“Ginga Nagô” celebra, em vida, a obra brilhante do mestre da fotografia Anízio Carvalho


Anízio Carvalho - Foto Fábio Marconi

Exposição, organizada pela ABI, será aberta nesta quarta (19), às 10h, no Museu de Imprensa, sob a curadoria de Manu Dias

Preparando o coração para a emoção de ver "nosso veinho" Anízio Carvalho, como chamamos (eu e as comadres Jaciara Santos e Isabel Santo), mais que carinhosamente, ser homenageado pela ABI com a Exposição Ginga Nagô, reunindo alguns dos momentos imortalizados pelo mestre de muitas gerações no jornalismo baiano. E vai ser como ele tanto queria e merecia, em vida, aos 93 anos de idade. A ansiedade dele é grande e a felicidade maior ainda. 

Me ligou outro dia dizendo que fazia questão da nossa presença, que esse reconhecimento à sua arte/devoção/profissão seria a realização de um sonho. Nem precisava convidar, meu veinho, esse é um compromisso de alma. Sua felicidade é a nossa. Te amamos!

As comadres Isabel Santos, Jaciara Santos e Mônica Bichara, que não escondem a paixão pelo mestre

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(Texto: ABI)

As imagens desfilam aleatoriamente. Lado a lado com o senador Teotônio Vilela (1917-1983), a Mãe Nicinha do Bogum (1911-1994) e a lendária Mulher de Roxo (data de nascimento imprecisa, falecida em abril de 1997) contemplam o primeiro incêndio do atual prédio do Mercado Modelo, em 1994. Claro que esta cena hipotética é um mero exercício de imaginação. Afinal, por uma questão cronológica, os personagens mencionados não poderiam estar no local do sinistro que destruiu o histórico prédio do cartão-postal de Salvador.

Mas há, sim, um espaço em que essa diversidade de registros pode se encontrar: a exposição “Ginga Nagô”, mostra fotográfica do mestre Anízio Carvalho, 93 anos, referência de várias gerações de jornalistas. Promovida pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e sob a curadoria do premiado fotógrafo Manu Dias, a exposição será aberta na próxima quarta-feira (19), às 10h, no Museu de Imprensa, no Centro Histórico de Salvador. A entrada é gratuita.

Auto retrato com a famosa Rolleiflex, relíquia que Anízio conserva com carinho

Nascido em 23 de fevereiro de 1930, em Conceição da Feira, interior da Bahia, Anízio enfrenta alguns problemas de saúde associados à idade, mas se mantém lúcido e com uma memória invejável. Melhor do que muito novinho e muita novinha por aí. Ele identifica cada um dos momentos eternizados com suas máquinas preferidas – a Rolleiflex, equipamento doado pelo mestre Leão Rosenberg, e a Speed Graphic, adquirida com muita dificuldade em suaves prestações. Identifica personagem retratado, local e circunstâncias da foto. E é cada história!

O tempo, no entanto, é inclemente. E as condições de acondicionamento do acervo não são exatamente as ideais. Para  evitar que esse material se perca, a ABI e a família do decano estudam formas de garantir a preservação das imagens por meio de uma curadoria de conteúdo. A exposição é apenas o primeiro passo desse projeto.

Empenhado pessoalmente na construção da “Ginga Nagô”, o presidente da ABI, Ernesto Marques, traduz a importância da mostra como um incentivo para que instituições culturais atuem na preservação do acervo reunido pelo fotojornalista em quase seis décadas de atuação plena como repórter fotográfico. “Ele teve a oportunidade de testemunhar fatos que entraram para a história e foram registrados por suas lentes. Foi um dos poucos que tiveram a sabedoria de guardar os negativos, que são verdadeiras relíquias para a memória do estado”, salienta o dirigente.

O curador Manu Dias vê em Anízio “um exemplo da garra que o jornalista de imagem tem que ter para superar as adversidades e, com criatividade, sempre conseguir levara foto para a redação”. E destaca as contribuições do colega para o fotojornalismo: “Testemunha viva da Bahia  boêmia, atravessou a ditadura e as rusgas políticas, com muita ginga, malemolência e a astúcia dos grandes jornalistas que sabem chegar”, elogia.  


Manu Dias leva para a mostra imagens de grandes artistas de uma época áurea da Bahia, o encontro de Anízio com o candomblé, flagras da vida política, manifestações culturais e o drama do incêndio da Feira de Água de Meninos, entre outras. Bastante animado com a exposição, Anízio se diz “feliz e orgulhoso” e não contém a ansiedade. A família confirma: ele conta os dias para a abertura da mostra, que vai chancelar seus quase 60 anos de vida profissional. 





SERVIÇO

Data: 19 de abril (quarta-feira)
Hora: 10h
Local: Museu de Imprensa da ABI (Térreo do Edifício Ranulfo Oliveira – Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé, Salvador)

Entrada gratuita 

 

(Anízio homenageado pela Câmara de Salvador com o Título de Cidadão Soteropolitano, concedido pela vereadora Aladilce Souza, em 2015. Na foto de Reginaldo Ipê, paparicado por colegas






Comentários

  1. Coladíssima nessa corda. Nós somos as filhas dele pelo coração. O amor é recíproco, não tenho a menor dúvida.

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  2. Nem a menor sombra de dúvida, as "meninas de Anízio" que brigavam pra sair na equipe com ele para cumprir pautas. Foi meu amparo na primeira matéria que fiz na vida, estudante de jornalismo, iniciando estágio no Jornal da Bahia. Como não reverenciar esse mestre/amigo/exemplo?

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  3. Bote privilégio nessa oportunidade de ter trabalhado com o querido Anízio, que muito nos ensinou. Gratidão é pouco ao "nosso veinho", o mestre/mago das lentes. Essa exposição era realmente o que faltava na vida dele. Estou muito feliz de estar acontecendo. Tem 15 dias que fui visitá-lo em casa. Almocei com ele e Terezinha, a linda companheira dele. Um amor sexagenário. Foi tudo de bom. Ele estava numa expectativa grande com a exposição. São fotos únicas, que vale a pena serem vistas, especialmente pelos novos fotógrafos e estudantes de Jornalismo, de fotografia. Só aplausos.

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  4. Realmente, Bel, grande privilégio o nosso

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  5. Que maravilha! Lindo e jovem como sempre o querido veinho. Um privilégio essa homenagem em vida que é coisa rara! Ter trabalhado com essa figuraça tb foi privilégio e aprendizado da minha vida de jornalista iniciante. Uma honra! Feliz vida, Anízio!!!!

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