Em outubro de 1967, o médico e guerrilheiro cubano Ernesto Che Guevara é assassinado na Bolívia. Ele tentava organizar a revolução e a emancipação da classe trabalhadora. Era Primavera e Che, aos 39 anos, saia da vida para entrar para a história como inspiração e mártir revolucionário.
Quase um ano depois, em 29 de setembro de 1968, em outra Primavera, o grande músico Geraldo Vandré tirou o sono dos generais da ditadura militar. No Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, ele cantou "Ainda fazem da flor seu mais forte refrão e acreditam nas flores vencendo o canhão". Era o ímpeto revolucionário do brotar das flores, da renovação da vida, influenciando o cenário político. A música "Pra não dizer que não falei das flores" tornou-se o hino de resistência de toda uma geração.
Em meados da década seguinte, em 1974, em uma Primavera européia, a Revolução dos Cravos brotava em Portugal. Com adesão em massa da população, o movimento derrubou o regime ditatorial e autocrático de Salazar. Como versado pelo poeta, as flores venceram os canhões.
Em terra brasilis, após superarmos o árduo período de chumbo da ditadura militar, em mais uma Primavera, em 5 de outubro de 1988, foi promulgada a nova Constituição Federal. O processo de redemocratização do país teve como fruto a "Constituição Cidadã". Apesar de críticas que devem ser feitas, o texto contêm inúmeros avanços sobretudo em questões relacionadas à preservação da democracia, direitos e garantias fundamentais.
Já no séc XXI, a Primavera continua a nos inspirar. Em dezembro de 2010, a Primavera Árabe foi uma verdadeira onda revolucionária que impactou vários países de Oriente Médio. Egito, Tunísia, Síria, Líbia e outros. Eram os novos tempos, a utilização das redes sociais para ajudar na organização e resistência contra as opressões do Estado.
E os ventos trouxeram o pólen do inconformismo árabe para semear por aqui. No segundo semestre de 2016, período de mais uma Primavera, os estudantes secundaristas mostraram que, apesar do golpe contra a presidenta Dilma, a resistência teimava em germinar. Da brecha das paredes de concreto das escolas públicas, carcomidas pelo tempo, floresciam brotos de rebeldia e esperança. Eram os jovens, organizados em movimentos de ocupação, que reivindicavam investimento, orçamento, qualidade e efetiva política educacional de Estado.
E foi também em uma Primavera, com o mesmo espírito e a garra de um jovem secundarista, que após 580 dias de uma prisão injusta e inconstitucional, Lula foi solto. No dia 8 de novembro de 2019, o estadista que está entre os mais respeitados do mundo, o presidente que, apesar dos problemas que existiram em seu governo, foi o responsável por tirar milhões de brasileiros da extrema pobreza e o país do Mapa da Fome Mundial, estava livre para socorrer a nação da tragédia imposta por Bolsonaro e pela extrema direita.
(Foto: Ricardo Stuckert)Ciente da força revolucionária da estação do renascer das flores, Lula trouxe a Primavera para a campanha presidencial de 2022 e fez novamente desabrochar o amor e a esperança dentro de cada um de nós. Parafraseando a afirmação atribuída a Guevara, ele disse: "Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a Primavera inteira".
E quis o destino que a eleição de Lula e a vitória do povo brasileiro contra o neofascismo acontecesse em mais uma Primavera - 30 de outubro de 2022.
Viva a voz das urnas e o Estado Democrático de Direito! Pelas nossas filhas e filhos, pelos que virão, pela velhice segura aos nossos pais, pelos que passam fome, pelas comunidades oprimidas, pelo direito à educação pública de qualidade, pelo fortalecimento do SUS, pela soberania da nação, pelo restabelecimento da democracia.
Só a luta muda a vida! As flores novamente venceram os canhões!
(Murilo Bereta) 30/10/22
Já havia lido,mas me emocionei de novo ao reler. Como disse antes, dá vontade de sair por aí cantando: "vê, estão voltando as flores/vê, nessa manhã tão linda/vê, como é bonita a vida/vê, há esperança ainda...". Valeu, Murilo, por traduzir nosso sentimento.
ResponderExcluirVerdade, é emocionante essa simbologia da vitória da democracia com a primavera. Parabéns, Bereta, belo texto
ExcluirTorno a repetir, que lindo, Murilinho. Fiquei emocionada só essa aula de História. Eu também me toquei quando Lula usou a Primavera para mostrar toda sua amorosidade nessa batalha pela volta, que está sendo triunfante. Viva nosso presidente, Viva você, viva todos/todas nós, que, *sem medo* de sermos felizes, fomos às urnas eleger o CARA! Parabéns também para a comadre Mônica, que edita, com muita sensibilidade e competência, os textos postados por aqui,👏🏼👏🏼👏🏼🌻🌾🌿⭐⭐⭐😘
ResponderExcluirValeu, Bel. É isso aí, foi muita mobilização e paixão pra eleger O CARA
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