, descrentes fosse homem culto:
- Isso não é Dante Alighieri?
- É - respondeu Othon.
- Vejo que há algum intelectual aqui - disse Geisel.
O poeta Camilo de Jesus Lima adiantou-se e...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Cristiano Ribeiro: 👏👏👏👏
Vera Barbosa: Gostei imenso.... Parabéns!!!
Emiliano José: Vera Barbosa Beijo, querida irmã
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(Com turma de formandos da UFBA)

Emiliano José
3 de junho 2020
Othon Jambeiro XI

Poeta é da ousadia.
Inda mais nascido em Caetité, terra de tantos educadores, intelectuais e poetas.
Inda mais se sobrinho-neto de Plínio de Lima, colega de Castro Alves na Faculdade de Direito de Recife, ousado abolicionista.
Quando é preso em 1964, Camilo de Jesus Lima já era senhor de obra literária de monta, do romance à poesia.
Tinha a quem puxar, né?
E cultivava a herança histórica de uma cidade-educadora.
Já ultrapassara a casa dos 50 anos, nascido em 1912.
Comunista.
E jornalista.
Quando os esbirros da ditadura o prendem em Macarani, no Sudoeste da Bahia, era redator-chefe de "O Jornal de Conquista".
Morrerá atropelado em Itapetinga, em 1975.
Estava junto com os demais presos políticos do Quartel de Amaralina quando da visita de Geisel.
Quando o general disse haver algum intelectual
entre os presos, adiantou-se:
- General, intelectuais somos todos os que aqui estamos. E intelectuais a serviço do povo, dedicados à libertação do Brasil e à liberdade de todos os brasileiros, intelectuais lutando por uma causa justa.
Havia vários repórteres presentes.
Os fotógrafos, ao perceberem o movimento de Camilo de Jesus Lima tomaram posição de combate.
Foram desestimulados não tão educadamente por oficiais a mando de Manelão, como era chamado o general Mendes Pereira, comandante da 6ª Região Militar.
Geisel certamente se impressionou.
Deve ter pensado: comunista é bicho ousado.
O cartaz à porta do inferno, a fala de Othon, a ousadia de Camilo.
Chegou a dar explicações sobre sua missão, saber a situação dos presos, coibir violências e árbitrios.
Prometeu examinar tudo com atenção.
Caso tivessem razão, fosse verdadeira a afirmação deles sobre a existência da concessão de um habeas corpus pelo Superior Tribunal Militar para a libertação deles, seriam soltos nos dias seguintes.
Era agosto de 1964.
No dia 10 de outubro, a ordem do STM foi cumprida, eles foram libertados, Othon Jambeiro inclusive.
Essa história é bem mais ampla.
Já disse: podem encontrá-la no primeiro volume do "Galeria F : Lembranças do Mar Cinzento".
Boa leitura.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Lucia Correia Lima: Que história linda com Geisel. Eu o fotografei com exclusividade pois me escondi imagina no aeroporto militar
Emiliano José: Lucia Correia Lima Proeza, Lúcia
Lucia Correia Lima: Emiliano José para Tribuna que publicou ele embarcando. Acho que foi nestes mesmos duas da vossa forte história
Emiliano José: Lucia Correia Lima 1964
Lucia Correia Lima: Emiliano José. não então. Acho que a foto foi em 76 por ai. Ele já era presidente. Foi na Base Naval.
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(Ariovaldo Matos entrevistando Jorge Amado)

Emiliano José
4 de junho 2020
Othon Jambeiro XII

Ao escrever sobre Othon Jambeiro, deparo com outro dos grandes do nosso jornalismo.
Ariovaldo Matos não foi apenas jornalista.,
Comunista, esteve sempre ligado às lutas de seu tempo.
O jornalismo, no entanto, era sua febre.
Dele, nunca se afastou.
E só deparei com ele agora por conta das reflexões de Othon envolvendo-o.
Claro, Ariovaldo é conhecido.
Dele, ouvira falar muito.
Pelo seu livro sobre a invasão do Corta-Braço, do bairro do Pero Vaz/Liberdade.
Pela participação em "O Momento", jornal do PCB.
Pela prisão em 1964.
Por contos, peças teatrais.
E pela militância no PCB.
Tenho conversado com seus filhos, Fred de modo especial.
Interessado em sua história.
Quem sabe, reúna material para escrever sobre ele nessa série.
Não será agora.
Aqui, revelo o olhar de Othon sobre ele.
Olhar de admiração, respeito, reverência.
Pego uma carona.
Reúno dois grandes.
Foram os filhos a me fazer conhecer um texto de Othon sobre Ariovaldo.
Publicado numa coletânea de contos dele, organizada por Guido Guerra, com quem compartilhei vida jornalística, um dos nossos grandes.
"A Ostra Azul" - de 1999.
"Ari, um jornalista", título do texto de Othon.
Se entitulasse "Ao mestre, com carinho" também estaria certo, tal o apreço revelado a quem tanto o ensinou.
Othon parte de uma reflexão existencial.
Na passagem pela vida, temos modelos de comportamento.
Na infância e adolescência, o pai, algum tio ou irmão mais velho, amigo bem-sucedido com as garotas ou bons de bola.
Na juventude, há uma natural e progressiva reformulação de referências.
Outros atores sobem ao palco.
Intelectuais, artistas, professores passam a conviver com pelo menos parte dos modelos anteriores no nosso imaginário.
Esses modelos com o tempo se esvaem em nossas mentes, deixando alguma marca em nossas vidas.
Usados no que convém, são depois relegados ao esquecimento.
São apeados do Olimpo, banalizados.
Há exceções, no entanto.
Os resistentes.
Insistem em morar em nosso espírito.
Não sucumbem à tempestade inconsciente, redutora de tanta gente a personagens desimportantes, restos imprestáveis.
São os modelos verdadeiros, consistentes.
Não são redutíveis a partes.
Guardam uma integridade capaz de resistir a qualquer desmonte.
Exibem uma articulação moral...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Jorginho Ramos: Com a devida vênia do mestre Florisvaldo Mattos, jornalista e poeta - ambos os exercícios praticados com excelência - posto aqui um poema que ele dedicou a Ariovaldo Matos, publicado à página 223 de "Antologia Poética e Inéditos" (Egba. 2017). Flori o teve como um mestre e guia, na pioneira redação do "Jornal da Bahia", lá pelo final dos anos 50, na ilustre companhia de Glauber Rocha, João Ubaldo Ribeiro, João Carlos Teixeira Gomes (Joca)...

Fred Matos: Eu amo esse soneto e não apenas por ser dedicado ao meu pai, mas porque é muito bem conseguido. Aproveito para agradecer a Florisvaldo Mattos. Sempre que o leio, me emociona muitíssimo.
Jose Alcino Alcino: Jornalista podem, também, virar história. Boa ou ruim.
Nelson Varón Cadena: A ABI possui cópia de documentos sobre a devassa na casa e prisão de Ariovaldo. Serão expostos ao público no novo Museu da Imprensa e Liberdade de Expressão com inauguração prevista em agosto próximo.
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(Ariovaldo Matos)

Emiliano José
5 de junho 2020
Othon Jambeiro XIII

Os sobreviventes, os resistentes no nosso imaginário, exibem uma articulação moral, psicológica, profissional, cultural, social, política, ideológica capaz de torná-los seres integrais, indivisíveis, unos.
Othon Jambeiro tem certeza: Ariovaldo Matos era um desses.
Se tomado como modelo, vinha por inteiro.
Importa pouco se quem o admira prefira o político.
Ou o escritor.
Ou o teatrólogo.
Importa pouco porque logo o admirador conclui: o comportamento político, os livros e contos, as peças teatrais carregavam todos a mesma compreensão da vida, da sociedade, dos homens.
A expressão do teatrólogo estava na política.
A expressão do escritor, nas peças teatrais.
E a política se esparramava por tudo, ora como um riacho, às vezes como um Amazonas, nas entrelinhas, nas linhas.
- Ari foi um dos mais intensos modelos de comportamento que passaram na minha vida.
Essa admiração foi crescendo ao longo da vida, até tornar-se uma serena, inafastável presença, inspiração.
Tudo começou na redação do 'Folha da Bahia", antes de 1964.
Ele, iniciando-se profissionalmente.
Num jornal sob hegemonia do PCB.
Ari, redator-chefe.
Uma vocação inegável e consolidada para o jornalismo.
- Um editor na acepção plena do termo, um líder intelectual, um formador de profissionais.
Ser editor não é para qualquer um.
Ele era um deles, dos mais completos.
Corrigia os erros dos seus comandados usando ora a crítica franca, dura, ora a lógica implacável da relação entre os fatos, ancorada em seus densos referenciais políticos, econômicos, sociais e culturais.
O fato não vinha separado de seu contexto.
Dominante, impunha-se pelo saber e pelo pensar.
Era, em primeiro lugar, um jornalista.
Um chefe de redação...
#MemóriasJornalismoEmiliano
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(Ariovaldo Matos na redação do jornal O Momento- foto tirada da pagina 3 dos anexos da dissertação de Sônia Serra) 

Emiliano José
6 de junho 2020
Othon Jambeiro XIV

Othon Jambeiro define Ariovaldo Matos.
Em primeiro lugar, um jornalista.
Em segundo, um chefe.
Capaz de decidir.
De dar a última palavra, quando necessário.
Que assumia ser ponto final na cadeia de comando do jornal.
No "Folha da Bahia", era um misto de redator-chefe, copidesque, chefe de reportagem.
Havia vários profissionais de alto nível sob o comando dele.
Ele os dirigia com tranquilidade e firmeza.
Repórter, a rigor, a rigor, apenas um: o próprio Othon.
Jornal sob hegemonia do PCB, recursos escassos, único repórter.
Dura e rica experiência para Othon.
Mas, Ari não dava moleza.
Estimulava o jovem repórter a acompanhar a composição, a revisão, a montagem e a impressão na gráfica.
Quer ser jornalista?
Tem de compreender o conjunto da obra.
Dura e rica experiência.
Uma espécie de secretário gráfico capenga.
Poder decisório, nenhum.
Mas, Ari batia pé: o verdadeiro jornalista tinha de entender como o jornal era feito, compreender todo o processo produtivo: da reportagem à distribuição.
Quando mais tarde entrou para o curso de Jornalismo, fui compreender melhor o quanto ele tinha razão.
Os mestres, a gente às vezes só vai reconhecer mais tarde, com as lições do tempo, senhor da razão.
Foi assim com Ari.
Othon ia aceitando, ele esticando a corda, trabalho duro.
Formando o jornalista, sabendo o que fazia.
Mais tarde, poderá dizer: a gente sabe a quem chama de mestre.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Jorginho Ramos: Eis uma nota que saiu (a contragosto dele, naturalmente...) na coluna social do "Jornal da Bahia" em 1960. Ariovaldo Matos estava completando 36 anos e era o Redator Chefe do "Jornal da Bahia".
Emiliano José: Jorginho Ramos Obrigado, Jorginho
Edson Valadares: Muito bom...visão completa de todo o processo, profissional com olhar estratégico.
Aquele que enxerga a floresta e não só a árvore.
👏👏👏👏
Joaquim Lisboa Neto: No Posseiro diagramador não jogava solto
Eu dando pitacos 
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Emiliano José
7 de junho 2020
Othon Jambeiro XV

A "Folha da Bahia" é fechada pelo Exército em 1964.
Ditadura é ditadura.
Othon Jambeiro é preso.
Ariovaldo Matos, também.
Ligados ao PCB, não ficariam nas ruas.
Othon só virá a reencontrar-se com Ari em 1967.
Por pouco tempo.
Passou três meses como secretário de Redação do IC Shopping News.
Ari, redator--chefe.
Ainda cheguei a alcançar o IC Shopping News funcionando.
Foi uma escola também.
Denilson Vasconcelos, meu cunhado, creio, passou por lá.
Funcionava então na rua em frente ao Colégio Central, se não estiver enganado.
Othon aperfeiçoou os conhecimentos em diagramação, composição, montagem.
Exatamente aqueles cujos rudimentos havia adquirido no "Folha da Bahia" antes de 64.
Além de secretário de Redação, Othon também escrevia pequenas notas.
Num dos turnos, trabalhava como correspondente da Folha de S. Paulo.
Othon reconhece ter convivido com vários bons profissionais vida afora.
Ter sido aluno de bons professores no Curso de Jornalismo da UFBA.
Deles, recolheu muitos ensinamentos para o comportamento na vida privada e no exercício profissional.
Ariovaldo Matos, no entanto, o marcou de modo definitivo.
Pudesse selecionar, ele indicaria duas razões para tanto ao olhar para o passado dessa convivência.
A primeira: pela clareza e objetividade no tratamento dos assuntos.
Ari buscava a essência dos fatos para fundamentar suas análises.
A segunda: a convicção com que exercia o jornalismo.
Enquanto profissional, era jornalista.
E só.
Isso lhe bastava.
Tudo o mais em sua vida, decorreu daí: ser jornalista.
Sua herança intelectual emerge do jornalismo, exercido não apaixonadamente, mas politicamente, no amplo sentido de que esta atividade profissional, assim como a dos políticos, molda a vida em sociedade.
Ao finalizar a trajetória de Othon, registro: o encontro com Ariovaldo Matos fez dele também um Mestre.
Dos grandes do nosso jornalismo.
Um grande professor.
Jornalista.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Denilson Vasconcelos: Sim, Emiliano, tive o prazer de trabalhar no IC ao lado de Gustavo Falcon. Até brincávamos que aquele era o nosso jornal alternativo, pois tocávamos pautas ousadas. A grana era curta, mas a satisfação profissional era grande. Após algum tempo, saímos de perto do Central e fomos lá pro Acupe.
Emiliano José: Denilson Vasconcelos Boa contribuição, meu velho.
Fred Matos: Eu me lembro do IC em um prédio no Relógio de São Pedro.
Carmem Lula De Farias: Lembro do IC no Acupe. Fui pedir apoio pra um projeto do Jornalzinho da Ala Jovem de Jequié.
Fred Matos: Talvez tenha tido muitos endereços, Carmem.
Jorginho Ramos: Quando o aprendiz atinge a dimensão do mestre !
Emiliano José: Jorginho Ramos Perfeito, Jorginho.
Othon Jambeiro: Jorginho Ramos Tive, ao lado de Ari, outro grande e inesquecível mestre do jornalismo: José Gorender. Amigos inseparáveis, completavam-se: se Ari era o grande editor, na acepção real do termo, Gorender era um extraordinário redator. Sucinto, objetivo, frio se necessário, ardente quando os fatos exigiam, era um cultor das palavras e dos seus significados. Era capaz de resumir contextos complexos em poucas linhas e de expandir situações simples em páginas. Ficamos presos juntos no Barbalho e nos anos recentes, antes de seu falecimento, praticamente todas as semanas almoçamos juntos, muitas vezes em companhia de Mauricio Naiberg, Joselito Abreu, Milton Carvalho (Miltinho), Juracy Costa e outras grandes figuras baianas do século XX.
Mônica Bichara: Aê Emiliano José, encerrando esse capítulo com chave de ouro, com esse acréscimo do protagonista Othon Jambeiro
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(Comissão da Verdade)

Emiliano José
8 de junho 2020
Othon Jambeiro XVI

É, você vai escrevendo, e lá vem coisa.
É a história.
São histórias.
Othon Jambeiro faz questão de não deixar de lado outra grande referência em sua trajetória.
Insiste em prestar um "Tributo a José Gorender", título de artigo escrito por ele em "A Tarde" de 20 de março de 2002, data de sua morte.
Merecido tributo.
Nome de batismo José Gregório Gorender.
Conhecido como José Gorender.
Para os mais íntimos e velhos amigos, Iúca.
Nomes de guerra, inúmeros.
Frutos de longa militância no PCB.
Sairá do partido em 1958.
Os crimes de Stalin, uma traição ao humanismo cultivado por ele.
Jornalista da velha cepa, um dos últimos profissionais de consistente formação autodidata.
Daqueles argutos observadores da alma humana, herdeiros de uma tradição jornalística universalista.
Exercer a profissão tentando sempre compreender e expressar o mundo a partir dos princípios básicos da vida em sociedade.
Afinal, aí não são palavras de Othon, são minhas, era de formação comunista, pensava o mundo sempre em sua totalidade, e isso está também de alguma forma no texto de "A Tarde".
Naquele tempo, e já faz muito tempo, o bom profissional se formava na redação.
Não se está dizendo ser bom ou ruim.
Era assim.
O foca começava a ralar na reportagem de polícia.
É, meu irmão, minha irmã, era convivendo, tratando diariamente com o sangue, a bala, o roubo, com os trágicos resultados dessa sociedade tão desigual, racista desde sempre, com as mazelas todas dela, é, vinha disso tudo o aprendizado do jornalismo, espécie de rito de passagem.
À cobertura política, econômica, aos salões do poder, à variedade de assuntos da reportagem geral, chegava-se aos poucos.
Era necessário curtir o couro, saber lidar com os assuntos crus, sangue no asfalto, faca, tiro da cobertura policial.
Suportasse esse mundo, estava pronto.
Apto a outras tarefas.
Gorender era desse tempo.
Era um universalista.
Metódico.
Uma capacidade fantástica de escrever sobre qualquer assunto, com espantosa convicção.
Cultivava um estilo...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Luiz Lamego Lamego: IUCA PRESENTE
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Emiliano José
9 de junho 2020
Othon Jambeiro XVII

José Gorender cultivava um estilo simples.
Linguagem seca.
Talvez, e a especulação é minha, não de Othon Jambeiro, buscasse inspiração em Graciliano Ramos.
De passagem, digo: todo jornalista devia ler "Vidas Secas".
Ler, reler, passar a vida com o livro ao lado.
Gorender seguia os passos do mestre Graciliano Ramos, muito embora não possa assegurar o tivesse lido.
Dificilmente não o fez.
Com Gorender, a linguagem era polida, limpa.
Adjetivos, só os imprescindíveis, onde pudessem contribuir para expressar a verdade.
Frases curtas.
Conteúdo preciso.
Curioso: produziu muito, assinou pouco.
Centenas de artigos, discursos, relatórios escritos para jornais, revistas, empresários,. políticos.
Era reclamado por muita gente, e o fazia sempre com muita esponsabilidade profissional.
Nas redações onde trabalhou era o editorialista ou o redator quase sempre anônimo.
O que expressava a opinião do jornal ou burilava os textos dos repórteres.
Assinou uma coluna de cinema no "Jornal da Bahia".
Mas, usava pseudônimo.
Fosse qual fosse a situação, no entanto, exercia sempre o papel de guardião do estilo profissional.
Mestre.
Nele, um vasto acervo da cultura jornalística, cuja continuidade fazia questão de assegurar.
Repassava essa cultura aos novos jornalistas, cuidando de adaptá-la aos novos tempos, como diz Othon em seu artigo para o jornal "A Tarde".
Era o principal redator do "Folha da Bahia", Ariovaldo Matos redator-chefe, onde Othon iniciou vida jornalística.
Othon, bom repórter, lembra da rotina diária dele.
Sentava-se à esquerda de Ariovaldo Matos.
Todo dia, repetia o mesmo gesto antes de iniciar o trabalho: tirava relógio e aliança, e cuidadosamente guardava-os na gaveta.
Vá lá se saber por quê.
Manias.
Quem não as têm?
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Joana D'arck: Tinha cá minhas manias também. Agora com o covid19 ganhei mais uma. Virei a louca do sabão e da lavagem de mãos.🙃
Emiliano José: Joana D'arck Muita gente...
Fred Matos: Gorender era rapidíssimo na datilografia. Eu acho que era essa a razão de tirar o relógio e a aliança. Para não atrapalhar.
Sérgio Gorender: A leitura destes ótimos textos seus sobre jornalismo e falando sobre meu pai trazem muitas saudades! Obrigado Emiliano! Abraços!
Fred Matos: Bom te rever, Serginho. Mandei um pedido de amizade. Grande abraço.
Sérgio Gorender: Confirmado Fred! Falei com Zé de quando terminar a quarentena marcarmos um encontro das famílias. Grande abraço!
Fred Matos: Eu estou morando em um sítio nas montanhas ferríferas de Minas Gerais, mas nos veremos se surgir uma oportunidade de ir a Salvador.
Luiz Lamego Lamego: Outra mania de Ze Gorender era um tablete de chocolate na gaveta que consumia aos poucoS enquanto metralhava sua máquina de escrever.Saudades do meu amigo IUCA.
Fred Matos: Lembro-me disso também
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Emiliano José
10 de junho 2020
Othon Jambeiro XVIII

Tirava o relógio, a aliança.
Guardava-os na gaveta.
Era essa rotina de José Gorender logo ao sentar-se.
Isso é contado por Othon Jambeiro.
Daí em diante, escrever.
O texto saía límpido, cristalino, direto, racional.
E aí Othon situa uma diferença entre os dois: Ariovaldo Matos e José Gorender, as duas figuras centrais do jornal "Folha da Bahia".
Diferença gritante - acentua.
Ari, impulsivo, emocional, faro jornalístico muito acima da média, capacidade rara de compreender o fato, suas causas e consequências.
Gorender, o analista rigoroso.
Reprimia a emoção, media cuidadosamente o alcance das palavras.
Delimitava precisamente o objetivo a ser atingido por seu texto.
Visava a eficácia no seu trabalho.
Infenso à vaidade.
Um, talento impulsionado pela emoção - Ari.
O outro, talento balizado pela razão - Gorender.
Completavam-se.
Othon, 22 anos, repórter, tinha seus textos corrigidos e refinados por Gorender.
Qual velho mestre, e era mestre, chamava Othon, discutia as razões das mudanças feitas, explicava o porquê de cada uma delas.
Aconselhava:
- Leia mais jornal.
Completava:
- A melhor maneira de aprender a escrever para jornal é ler bons jornais.
O mestre foi ensinando.
O texto de jornal é uma construção coletiva, hierarquizada.
O trabalho de todos é imprescindível.
Todos dependem de todos.
Ninguém é bom pelo lugar ocupado, mas por fazer bem a sua parte, qualquer seja, somando-se ao todo.
Um privilégio ter convivido com um mestre com tal sabedoria.
Dois: Gorender e Ari.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Jose Jesus Barreto: com o advento de novas tecnologias e plataformas, o trabalho jornalístico teria se tornado uma tarefa menos coletiva ? e daí um jornalismo com menos rigor e menor credibilidade?
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Emiliano José
11 de junho 2020
Othon Jambeiro XIX

As diferenças entre os dois, José Gorender e Ariovaldo Matos, apontadas com propriedade por Othon Jambeiro, nunca abalaram a profunda amizade a uni-los.
Eram elementos de enriquecimento, estímulos para a convivência.
Às vezes, discutiam, as visões diferentes vinham à tona.
José Carlos Teixeira me contou uma dessas discussões.
Peço licença a Othon para inclui-la aqui.
Convivemos bastante, Teixeirinha e eu, no dia a dia jornalístico.
É amigo querido.
Passava pelo IC Shopping News um dia.
Entregar uma correspondência.
Aguardava ser atendido.
Bem ao lado da mesa de Ari e Gorender.
De repente, assiste a uma discussão entre os dois.
Gorender passava a caneta num texto curto de
Ariovaldo, uma nota.
Copidescava.
Só ele mesmo pra meter a mão em texto de Ari.
Começou a controvérsia.
O motivo: um Pinto.
Pinto Calçudo.
- Ari, ninguém irá saber quem é esse tal de Pinto Calçudo.
Argumentava, como de seu feitio: é preciso informar o leitor, dar mais detalhes sobre quem é esse Pinto Calçudo.
- É uma nota curta, Gorender. Não há espaço pra isso.
E defendia-se: além do mais, o importante é a citação, não o autor.
De repente, Ari volta-se para Teixeirinha, atento à conversa, em pé, ao lado da mesa ocupada por ambos:
- Você sabe quem é Pinto Calçudo?
Teixeirinha não esperava.
Surpreendido, cauteloso, responde interrogando, espécie de defesa inconsciente para a hipótese bastante provável de cometer um erro:
- Não é um personagem de Oswald de Andrade?
Ari abriu-se num sorriso vitorioso, e dirigiu-se a Gorender:
- Está vendo? Todo mundo sabe quem é Pinto Calçudo.
Gorender não se deu por vencido.
Virou-se para Teixeirinha e perguntou...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Mônica Bichara: E vamos de memórias..,viajando nessas lembranças
Emiliano José: Mônica Bichara logo logo terminamos...
Mônica Bichara: Emiliano José sem pressa, está super interessante 
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Emiliano José
12 de junho 2020
Othon Jambeiro XX

Ontem, contávamos a controvérsia sobre o Pinto.
Pinto Calçudo.
Fizemos uma pausa no relato de Othon Jambeiro sobre José Gorender.
Logo logo retornamos.
Discussão entre Ariovaldo Matos e José Gorender.
O copy, Gorender, insistia: a nota de Ari devia conter uma explicação sobre o personagem.
O leitor não tinha obrigação de conhecê-lo.
José Carlos Teixeira, provocado por Ari, responde ser um personagem de Oswald de Andrade.
Deixou Ari exultante.
Sorridente, dirige-se a Gorender:
- Tá vendo aí! Pra quê render mais? Deixa a nota como está. Pinto Calçudo é conhecido.
Teixeirinha no meio dos dois mestres.
Gorender volta-se pra ele e pergunta:
- Você faz o que na vida?
- Sou jornalista - responde, todo cheio de si, orgulhoso por participar da conversa dos dois, consagrados profissionais.
Gorender volta-se para Ari, também rindo:
- Não vale. O jovem é jornalista, tem a obrigação de saber. Não é leitor comum.
A conversa ia render.
Teixeirinha aproveitou uma brecha, entregou o envelope trazido em mãos, recebeu a correspondência que viera buscar, despediu-se e saiu falando baixinho:
- Preciso reler Oswald de Andrade.
Tantos anos passados, quatro décadas talvez, e não se recorda qual a citação atribuída a Pinto Calçudo por Oswald de Andrade naquele caso, capaz de render discussão tão intensa.
Teixeirinha pensa.
Tinha voltado a ler Oswald de Andrade.
Com algum zelo.
Podia arriscar.
Busca uma, do livro "Serafim Ponte Grande":
- Para defender a liberdade de pensamento, eu iria às barricadas.
Talvez esta.
Quer algo mais atual?
#MemóriasJornalismoEmiliano
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Emiliano José
13 de junho 2020
Othon Jambeiro XXI

Foi o coronel Marino Freire Dantas, chefe da 2ª Seção da VI Região Militar, quem deu voz de prisão a Othon Jambeiro.
Era o dia 4 de abril de 1964.
Melhor ser preso pelo Exército.
Não fosse, poderia cair nas garras do capitão Etiene, da PM, um destemperado caçador de comunistas naquele momento.
A leitora, leitor, não se animem: não vou contar saga da prisão de Othon.
Quiserem saber, e garanto valer a pena, mergulhem na leitura do "Galeria F : Lembranças do Mar Cinzento", volume um.
Está tudo lá.
Conto isso agora apenas como um gancho.
A voz de prisão foi dada no Quartel-General da VI Região Militar.
De lá, Othon é mandado para o Quartel do Barbalho.
Lá, já havia vários presos.
Muitos: dezenove numa única cela, espaço onde caberiam no máximo dez pessoas.
O advogado Walter Filizola.
Ascendino da Silva Bina.
Muitos operários da Petrobras.
E José Gorender.
Reencontravam-se, ele e Othon.
Os dois passaram a jogar xadrez diariamente.
Gorender, impassível diante de uma situação absurda, plena de maus tratos: 19 dias sem banho, sem escovar os dentes, usando uma lata de querosene como latrina, a cela frequentemente inundada pela chuva, imagine o pandemônio, agravado pelo fato do acotovelamento de 19 pessoas.
Ele, vindo da tradição comunista, parecia um monge budista.
Falava pouco - o silêncio é de ouro.
E falava baixo - falar alto incomoda as pessoas.
Com sua autoridade, recomendava as mesmas atitudes a todos.
Tornava a convivência mais saudável.
Vivi as agruras de uma cela do Barbalho, em 1970.
Era metódico, o Gorender: demorou uma semana para comer uma barra de chocolate.
Degustava gostosa e demoradamente cada pedacinho daquela barra, uma preciosidade.
Uma semana.
Era parcimonioso, espartano, econômico com todas as merendas recebidas de familiares e amigos, talvez por judeu e pobre.
Não economizava críticas a Ascendino da Silva Bina, presidente do Sindicato dos Ferroviários de Ilhéus, pela voracidade com que devorava todos os mimos alimentícios recebidos, e ao próprio Othon, também glutão...
#MemóriasJornalismoEmiliano 
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Emiliano José
14 de junho 2020
Othon Jambeiro XXII

Othon Jambeiro lembra-se de quando sua mulher, Sônia Serra, também professora da Facom, fazia a dissertação de Mestrado sobre o jornal "O Momento".
Esses dias, Sônia me mandou os originais de seu trabalho.
Preciosidade.
Publicação do PCB, existiu de 1945 a 1957.
Nos seus mais de 12 anos de existência, foram publicados 55 números como semanário e aproximadamente 2700 como jornal diário, um acervo a que Sônia teve acesso.
O PCB tinha uma imprensa.
Jornais por todo o País.
O trabalho de Sônia mergulha na experiência de "O Momento", iniciativa do comunista João Falcão, impulsionada pelo partido.
Mais tarde, em 1958, Falcão funda o "Jornal da Bahia", já fora do PCB.
Obviamente uma publicação partidária, com um jornalismo voltado à defesa das posições do PCB, "O Momento".
Duramente perseguido durante toda sua existência, empastelado mais de uma vez.
Othon recorda-se de Sônia procurando José Gorender para depoimentos sobre o jornal.
Ele começou a trabalhar no jornal em setembro de 1947.
Saiu quando a experiência teve fim, dez anos depois.
Foi articulista.
Redator-chefe.
E durante algum tempo substituiu Aristeu Nogueira como diretor.
Viveu intensamente aquela experiência.
Aceitou de bom grado dar depoimentos.
Longos, vários.
Precisos.
Fonte essencial de Sônia.
Em homenagem ao seu incontestável saber autodidata, o professor Ubiratan Castro, orientador da dissertação na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, convidou-o para compor a comissão examinadora.
Uma justa homenagem.
O saber intelectual não requer necessariamente o título acadêmico.
Gorender, prova disso.
Compareceu...
#MemóriasJornalismoEmiliano
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Emiliano José
15 de junho 2020
Othon Jambeiro XXIII

José Gorender aceitou o convite do professor Ubiratan Castro para compor a banca examinadora da dissertação de Sônia Serra sobre o jornal "O Momento".
Othon Jambeiro revela: Gorender compareceu notoriamente comovido, grato pelo convite.
Participou com finura e civilidade da arguição da mestranda.
Era uma homenagem.
Sônia e Othon tinham consciência disso.
Não uma homenagem gratuita.
Convidado pelas credenciais.
As da história.
As da participação direta no jornal.
E pela capacidade de sistematização, saber, erudição até.
Foi distinguido entre tantas outras figuras, também de grande valor.
Alguns, também eruditos.
Sônia recolheu depoimento de João Falcão.
Diretor da revista "Seiva", surgida em pleno Estado Novo, foi fundador de "O Momento" e seu diretor até o início de 1947, quando o PCB o envia para o Rio de Janeiro, confiando-lhe a segurança pessoal de Luiz Carlos Prestes, mergulhado na clandestinidade. Autor de muitos livros.
Ouviu Almir Matos.
Compôs a equipe do jornal desde o início. Alçado a secretário em outubro de 1945, redator-chefe em 1946, substitui João Falcão como diretor até o final de 1951. Em 1952, cai na clandestinidade, e passa a atuar no "Voz Operária", publicação principal do PCB.
Aristeu Nogueira, outro a dar depoimento.
Em maio de 1947, estreava no jornal. Era o proprietário legal e seu gerente. Dá uma pausa, retorna em 1952 e acumula durante algum tempo as funções de diretor e gerente.
Jacob Gorender também enriqueceu o trabalho de Sônia.
Redator-chefe da revista "Seiva", ingressa no jornal em 1945, logo após retornar da Itália, onde serviu na Força Expedicionária Brasileira (FEB), combatendo o nazifascismo. Aparece no expediente como redator-chefe em outubro de 1945, logo depois secretário. Em outubro de 1946, segue pro Sul para trabalhar no "Voz Operária", e logo vai para a clandestinidade quando a ilegalidade do PCB é declarada. Vai se notabilizar como um dos maiores intelectuais brasileiros.
Como se vê, foram muitos os depoimentos, e de personalidades políticas fundamentais da história, a evidenciar o significado do convite a José Gorender para compor a banca examinadora de Sônia Serra.
Há outros...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Carlos Pereira Neto Siuffo: Emiliano, essa tese foi publicada?
Emiliano José: Carlos Pereira Neto Siuffo Infelizmente, não. E Sônia não parece disposta a fazê-lo. Coisas da academia.
Emiliano José: Carlos Pereira Neto Siuffo Seria de muita utilidade.
Carlos Pereira Neto Siuffo: Emiliano José Pena, mas o acesso é possível?
Carlos Pereira Neto Siuffo: Milton Pinheiro
Emiliano José: Carlos Pereira Neto Siuffo Meu velho, ela me mandou por e-mail. Já havia pedido durante comemoração dos 40 anos de formatura de nossa turma. Agora, me mandou. Sou antigo: imprimi. Está me servindo lateralmente para a pequena série sobre Othon. Talvez, quem sabe você dando uma palavra com ela, consiga. Vale a pena.
Carlos Pereira Neto Siuffo: Emiliano José Ok, tenho alguns camaradas que pesquisam o PCB, certamente eles procurarão. Ela é filha do Milton Caires, não é?
Emiliano José: Carlos Pereira Neto Siuffo Penso que não. Sem certeza, acho ser Marusia, primeira mulher de Othon.
Carlos Pereira Neto Siuffo: Marcelo Marcelo Da Silva Lins, Maíza Ferreira,
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(Sessão de instalação da Comissão da Verdade da UFBA, pela então reitora Dora Leal)

Emiliano José
16 de junho 2020
Othon Jambeiro XXIV

É a história do fio de Ariadne: você vai puxando puxando e a história crescendo crescendo.
Sem fim, se você não toma cuidado.
Meu protagonista é Othon Jambeiro, vocês sabem.
Ele é o estimulador desse encompridamento.
Tudo isso por conta da relação de amizade dele com Ariovaldo Matos e José Gorender, dois de seus mestres no Jornalismo.
Ninguém é um ser solitário.
Por isso, a gente vai contando, e as visões se clareando, lembrei agora de Vandré: prepare seu coração pras coisas que eu vou contar...
Sônia Serra ouviu muita gente para chegar ao formato final de sua dissertação sobre o jornal "O Momento", do PCB.
Ariovaldo Matos, amigo e companheiro de militância e profissão de José Gorender, um deles
Trabalhou no jornal na fase inicial, cobriu esportes num primeiro momento, depois avançou como repórter para várias outras áreas, tornou-se redator. Chegou a secretário de Redação e ao final da publicação era seu redator-chefe.
Gozado, convivi com Misael Peixoto na minha fase inicial da "Tribuna da Bahia", 1974. Sentava à sua mesa de diagramação, fazia seu trabalho em silêncio, nada conheci de sua história.
Aquele silêncio impunha respeito, quanto mais para focas, como eu.
Sônia o ouviu.
Começou em 1953 como repórter de "O Momento", e logo ascendeu à condição de secretário de Redação. Mais tarde, designado para a secretaria da Oficina, ficou até o fim do jornal.
De Jafé Borges, Sônia recolhe a informação de que a maior participação dele ocorre na fase do declínio, após o empastelamento de 1953. Chega a ocupar a secretaria de Redação. Em julho de 1957, rompe com o PCB e afasta-se do jornal.
Luís Henrique Dias Tavares começou sua vida jornalística logo no segundo número do jornal, como revisor. Repórter, redator, permanece no jornal até julho de 1952. Afasta-se não por rompimento com o PCB, mas "por circunstâncias da vida". Continuou durante algum tempo a colaborar com o jornal, especialmente na área da Cultura. Tornou-se um dos maiores historiadores da Bahia.
O PCB foi uma escola de jornalismo país afora. Por isso, faço questão de lembrar esses nomes ouvidos por Sônia.
São parte da história do jornalismo brasileiro.
Ouviu alguns outros...
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Jose Jesus Barreto: Misael , figura querida, um mestre formador de muitos profissionais de diagramação na Bahia.
Emiliano José: Jose Jesus Barreto a gente vai mergulhando na história, e conhecendo
Joana D'arck: Vai puxando esse fio de histórias que tá bom
Emiliano José: Joana D'arck É o texto a me levar, mando nele não, os personagens me tomam pelas mãos e lá vou eu...
Mônica Bichara: Vai simbora, tá muito bom o rumo dessa prosa
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(Em Londres durante o doutorado)

Emiliano José
17 de junho 2020
Othon Jambeiro XXV

Foi um garimpo, o trabalho de Sônia Serra.
Já disse a ela: a dissertação merece publicação.
Carlos Pereira Neto Siuffo esses dias me perguntou sobre o estudo, e eu não tinha jeito de indicar onde encontrá-lo.
Carlinhos, assim o chamávamos nas nossas jornadas militantes em Salvador, creio o quisesse por conta de seu interesse na história do PCB, e "O Momento" é parte dela.
A mim, chegou-me devido à minha insistência.
Numa comemoração dos quarenta anos de formatura - é isso, Jorginho Ramos? - pedi.
Ela não negou, mas...
Esses dias, conversando com Othon Jambeiro por telefone, aproveitei a carona, e pedi pra falar com ela.
Insisti.
Horas depois, chegou por e-mail.
Está aqui, impressa.
Antigo, não creio em arquivo virtual.
Conservadorismo.
Agradeço muito a distinção.
Houve outros depoimentos.
Carlos Anibal Brandão Correia integrou a equipe inicial de "O Momento", depois de ter colaborado com a revista "Seiva". Até meados de 1946, repórter. Desentende-se com Mário Alves, e rompe com o PCB "por divergência não de princípio mas de estratégia". Eleito deputado estadual pelo PTB nas eleições de janeiro de 1947, continuou próximo do jornal.
José Olímpio da Rocha Neto entra para o jornal em 1948. Não estava cumprindo tarefa partidária, não era do PCB. Fez de "O Momento" sua escola: queria aprender a profissão e obter o registro. Cobria polícia e fazia coluna social. Saiu para consolidar a profissionalização. Convivi com ele na "Tribuna da Bahia".
Dá destaque a Maurício Naiberg, operário, judeu e comunista. De longe, eu o via na minha fase inicial do "Jornal da Bahia", ele sempre em funções dirigentes, ali na segunda metade dos anos 1970. Começou em "O Momento" no final de 1951. Era Augusto Gomes, nome de clandestino. No Rio de Janeiro, a militância no PCB havia lhe rendido várias prisões e torturas. Foi destacado para o trabalho de finanças, um dos responsáveis pela sobrevivência do diário.
Há ainda os depoimentos de Antonio Lobo e Jandir Reis, indispensáveis linotipistas.
Garimpo, cuidadoso garimpo, o de Sônia.
Desvenda a trajetória dos dois mestres de Othon, Ariovaldo Matos e José Gorender, e sobretudo a extraordinária história de "O Momento".
Vamos esperar a publicação.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Denilson Vasconcelos: 👏👏
Jorginho Ramos: É preciso que venha à luz esse trabalho de muita irrelevância pois resgata uma parte da história do jornalismo e da imprensa da Bahia.
Emiliano José: Jorginho Ramos Jorginho, corretor lhe deu um drible... Ou não?
Jorginho Ramos: Emiliano José ...referi-me à necessidade de publicação do trabalho de Sônia Serra .
Emiliano José: Jorginho Ramos falou de "muita irrelevância"...
Sérgio Gorender: Maurício Naiberg era Gominho para os amigos. Fomos vizinhos por muitos anos na Av. Paulo VI, na época era Rua do Colégio Militar. Em um conjunto de 5 casa morávamos em uma esquina, Ari na outra, e Gominho na casa do meio. 
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(Em eventos do Sindicato dos Jornalistas da Bahia - Sinjorba)

Emiliano José
18 de junho 2020
Othon Jambeiro XXVI

Toda semana o grupo de velhos amigos dava um jeito de almoçar juntos.
Othon Jambeiro lembra de alguns deles, não apenas de José Gorender: Maurício Naiberg, Miltinho, Zelito Abreu, Walter Lessa, Octacílio Fonseca, Zezito Contreiras e Juracy Costa.
Havia outros jornalistas nesse almoço semanal.
Era um encontro de velhos companheiros.
Pra jogar conversa fora, a melhor conversa sempre.
Descontraído.
Revisitavam o passado.
Discutiam o presente.
Nada pré pautado.
Nada a resolver.
Celebração da amizade.
Nenhum interesse intermediando as falas.
Troca de informações, de ideias, de opiniões.
Às vezes, inevitáveis comentários sobre o passado.
Saudades animam a vida.
Não faltavam histórias hilariantes.
O meio jornalístico é pródigo.
No dia 15 de março de 2002, Gorender morreu.
Deixou uma lacuna incapaz de ser preenchida.
Othon sintetiza:
- O judeu pobre que se transformou num dos melhores jornalistas de sua geração, que se recusou a ir para os jornais do Rio e São Paulo, nas tantas vezes em que o convidaram, foi um jornalista e um homem do seu tempo. E só. E nada mais quis ser.
Desses mestres, José Gorender e Ariovaldo Matos, Othon Jambeiro jamais esquecerá.
#MemóriasJornalismoEmiliano

COMENTÁRIOS

Frederico Füllgraf: Beleza de Memória! Abracao meu amigo Emiliano José. Oxalá a vida nos brinde logo uma mesa com deliciosa conversa.
Emiliano José: Frederico Füllgraf Vai brindar
Carlos Pereira Neto Siuffo: Grande histórias.Emiliano, de vc ouvi a frase: "quem rouba livros é amigo". Emprestei para Othom os livros Memórias de Cárcere, quando estava passando o filme, ele me devolveu. Nem sempre o amigo rouba o livro. Eu roubei um seu sobre dialética, de Pavel Kopnin.
Emiliano José: Carlos Pereira Neto Siuffo Está em ótimas mãos. Se tiver portador, vendo os dois volumes da biografia do Waldir, e leva de brinde "A última clandestina em Paris", quinto volume do Galeria F. Pegar ou largar. Abração.
Carlos Pereira Neto Siuffo: Quando terminar a pandemia, eu vou a Salvador, lhe procuro, dou um forte abraço e compro os livros. Um abração. Pode reservar.
Emiliano José: Reservado. E leva um de brinde
Roberto Varjão: Emiliano, um ELEFANTE das #memóriasdojornalismo
Grato, querido mestre!
Sérgio Gorender: Meu pai adorava estes almoços! Chegava em casa feliz. Após sua morte fui convidado a participar de um! Acho que como homenagem
                                      *******************************
(Com a professora Ilka Bichara, minha irmã, tomando posse na Comissão da Verdade da UFBA)



(Com turma de formandos de jornalismo da Facom, com os também professores Albino Rubim e Helô Sampaio)

 (Os irmãos Jambeiro)

(Com a jornalista Rosane Santana)











Comentários

  1. Só tenho elogios para fazer ao professor Othon Jambeiro, meu grande mestre. Amei sua trajetória, tão lindamente narrada, como sempre, pelo mestre/escritor/poeta/querido colega Emiliano José. Reproduzo abaixo, oque postei no link do Pilha Pura, no Facebook.

    "Que linda e rica trajetória do eterno querido professor Othon Jambeiro. Pena que não pude acompanhar os capítulos para degustar e comentar diariamente os textos do nosso escritor/poeta Emiliano José. Como estou entrando pouquíssimo no Face, olho geralmente, postagens em que estou marcada ou que vão para notificações. Mas, assim que vi a postagem marcada pela editora Mônica Bicharao (parabéns, de novo), parei tudo para ler, sem interrupção, a história desse meu inesquecível mestre, por quem tenho eterna gratidão. pelo grande aprendizado que me proporcionou, como professor, no curso na EBC, e orientador nas atividades que realizei como bolsista de trabalho (que ele me conseguiu, na Ufba), por meio da qual ingressei no mercado de trabalho, ainda como estagiária, em projeto de pesquisa e na Assessoria de Imprensa da Reitoria. Conhecendo mais ainda a sua trajetória, aumenta, sem nenhuma demagogia, a minha admiração e respeito por ele, uma pessoa serena, gentil, educada, respeitosa..., um profissional ético, competente, de uma seriedade ímpar, que trabalha, cria, inova... sem buscar os holofotes.
    Parabéns, Othon Jambeiro. Você merece essa homenagem por sua exemplar história, que enriquece o nosso Jornalismo. Um beijo e um fortíssimo abraço. Também para a querida Sônia.❤️❤️"

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  2. Nosso Pilha tá cada dia mais importante, mais compenetrado com a chegada de tanta gente brilhante. Feliz ideia essa de Mônica de postar aqui essas memórias de Emiliano, sempre tão ricas em detalhes e narradas de forma tão envolvente sobre trajetória de colegas e mestres do jornalismo. Essa essa de Othon Jambeiro tá uma viagem e tanto!

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  3. Aí,aí Emiliano... você conseguiu uma editora da porra para as suas memórias, viu! Aliás, você foi muito feliz e honesto quando disse " que se fez minha editora" , porque foi bem assim. Depois da primeira edição de seus textos aqui no Pilha, Mônica Bichara só faz se superar. Dando show comadre!

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    1. Aiai digo eu, adorando essa missão e esse título de "minha editora". Imagine a responsabilidade de meter meu bedelho entre 2 mestres ...muita ousadia. Que bom que você gostou, Jô

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  4. Amei meu irmão é tudo isto e muito mais é meu Anjo protetor

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    1. Que bom, é maravilhoso viver cercado por anjos. Parabéns pelo irmão, grande figura, excelente jornalista e um professor inesquecível que vem formando gerações de colegas

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  5. Belo registro da grande figura humana que é Othon Jambeiro, para além de sua brilhante trajetória intelectual. Mestre amado e admirado por muitas gerações de alunos que formou e ainda forma na Universidade Federal da Bahia.

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