Texto: Cláudia Correia
Dia 10 de novembro, sexta-feira, às 18h, na Livraria Cine Metha Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, 5, em Salvador, será lançado o livro “O Brasil desenvolvimentista e a trajetória de Rômulo Almeida: projeto, interpretação e utopia”, obra do Professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), Alexandre de Freitas Barbosa, publicada pela Alameda Editorial.
No evento, promovido pelo Instituto de Altos Estudos Rômulo Almeida (IRAE), com a presença de professores da Universidade Federal da Bahia- UFBa, o autor fará uma breve exposição sobre a pesquisa que originou o livro, seguida de debate com os participantes.
O prefácio da obra é assinado por Gabriel Cohn, professor emérito da FFLCH-
USP, e conta ainda com apresentação Luiz Carlos Bresser Pereira, professor
emérito da FGV. Ambos ressaltam a importância da obra, não apenas por recuperar
o legado de Rômulo Almeida, mas também por destrinchar como o desenvolvimento
nacional foi pensado e praticado no Brasil antes do golpe de 1964.
O baiano Rômulo Almeida, personagem
central dessa trama, foi o chefe da Assessoria Econômica da Presidência da
República no emblemático segundo governo de Getúlio Vargas. Dessa assessoria
nasceram algumas das principais instituições estatais voltadas para o
desenvolvimento econômico e social que caracterizaram esse período, como o
BNDE, a Petrobrás e o BNB.
Fruto de uma vasta pesquisa acadêmica, o
historiador e economista Alexandre Barbosa inseriu o economista baiano no olho
do furacão do Brasil Desenvolvimentista, que compreende o período de 1945 a
1964.
Junto com Rômulo Almeida, comparecem os
demais “boêmios cívicos”, como Ignácio Rangel, Jesus Soares Pereira e Cleanto
de Paiva Leite. E os técnicos e intelectuais do setor público como Celso
Furtado, Roberto Campos, Lucas Lopes, San Tiago Dantas, Hélio Jaguaribe e
Guerreiro Ramos, que ajudaram a remodelar o Estado brasileiro, em diálogo tenso
e intenso entre si, e com os “intelectuais críticos da academia”, especialmente
os sociólogos liderados por Florestan Fernandes, os “intelectuais
independentes”, como Caio Prado Jr. e Mário Pedrosa, e os “intelectuais das
classes populares” que entram em cena nos anos 1960.
Num momento em que se fala tanto de
“desenvolvimentismo” e sobre a necessidade de um projeto de desenvolvimento
nacional com inclusão social, torna-se importante jogar luz sobre os impasses
do Brasil Desenvolvimentista (1945-1964) – período anterior à ascensão dos tecnocratas da ditadura
militar, depois sucedida pela Nova República, incapaz de conciliar
desenvolvimento, democracia e soberania nacional com redução das desigualdades.
Será que um mergulho no nosso passado não tão distante pode fornecer alternativas
de desenvolvimento, por meio da gestação de novos projetos, interpretações e
utopias, conforme subtítulo do livro sugere?
Alexandre de Freitas Barbosa é Professor Livre-Docente de
História Econômica e Economia Brasileira do Instituto de Estudos Brasileiros
(IEB) da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o Núcleo Temático
"Repensando o Desenvolvimento" do LabIEB. É bolsista produtividade do
CNPq, nível 2. O seu livro, "O Brasil Desenvolvimentista e a trajetória de
Rômulo Almeida: projeto, interpretação e utopia", recebeu, em 2022, o
prêmio Brasil de Economia na categoria de melhor livro do ano, concedido pelo
COFECON.
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