Falar do companheiro Jadson Oliveira é relembrar parte da minha trajetória no jornalismo, mas também de amizade, companheirismo, farra, solidariedade. O “Cururu” comunista que conheci no Jornal da Bahia quando cheguei pra estagiar, que me apresentou ao jornal “O Movimento”, confirmava para a militante do movimento estudantil que eu estava no lugar certo, na hora certa. A redação, com raras exceções, pensava como eu e reforçava minhas convicções. Tive sorte. Não ganhei dinheiro, mas foi lá no JBa que ganhei um tesouro em forma de amigos para a vida toda. E Jadson foi um deles. Evidentemente!
Depois de 4 anos assessorando comunistas na Câmara Municipal, recebo um convite de Carmela Talento para integrar sua editoria de política na Tribuna da Bahia. E quem estava lá também? Jadson, evidentemente! Ele e os demais “companheiros” que passariam a completar minha irmandade no jornalismo, a exemplo da comadre Joana D´Árck. Se o Abaixadinho falasse.............
Econômico, nosso cururu atendeu aos apelos do mestre Emiliano José para escrever sobre suas memórias no jornalismo, mas não passou de poucas linhas. Daí o curto espaço dedicado a ele nesse capítulo. Emiliano sabe que Jadson poderia render um livro só com suas lembranças do JBa, TB, Movimento, Estadão, Assembleia...mas a modéstia (evidentemente) não deixou que ele viajasse no tempo.
Espero conseguir recuperar um pouco aqui neste espaço, com fotos, a falta de texto. E comprovar que o companheiro Jadson continua sendo nosso cururu. Assim que se aposentou, em 2007, realizou o sonho de viajar pelo Brasil (Manaus, Belém - Fórum Social Mundial/2009, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Palmas, Goiânia, Campo Grande e Rio de Janeiro) e países da América Latina e Caribe.
Além de morar duas vezes em Cuba, evidentemente, esteve também na Venezuela, Paraguai, Bolívia, Trinidad e Tobago, Argentina, Uruguai, Equador e Chile. Acompanhou campanhas eleitorais de Evo Morales (2009), Hugo Chávez (2012) e Dilma (2010, em São Paulo).
Felizmente, ele não aposentou a caneta e o bloquinho (e a máquina fotográfica que aprendeu a usar em suas andanças) e continua nos brindando com textos maravilhosos sobre política (evidentemente) no Brasil, América Latina e Caribe no seu blog.
O nome do blog? Evidentemente! É claro
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(Na Tribuna da Bahia)
Emiliano José
23 de maio 2019
Jadson jornalista, cidadão, militante
Uma fábrica barulhenta.
Era assim que podia ser vista a Tribuna.
Dezenas e dezenas de jornalistas teclando suas Olivettis, sem olhar pros lados, produção em série.
Fico a imaginar Jadson Oliveira entrando naquela redação em outubro de 1974.
Como eu, um foca.
Deve ter se maravilhado, como eu.
Jadson nasceu em Seabra, na Chapada Diamantina.
Tem cinco irmãos.
O pai caprichou - os homens dão rima: Jadson, Smitson e Stimison.
As mulheres, Esthônia, Nora-Nei e Maria Rúbia.
Vá entender a cabeça de um pai.
Concluiu o ginásio, e tomou o rumo da capital.
1961, 16 anos.
Fez o Clássico no famoso Colégio Central, e foi trabalhar no Baneb, interrompendo os estudos, ajudar no sustento da família
Entre 1972 a 1975, já no PCdoB, mergulha na militância bancária.
De longe, em 1981, assiste a primeira vitória da esquerda no Sindicato dos Bancários, hegemonia que persiste até hoje.
A partir de 1975, a vida foi só jornalismo, sem nunca abandonar os princípios de esquerda.
Da “Tribuna da Bahia”, onde ficou um ano, saiu para integrar a redação do jornal “Movimento”, sob a direção de José Crisóstomo de Souza, nosso conhecido.
Em 1978, vai para o “Jornal da Bahia”, em redação dirigida pelo notável Sérgio de Souza.
Vai para a sucursal do “Estadão”, dirigida pelo admirável Carlos Navarro Filho, e em 1984 volta à “Tribuna”, onde passa 11 anos, até se aposentar.
Podemos retomar, ao pensar em Jadson, a ideia de que o jornalista é um cidadão, o que participa da Ágora, que não é indiferente aos destinos da Cidade.
Jadson sempre olhou a Bahia, o Brasil e o mundo com a responsabilidade do jornalista, mas sobretudo com a visão generosa do militante de esquerda.
#MemóriasJornalismoEmiliano
COMENTÁRIOS
Joaquim Lisboa Neto: Tive o prazer de ter vários contatos com ele na sucursal do Movimento em Salvador, na rua Tingui, pertinho do Campo da Pólvora, Além dele, Crisóstomo -que também era do CEAS se não me engano-, Rogério Menezes, Antonio Dias... Voltava pra minha aldeia com dezenas de exemplares do, digamos, filho rebelde do Opinião sob a batuta de Raimundo Rodrigues Pereira. Boas lembranças. Abração!
Emiliano José: Joaquim Lisboa Neto Beleza. Parte do livro
Joaquim Lisboa Neto: Sim, memórias de minha modesta militância disseminando o Movimento por estas plagas.
Emiliano José: Joaquim Lisboa Neto Modéstia do orador
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Emiliano José
24 de maio 2019
A Vila não quer abafar ninguém. Só quer mostrar que faz samba também.
A “Tribuna da Bahia” começa a nascer antes que a ditadura radicalizasse, antes que ocorresse o AI-5 no final de 1968, conhecido não sei se propriamente como o golpe dentro do golpe nesse País de golpes e de escassa democracia.
O empresário Elmano Castro tinha uma ideia fixa: criar um jornal inovador na forma e no conteúdo.
Espírito inquieto, queria também uma TV e uma gráfica, que também tomaram corpo na sequência: TV Aratu e Cingrafi.
Criou-se então a Escolinha da TB, sob a direção do jornalista Quintino de Carvalho.
Nela, a partir de 1967, seriam formados os repórteres e editores do futuro jornal.
A Escolinha da TB queria espanar o bolor da imprensa tradicional baiana, cultivar um linguajar mais despojado, simplificar o fazer jornalístico, caprichar na titulação, apurar o lead, trabalhar a utilização aberta das fotos, usar espaços em branco na edição, mergulhar nas singularidades de Salvador.
Não, não queria guerra com a tradicionalíssima “A Tarde.”
'A Vila não quer abafar ninguém. Só quer mostrar que faz samba também", parecia parafrasear Noel Rosa.
Nem briga com o “Jornal da Bahia”, que antes dela fora importante inovação no jornalismo baiano, nascido no final dos anos 50 sob a batuta de João Falcão, empresário, ex-comunista, e que botou pra funcionar um jornal progressista.
Nem com o “Diário de Notícias”, vinculado à rede dos Diários Associados, em óbvia decadência.
Tudo isso era forma de dizer, da boa política.
Elmano, Quintino e todos os que idealizaram a “Tribuna”, apesar da disposição conciliatória, cuidadosa, sabiam, no entanto, que ao colocar-se na rua, a disputa era inevitável.
O surgimento dela, em 21 de outubro de 1969, foi um susto: menina jovem, sedutora, chegou chegando, sacudindo a praça.
Sentiu-se, no entanto, o peso das condições materiais de existência: não era tão simples equilibrar as contas do jovem jornal.
Elmano Castro convida o empresário Joaci Góes, que tocava negócios do ramo imobiliário, para aportar a necessária visão empresarial.
A chegada de Joaci deu-se em 1970, e ele soube unir sua visão econômica à compreensão de que uma redação comporta divergências, e que estas, longe de prejudicar um jornal, só o enriquecem.
Chegaram também Jairo Simões, economista, professor, e também notável compositor, e Walter Pinheiro, jovem empresário, até hoje comandando a empresa.
Jairo não ficou muito tempo, voltando-se para suas atividades acadêmicas na UFBA.
Joaci e Walter foram os grandes condutores desse projeto, seguem sendo.
Tentemos mergulhar mais fundo nessa história.
Não era simples levar à frente um jornal fora do Centro-Sul, sobretudo se houvesse a pretensão de ser progressista e inovador.
#MemóriasJornalismoEmiliano
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Fala mais, Jadson: "Jadson Oliveira Grande Barretinho, Jose Jesus Barreto, meu primeiro chefe/professor no jornalismo, outubro/1974, Tribuna da Bahia. Uma beleza de chefe. (A verdade é que a gente aprende com vários colegas ao longo da carreira, mas gosto de destacar três, por ordem cronológica: primeiro, Barreto, segundo, Sérgio de Souza, o Serjão, no Jornal da Bahia, chefiado mais de perto por Tasso Franco; terceiro, Navarrinho, Carlos Navarro, na sucursal do Estadão). Minha entrada na TB, como foca, tem uma historinha curiosa: eram duas vagas disputadas por três: eu, Emiliano (o dito cujo autor dessas belas memórias) e Alex Ferraz. Eu senti que ia sobrar, não tinha cabedal pra disputar com Emiliano e Alex. Mas veio uma "mágica" solução, resolveram contratar os três. Não cheguei a saber como se chegou a esse final feliz, mas tá na cara que Barretinho deve ter tido uma influência decisiva. Grande abraço, companheiro."
(Jadson orgulhoso com a camiseta retratando uma pintura do neto Luigi)Fala mais, Jadson: "Jadson Oliveira Grande Barretinho, Jose Jesus Barreto, meu primeiro chefe/professor no jornalismo, outubro/1974, Tribuna da Bahia. Uma beleza de chefe. (A verdade é que a gente aprende com vários colegas ao longo da carreira, mas gosto de destacar três, por ordem cronológica: primeiro, Barreto, segundo, Sérgio de Souza, o Serjão, no Jornal da Bahia, chefiado mais de perto por Tasso Franco; terceiro, Navarrinho, Carlos Navarro, na sucursal do Estadão). Minha entrada na TB, como foca, tem uma historinha curiosa: eram duas vagas disputadas por três: eu, Emiliano (o dito cujo autor dessas belas memórias) e Alex Ferraz. Eu senti que ia sobrar, não tinha cabedal pra disputar com Emiliano e Alex. Mas veio uma "mágica" solução, resolveram contratar os três. Não cheguei a saber como se chegou a esse final feliz, mas tá na cara que Barretinho deve ter tido uma influência decisiva. Grande abraço, companheiro."
(Na confraria com Barrocas, Nestorzão, Woshington Souza Filho e Beto Freitas)
(Posse da nova diretoria do Sinjorba, com .VandaAmorim, Mônica Bichara,.a presidente da Fenaj, Maria José, e Joana D´Arck)
(Com o amigo Geraldo Guedes, na Chapada Diamantina)
(Reunião do PT em Seabra)
(Na Chapada Diamantina com os companheiros Manoel Porto e Alberto Freitas)
(com os filhos Norma e Fabiano) e Eny
(Manifestação contra o fascismo com Joana D´Arck, Adilson Borges e Beto Freitas)
(Entrevistado pelo jornal A Tarde sobre socialismo)
(Farra na praia do Flamengo com os Soares e Talentos na casa de Lena, irmã de Deta)
(Na Câmara Municipal com Socorro Araújo e Adilson Borges)
(No Porto Moreira testemunhando o cambalacho de livros entre Franciel e Barretinho)(Caminhada Lula Livre, com Kardé Mourão, Joana DÁrck e Socorro Araújo)
(Foto: Lúcia Correia Lima - No lançamento do livro Lamarca - O capitão da guerrilha, de Emiliano José e Oldack de Miranda, com colegas jornalistas)
(Na greve geral em 2018 representando Lena, irmã de Deta, e os filhos dela Tarso e Manuela)
(Com Délio e Joana)
(Lançamento do Portal 4P, no 2 de Julho de 2018 - Socorro Araújo, Yuri Silva, Joana, Deta e Mônica)
(Aos 18 anos, servindo ao Exército)
(Os irmãos Oliveira)
(Corujando a enteada Marina Soares)
Querido, queridissimo! Quando chegou na redação da TB rua era o chefe da reportagem, embora chefe nunca tenha sido de nada. Era a função apenas. Como ele era bancário, ainda, o coloquei no plantão, à noite, até o fechamento da edição. Era o nosso "plantãozinho", assim me habituei a chamá -lo. Uma criatura decente, exemplar, do bem. A despeito da distância, por desígnio de vidas, quando nos vemos é só afeto, respeito, carinho. Nosso Jadson plantão Zinho. Bjs.
ResponderExcluirValeu, Barretinho! Ele e vc, duas criaturas queridas e decentes
ExcluirEste meu irmão é uma figura mais que especial. Tenho Muito orgulho de vc, Jadson.❤
ResponderExcluirParabéns pelo irmão, Rubia, é uma figuraça
ExcluirUm mestre, amigo, gentileza em pessoa, profissional meticuloso! Como esquecer suas leituras, soletrando cada sílaba, dos títulos das matérias/manchetes. Os melhores plantões de redação! Abraço saudoso!
ResponderExcluirVerdade, Lili. E batendo as mãos nos inúmeros bolsos conferindo onde estavam os óculos, a carteira, documentos.... Bjs, querida
ExcluirComo não ter orgulho de ser filha dessa criatura iluminada, um ser maravilhoso?! Realmente sua trajetória daria um livro, muitas histórias de um personagem pra lá de especial!
ResponderExcluirNão é, Norma? Pena que ficou preguiçoso e não contou as aventuras do jornalista pelos diversos veículos q passou, sobretudo um cururu driblando a ditadura. Imagina quantas histórias ele tem pra contar e fica guardando. Se resolver recontar, Jadson, estamos aqui pra recomeçar.... Bjs e obrigada pela ajuda
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