E o cimento ganha a luta contra a natureza na orla de Stella Maris

(Fotos: Moradores)
 Pelo menos treze coqueiros já tombaram nas obras de requalificação da orla em Stella Maris. E muitos devem sucumbir nos próximos dias, pois tiveram as raízes cortadas para que caiam de forma, digamos, natural. Aparentemente foram preservados em atenção à grita de grupos de moradores, que promoveram manifestação para denunciar o atentado aos remanescentes do coqueiral e da restinga no bairro. 
Foto aérea: Alexandre Piza
Mas o projeto da prefeitura previa cimento, como no restante da cidade, e é cimento que estamos tendo. Fomos chamados de "empata desenvolvimento" por protestar contra irregularidades gritantes na obra e pela supremacia do concreto, mas essas praças e quadras cimentadas na beira de uma das praias mais lindas de Salvador não simbolizam em nada desenvolvimento. Ninguém sai de outro estado ou país para vir à capital baiana ver concreto no lugar de coqueiro, de restinga.
(Foto: Augusto Lacerda Moura)

Uma aberração dessa deveria envergonhar a prefeitura. É mais do mesmo. Milhões de reais gastos para destruir a natureza. A fauna foi afugentada do seu habitat natural com a retiradas de grandes maciços de restinga. 
Deplorável essa requalificação. Essa 







NA PRAIA DE IPITANGA O DESCASO CONTINUA. TIRARAM O ASFALTO E LARGARAM A BURAQUEIRA HÁ SEMANAS










Comentários

  1. Vergonhoso, se fôssemos nós, pobres mortais a destruir o cimento colocado, seríamos taxados de VÂNDALO, destruidores do Património Público. "Triste Bahia, o quanto és semelhante"....

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    1. Verdade, Zezé. Triste luta essa nossa

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    2. UM TOTAL DESGOVERNO DO ACM NETO,E OMISSÃO DO GOVERNADOR RUI COSTA!E O IBAMA UM ÓRGÃO FEDERAL QUE NÃO TOMA NENHUMA ATITUDE UM ESTADO SEM LEI..

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  2. Proposta de “revitalização” para inglês ver e agraciar as empreiteiras e empresas concreteiras . Política de ACIMENTO NETo

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  3. Tristeza muito grande essa descaracterização da orla. Estamos sendo engolidos pelo cimento.

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  4. A desqualificação da orla de Stella Maris até Ipitanga obedece a um padrão proposto no Projeto Orla da prefeitura (2001) que, além de não segmentar e estudar as especificidades urbanísticas, patrimoniais, culturais e ambientais de cada trecho da cidade, inseriu este final da orla norte de última hora no plano estratégico Salvador 500.

    Os surfistas foram os que levantaram a lebre pedindo que a prefeitura protegesse o local. Tentavam evitar a privatização da área do Padang que a toda hora era cercada por um grileiro famoso e que, afinal, conseguiu lograr seu intento graças ao TAC firmado com a prefeitura através do André Fraude, na época gerenciando a SECIS.

    Nas encenações promovidas pela prefeitura / FMLF nos tais workshops em 2014/ janeiro 2015 ficou notório o que iria acontecer porque "eles" sabiam que raríssimas pessoas conheciam o Projeto Orla e muito menos o plano diretor da cidade.

    Porém há desculpas para surpresas e choradeiras tardias.
    Antes de Stella Maris, houve farta oferta de exemplos do que iria acontecer.
    A destruição da Barra, a do Rio Vermelho, a de Amaralina, a transformação de Piatã (pra mim a praia mais bonita de Salvador) em uma praça de alimentação imunda, point de prostituição e de bandidos. E Itapuã, tadinha, que até perdeu faixa de areia para os quiosques-puteiros de alvenaria plantados em largas bases de cimento!
    (Puteiro por puteiro eu preferia o Casquinha de Siri, o Língua de Prata e o Jangada que não destruíam o meio ambiente com a rusticidade de suas estruturas).

    O que se vê agora, extirpação da vegetação do residual de restinga e suas consequências relativas à fauna é mais grave do que a cimentação.
    Por lei federal uma área com as caraterísticas da nossa borda marinha deveria, sim, passar por recomposição.
    É um tanto óbvio que um projeto de ordenamento urbano deve se adequar ao espaço e às suas características ambientais, sejam elas quais forem.

    Os 5 quilômetros serão apenas uma réplica do que já vem acontecendo na cidade.
    É a ponta de um gigantesco iceberg predador plantado nas profundezas do município.
    Como o "fenômeno" acontece em âmbito nacional só o voto poderá barrar as barbáries crescentes.

    Em nosso microcosmo sequer os diálogos que vínhamos tendo com a FMLF e nem as decisões judiciais estão conseguindo estancar a sangria, nos três processos abertos desde 2020 pela Stella4Praias.
    O que conseguimos até agora (eliminação de quadra, de quiosques de alvenaria e restrições ao uso de gabiões) é muito pouco para a dimensão frágil do meio natural que irá sucumbir à ignorância, ao capital predatório e à falta de humanidade.

    A SPU não faz cumprir sua própria portaria e a prefeitura desacata, impunemente(!) não só as leis ambientais mas a primeira decisão liminar emitida por um juiz federal. Pasme!
    Se desacatam juízes, imagina como dão gargalhadas a manifestações de moradores!

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    1. Tem razão, se não fosse a luta da Stella4Praias e grupos de moradores que denunciam as aberrações a situação seria ainda pior. Vergonha esse projeto linear, como se a cidade fosse toda igual, sem respeitar as especificidades de cada região

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  5. Verdade, Ivone, além de cafona rola muita grana e interesses

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  6. Infelizmente, o histórico relatado acima é verdadeiro e transpira desânimo.

    Entretanto, há um engano no parágrafo final ao dizer que se a prefeitura não respeita nem juiz federal, que dirá as nossas manifestações.

    Ocorre que os políticos não temem a justiça, mas temem o povo, quando este se organiza e luta com garra e determinação!

    Focar a luta apenas no plano judicial tem sido um erro histórico de muitas causas legítimas e importantes.

    A luta política se faz nas ruas, nas fábricas, nas escolas, nas comunidades, no congresso, nos sindicatos. Ou seja, na organização dos movimentos sociais.

    A pressão tem que vir da base, da comunidade, da sociedade organizada. Juiz serve apenas para legalizar o que se conquista na marra!

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    1. Pois é, Isabel, a luta política ganha mais força quando acontece em várias frentes. E com aglutinação de todos os atores envolvidos, ouvindo e respeitando os verdadeiramente interessados.
      No caso dessa "requalificação" tá mais do que na cara q nem é pra inglês ver, pq turista quer ver coisas bonitas, natureza preservada ou pelo menos respeitada. Trocar coqueiro e restinga por concreto atende apenas a interesses inconfessáveis de uma certa família.
      E obrigada pela leitura

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