Por: Cláudio Arraes (escritor e bandolinista)
Os Chorões da Bahia estão em festa com o aniversário de 90 anos do bandolinista Fernando Ramos de Menezes, o Fernando do Bandolim, nascido em Salvador, em 15 de janeiro de 1932. Compositor, autodidata, nasceu em uma família que cultiva a música, cujo avô materno, Domingos Ramos, foi Maestro da Filarmônica Eratus, de Nazaré das Farinhas. Os pais tocavam bandolim e seu irmão Orlando era um exímio cantor, tendo gravado três CDs.
Iniciou seu aprendizado musical aos 18 anos de idade, interrompido 4 anos após, e retornando depois de 27 anos, após a sua aposentadoria como bancário. Tem 2 CDs gravados, ambos autorais. O primeiro com 11 choros e o segundo com 18 valsas.
Da sua relação de amizade com o memorável Mestre Edson Santos, o Edson 7 Cordas, fundador do lendário regional baiano Os Ingênuos, teve a oportunidade de tocar no Rio de Janeiro com grandes músicos de renomada reputação, dentre os quais Horondino Silva (Dino 7 Cordas), Jorginho do Pandeiro, César Faria, Toni 7 Cordas, Ronaldo do Bandolim, Raphael Rabello, Luciana Rabello, Álvaro Carrilho, Maurício Carrilho, Jaime Florence (Meira), Canhoto do Cavaquinho, Orlando Silveira e Caçula.
Em uma
passagem por Aracaju, tocou também com os irmãos Hamilton de Holanda e Fernando
César. Teve contato também com o Barata do Cavaquinho, músico de Aracaju,
quando da passagem deste por Salvador. Tocou com o bandolinista e violinista
norte americano Ted Falcon, quando este visitou Salvador. Em Recife, tocou com
Rossini Ferreira, Marco César e Beto do Bandolim. Em Fortaleza, sua
trajetória musical também envolveu músicos de
excelência, como Jorge Cardoso, Macaúba e Pedro Ventura 7 Cordas. Conheceu também o bandolinista Elismar Pontes,
que estudou com Luperce Miranda e frequentou a residência de Jacob, junto com
Déo Rian. Em São Paulo,
Luizinho 7 Cordas, Luiz Pinto 7 Cordas, Carlinhos 7 Cordas, Israel 7 Cordas, Izaías
do Bandolim, Milton Mori, Maik Oliveira, Arnaldinho do Cavaco, Roberto Figueroa
e Getúlio Ribeiro.
Ao longo de
suas andanças pela música, conheceu também Altamiro Carrilho, Paulo Moura,
Déo Rian, Joel Nascimento, Paulo César Pinheiro,
Nelinho do Bandolim e muitos outros. Destacam-se também os músicos baianos, tais como Edson 7 Cordas, Polí do
Bandolim, Menezes do
Cavaquinho, Gerson Almeida, José Luiz de Jesus, Carlos Lázaro da Cruz (Cacau do Pandeiro), Avelino
Silva Santos, Elena
Rodrigues, Sr. Antônio (pai de Edson 7 Cordas),
Armandinho Macêdo, Osmar Macêdo, Maestro Almiro Oliveira, Jairo Simões, Reco do
Bandolim, Bandeira, Pedro Figueirôa, Duo de violões Barros Reis (Horácio e
Leonardo Barros Reis), Raul Bermudez (Violinista, natural de Cuba), Mario Ulloa
(violonista, natural da Costa Rica), Maestro Fred Dantas, Messias Britto, Lula
Gazineu e Hélio Gazineo, Bigode, Geraldo Nascimento, Nilsinho, Antônio Baracho,
Clodoaldo Brito (Codó), Eugênio, Alfredo, Chenaud, Jailson, Ivan do Bandolim,
Coronel Ivan, Augusto sete cordas do Trio Tapajós, Carlinhos Ribeiro (Carlinhos
do Bandolim), Kleber Barbosa, Marcelo Freire, França, Moacir Soares, Almério,
João da Matança, Josmar Assís, Seu Vadinho, Pedrinho do pandeiro, Elisa
Goritzki, Juvino Alves, Prof. Clécio, a família Verde (Lourinho, Gilson e
Jaime), Robson Barreto, Júlio Caldas, Postafen do pandeiro, Dr. Jairo da Gaita,
Dr. Jurandir, Tetau, Solon Melo, Toninho da Baixa de Quintas, Joatan
Nascimento, Raimundo Barros, Marquinhos do Bandolim, Paulo Emílio, Jana Vasconcellos,
Vitório, Fausto Alves, Jean Paul (bandolinista, luthier francês), Tertuliano Franco,
Eduardo Reis, Eduardo Pixinguinha, Washington Oliveira, Mauro, Miranda, Edgard,
Cicinho de Assis, Marlon Moraes, Dirlene Cerqueira, Cremildes, Ane Morgana,
Marcelo Rosário, Gabriel Rosário, Peu do Bandolim, Ricardo Marques, Ivan
Sacerdote, Odilon, Agnaldo, Mateus, Dr. Helissandro e Werico.
Em todos os
redutos em que Fernando tocou, angariou amigos músicos, com destaque para
os das rodas de choro do Bar de Zinho, violonistas
Wilson Caindo das Nuvens, Avelino, Jô, Zeles, Diocenes e Zinho, além dos
bandolinistas Vivaldo Cruz, Carlinhos Rocha, Roque, Reinaldo, Antônio do Porco,
Miguel e Edvaldo. Em Alagoinhas tocou com o violonista de sete cordas Nipú
Caldas, o saxofonista Benigno, o cavaquinista João Nosso, o pandeirista Zequinha
e o percussionista Alípio. Em Feira de Santana tocou com o violonista de sete cordas
Carlos Epitácio, o violonista de seis cordas Amadeu, o saxofonista Pedrão, os clarinetistas
Diógenes, Renato e Edy, o percussionista Zeca Diabo, o bandolinista Dinho e o acordeonista
Bira. Em Serrinha tocou com o multi-instrumentista Edmundo Carôso e o gaitista
Dr. Braúna. Em Candeias, tocou com os bandolinistas Augusto, Aurino, o
saxofonista Luiz de França, o cavaquinista Parede e os violonistas de sete
cordas Milton e Deraldo.
Ao longo dos últimos 40 anos, Fernando tem sido figura constante e representativa do cenário musical de Salvador, notadamente na modalidade Choro. Participou ativamente de memoráveis rodas de choro na cidade de Salvador e em seu entorno (Alagoinhas, Feira de Santana, Serrinha, Tanquinho de Feira, Candeias, Lauro de Freitas, entre outros), com destaque para as antigas rodas no bairro da Liberdade e do Teatro Vila Velha. Foi também um dos pioneiros fundadores das Rodas de Choro na rua do Canal, na Pituba, juntamente com os memoráveis instrumentistas Milton 7 Cordas e Enock Valentim, integrando todos os grupos atuantes no bairro, com destaque para a Turma da Mangueira, Chorões do Canal, Chorões do Flamboyant, Chorões da Pituba e o atual Choromania, cuja formação conta com Francisco Castro no pandeiro, Washington Alves no violão, Aloísio Ribeiro no cavaquinho, Roberto Carvalho no tam-tam, Lourenço Pereira no saxofone, além de Fábio Vieira, Luis Henrique Bandola e Cláudio Arraes nos bandolins.
A primeira composição de Fernando do Bandolim foi feita em 1959, quando do nascimento de sua filha Cássia, a primogênita. Compôs para ela uma valsa ligeira, no estilo de Desvairada (Garoto). Entretanto, tanto esta primeira composição como algumas outras foram esquecidas ao longo do tempo por não terem sido gravadas, devido às dificuldades para gravação inerentes à época.
Em 2020 lançou um Álbum de Partituras com
165 composições de sua autoria, com músicas de diversos gêneros, incluindo
choros, valsas, frevos, sambas, maxixes, boleros, polcas, etc.
Agradecemos ao Mestre Fernando do Bandolim, não apenas por ser um músico e compositor inspirado, mas principalmente pelo convívio amigável e pelos ensinamentos musicais que passa, adquiridos ao longo de sua longa experiência de chorão, com boa vontade para todos os músicos que o solicitam.
Fernando é um grande músico e compositor. Seus choros e valsas são homenagens belíssimas que ele faz à sua família, aos amigos e amigas das rodas de choro e aos músicos talentosos desse nosso país.
ResponderExcluirObrigada pela visita ao blog, que bom que gostou
ExcluirViva a Mestre Fernando!!
ResponderExcluirParabéns ao mestre Fernando Menezes. Um músico que é referência no Choro da Bahia com suas belas composições.
ResponderExcluirFernando demonstra uma sensibilidade rara e uma profunda generosidade com suas composições: valsas para as mulheres e choros para os homens , além de uma versatilidade para compor Polcas, Maxixes e Frevos.
Um músico que mostra que nunca é tarde para fazer algo e acreditar nos sonhos. O momento mais profícua de suas composições aconteceu após a sua aposentadoria.
O seu Songbook está aí para provar o seu belo trabalho.
Aproveito a oportunidade para congratular Mônica e o Blog Pilha Pura! pela oportunidade de homenagear e divulgar o trabalho de um ícone do Choro da Bahia. Esse trabalho é de fulcral importância para que as memórias permaneçam vivas e que a boa música prevaleça sempre.
Obrigada, Fábio, o Pilha é um espaço aberto para boas iniciativas culturais. Também agradeço à excelente jornalista Ana Vieira pela importante sugestão de pauta.
ExcluirViva o mestre Fernando do Bandolim, parabéns pelo aniversário e pelo talento
Que história inspiradora! Aqui deixo o meu duplo parabéns: para Fernando do Bandolim, pelo conjunto da obra e para Mônica Bichara, a autora desse texto, que resgata de forma brilhante essa linda e rica trajetória.
ResponderExcluirSó esclarecendo que o autor do texto, como está grifado em vermelho logo no início, é o também bandolinista Cláudio Arraes. Obrigada pela visita ao Pilha
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