Salvador sediará de 29/1 a 2/2 a Teia dos Povos - VIII Jornada de Agroecologia

Evento no Parque de Exposições inclui Ato Público nas dunas do Abaeté e Cortejo a Iemanjá

De 29 de janeiro a 2 de fevereiro de 2025, acontece no Parque de Exposições a VIII Jornada de Agroecologia da Bahia, um encontro de trocas, aprendizados e celebração das diversidades dos povos indígenas, comunidades negras, populações do campo e da cidade, reunidos para fortalecer lutas em torno da terra, território, agroecologia popular e soberania. Na sexta-feira, dia 31, às 17h, haverá um ato público após oficina e caminhada do Parque de Exposições até uma das principais áreas de conflito da biorregião do Abaité, localizada na chamada Duna do Catu/ Duna do Campo, onde será aberta a bandeira da campanha “Direitos da Natureza: Abaité, Sujeito de Direitos”, com a transmissão de conhecimento sobre o território que sedia o evento. 

O ato público deve envolver moradores, lideranças locais, povos indígenas, representantes de terreiros, pescadores e demais participantes da Teia dos Povos. Segundo a arte-educadora, antropóloga e permacultora Clara Domingas, uma das coordenadoras do Núcleo Base Itapuã na Jornada Teia dos Povos, junto à educadora e artesã local Rita Capotira Tupinambá, “numa jornada de agroecologia da Teia dos Povos, você experiencia o encontro de movimentos, povos, territórios e organizações de base popular, em processo de organização, que avançam na luta por justiça socioambiental, racial, de gênero etc, em tempos de colapso climático”.

Clara Domingas (Foto: Pio Filho @pordsol18) 

Representante do Fórum Permanente de Itapuã e do Instituto de Permacultura, ela acrescenta: “Participei pela primeira vez numa Jornada de Agroecologia da Teia dos Povos, em 2017, em Porto Seguro. Foi um momento de profundo aprendizado e enriquecimento, um divisor de águas, que alterou minha sensibilidade e atuação no mundo. Voltei para meu território: Itapuã, Abaité, com muito mais compromisso e engajamento nas frentes de resistência e defesa da vida. Eu já atuava no território desde 2011, como artista, mas fui ganhando consciência das complexidades dos nossos tempos e me politizando cada vez mais. Desde então, nunca deixei de acompanhar a Teia dos Povos, de me nutrir constantemente com a produção de saberes gerados nessa ampla frente de luta coletiva. A gente tem oportunidade de  praticar o voluntariado, de participar de rituais, de se alimentar em cozinhas  comunitárias, de escutar palavras sábias de pessoas enraizadas em seus territórios, integradas com ecossistemas que estão ameaçados de extinção, pessoas experientes no enfrentamento ao capital (mineradoras, agronegócio, latifúndio, imobiliárias, oligarquias, plutocracias, etc) e a gente se transforma! Ficamos realmente mais enriquecidos, fortalecidos e inspirados para contribuir nessa aliança entre desiguais. Todos nós temos um papel nesse enfrentamento, cada pessoa precisa tomar posição e agir. Gosto dessa fala de mestre Joelson Ferreira: “É necessário romper as ilusões e colocar as pessoas em marcha contra os verdadeiros inimigos” Aprender a fazer alianças, entre diferentes e desiguais, me parece ser o nosso desafio mais urgente, diante da degradação generalizada do planeta".

Tombamento do Abaité 

Antes do ato político acontecerá a oficina “Direitos da Natureza e Contracolonialidade”, que pretende resgatar e dar continuidade à Campanha Direitos da Natureza: Abaité Sujeito de Direitos, lançada durante a Pré-Jornada da Teia dos Povos no Território de Itapuã, em agosto de 2024, evento que teve como tema principal o Tombamento do Abaité. A oficina abordará os conceitos estruturantes da campanha, como cosmofobia, ancestralidade, contracolonialidade, emergência climática e Direito Comunitário Ancestral. Participarão, além de Clara Domingas, Marcele do Valle, do Instituto Búzios, e representantes do GT pela Patrimonialização do Abaité.

Os Direitos da Natureza, explicam os organizadores do evento, dizem respeito a uma defesa para o campo legal, interpretativo, em políticas públicas, pelo reconhecimento dos direitos inerentes a ecossistemas e espécies não-humanas, as mais variadas formas de vida, de maneira equivalente aos direitos humanos fundamentais. Essa perspectiva baseia-se na cosmopercepção ancestral indígena e alinha-se com as cosmogonias de religiões de matriz africana, que reconhecem a interdependência entre todos os seres viventes, incluindo minerais, fungos, vegetais, animais e humanos.

Dia de Iemanjá - Todos os dias do evento acontecerão, simultaneamente às atividades (debates, oficinas e rodas de saberes), a Feira dos Povos (agricultura e artesanato) e a Feira Literária, com um grande acervo de livros relacionados com a luta por terra e território. No último dia haverá Cortejo a Iemanjá antes da solenidade de encerramento

Programação da VIII Jornada de Agroecologia da Bahia

 

29/01 : Chegada das caravanas e montagem dos acampamentos. Abertura oficial com Grande Ritual dos Povos.

 

30/01 :

Manhã: Análise de conjuntura: Tecendo a União dos Povos frente ao capitalismo – Caminhos da Aliança Indígena, Preta e Popular;

Tarde: Malocas Saberes (Rodas de Conversas) sobre Terra e Território, Educação, Saúde e Agroecologia Popular;

Noite: Grande Roda das Juventudes do Campo e da Cidade e Cultural dos Povos, liderada pela juventude.


31/01 :

Manhã: Feira Agroecológica com prosas sobre o combate à fome e à pobreza e apresentação de trabalhos científico-populares;

Tarde: Oficinas práticas e teóricas; Ato Público às 17h na Duna do Catu/ Duna do Campo;

Noite: Grande Roda das Mulheres com mais um Cultural dos Povos, sob a condução das mulheres. 

01/02 :

Manhã: Malocas Saberes (Rodas de Conversas) com debates sobre Terra e Território, Saúde, Educação e Agroecologia Popular;

Tarde: Relatos de experiências, projeções estratégicas e apresentação da Carta da VIII Jornada de Agroecologia da Bahia;

Noite: Feira de Literatura dos Povos, com lançamento de livros e roda de prosa com Mestres e Mestras, encerrando com um Ritual Cultural dos Povos.


 02/02 :

Cortejo de Iemanjá e cerimônia de encerramento. 

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