Liliana Peixinho: O cuidado, a dengue e o ambiente


 

.Texto: Liliana Peixinho * 


Para salvar vidas existem problemas complicados, como negociações diplomáticas ruidosas,  manifestações por garantias de direitos, lutas por senso humanitário em ambientes de guerra, planeta afora!

Como desafio é o que move a vida, num outro cenário, também grave, com o inimigo em casa, existem atos simples, de cuidados domésticos cotidianos, que cada um de nós pode fazer, para afastar agentes que também matam, como o mosquito Aedes aegypti.

Em todo o mundo a OMS - Organização Mundial de Saúde, relatou mais de cinco milhões de infecções por dengue e cinco mil mortes pela doença. A maior parte, 80% desses casos, o equivalente a 4,1 milhões, foram notificados nas Américas, seguidas pelo Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental.

O mosquito transmissor da dengue é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16, período das Grandes Navegações. Considera-se que o vetor foi introduzido no Novo Mundo, no período colonial, por meio de navios que traficavam escravos. 

Estudos sobre a prevalência da dengue estimam que cerca de quatro bilhões de pessoas, em 128 países, estão em risco de infecção pelos vírus da doença. E o Brasil é país com mais casos de dengue no mundo. Pois é, acredite, e tente aí imaginar porquê?

Pensar e agir sobre a sua, a minha, a nossa contribuição, em cuidado preventivo, é super importante para ressignificar sentidos do viver digno nos ambientes onde a vida acontece, diariamente, em casa, no trabalho, na escola, na rua.

Lembram dos japoneses limpando o lixo no estádio de Pernambuco, na Copa? O Japão mostrou a rapidez com que age quando o assunto é saúde pública e mesmo não familiarizado com doenças tropicais, dá exemplo de eficiência no combate à dengue.  Mal foi divulgada a notícia de que 47 japoneses haviam contraído dengue e já se tomaram providências contra um eventual surto (seria o primeiro em sete décadas).

A dengue é fato grave, epidêmico, e pode ser evitada identificando e eliminando possíveis criadouros, através da limpeza frequente , cuidadosa, de locais como quintais, jardins, cozinhas, varandas, e todo canto onde a água é elemento presente. 

Esse tempo de calor e chuva, com  acúmulo de "lixo", o ambiente fica confortável para a ação de diversos agentes de doenças, como o mosquito da dengue, e prolifera, cidades afora.

Precisamos nos atentar e agir com responsabilidade para evitar a dengue. O Movimento ativista AMA-Amigos do Meio Ambiente desenvolve, desde 1999, a campanha 

 "DESPERDICIO ZERO, LIXO ZERO, FOME ZERO, AMBIENTE 10" como instrumento educativo, de informação. Para incentivar práticas limpas o AMA reconhece e fortalece ações de saneamento de  pessoas, donas de casa, empresas, escolas, comunidades, que atuam como

Amigos do Ambiente, em consciência coletiva no cuidado em uso e descarte doméstico.

O Movimento AMA difunde, há 23 anos, informações sobre a desconstrução do conceito "lixo" (como algo sujo, que não presta) para a prática da cultura dos Rs,  Ressignificando os Resíduos rumo ao LIXO ZERO. O hábito da simples e cuidadosa separação por produto (alumínio, papel, vidro, roupas, sapatos, plástico, madeira, orgânico), em casa, ajuda o catador, humaniza o ambiente, reduz o uso da matriz Natureza e alimenta uma Economia, limpa, inteligente, racional, circular.

Para a prática doméstica em Cultura dos Rs - Racionalizar,  Reaproveitar, Reduzir, Repartir, Ressignificar, com arte e harmonia, basta mudar o comportamento massivo de "jogar fora", de qualquer jeito, para um manuseio cuidadoso, criterioso, de forma responsável, numa cadeia harmoniosa de uso e descarte.


* Liliana Peixinho -

Jornalista, ativista humanitária.  Especialização em Jornalismo Científico, Meio Ambiente e Tecnologias da Comunicação.

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