Uma semana após a sua última aparição pública, registrada no Pilha com o sensível texto de Isabel, intitulado Waldir Pires: A emoção do lançamento de uma biografia, Dr. Waldir se despede de todos, aos 91 anos, na sexta (22), após uma parada cardiorrespiratória. E justo num momento em que metade de Salvador se desloca para interior do estado, por conta dos festejos de São João, o que certamente reduziu em muito o público que lhe prestaria homenagens durante o seu velório. A este homem público cabe todas as homenagens, e muitas virão, pois deixou exemplo de retidão e seriedade na política, reconhecido até por adversários históricos.
Waldir Pires deixa saudade também pelas suas qualidades pessoais, pelo jeito carinhoso e sereno como tratava todos, indistintamente. Quem teve a oportunidade de conviver o mínimo possível com ele sabe disso. E é disso que quero falar, dar o meu testemunho. Tive a honra de conviver com ele em algumas situações, sendo a mais próxima frequentando a casa dele diariamente, quando fazia a sua assessoria de imprensa na campanha da pré-candidatura ao governo do estado pelo PT (que ele retirou antes de ir à convenção do partido, que acabou homologando a candidatura de Zezéu Ribeiro), isto em 1998. Por muitas vezes ele ficava horas conversando comigo, relembrando os tempos do Governo João Goulart, entre 1963 e 1964, do qual foi consultor geral da República, e do exílio, após o golpe militar de 1964, quando ficou por seis anos no Uruguai e na França, só retornando ao Brasil em 1970.
Em toda e qualquer situação Dr. Waldir se apresentava sereno, afetuoso com seu público e com os que convivia. Encantava a gente com os gestos acolhedores expressos no olhar e na atenção. E mais ainda quando "apertava os olhinhos" (essa expressão era a sua marca) e com a sua oratória didática, eloquente, convincente. Quando falava de Lula, então, meu Deus! Numa das campanhas eleitorais de Lula, antes da que o elegeu presidente da República, Waldir falava da trajetória do operário metalúrgico do ABC paulista com tal ênfase, sobre o quanto ele sabia conviver com o contraditório e negociar em busca do consenso, experiência adquirida como o mais expressivo e importante líder sindical, que estava muito preparado para governar o Brasil. Dava gosto ouvir esse discurso de Waldir e tive esse privilégio muitas vezes pelo interior da Bahia, na campanha de 1994, ele (Waldir) candidato a senador, eu na assessoria da chapa majoritária da Bahia. Ele tinha muita admiração por Lula e vice-versa. Foi ministro dele em duas pastas (CGU e Ministério da Defesa) e neste últimos tempos, se estivesse em condições de saúde boas, certament.e estaria na linha de frente da luta por Lula Livre!
Parte do grupo que esteve na embarcação no trajeto do Rio São Francisco (de Carinhanha a Juazeiro) durante a campanha de Lula presidente, com Waldir Pires concorrendo ao Senado. |
Waldir merece todas as homenagens por sua trajetória, como um dos quadros mais importantes da nossa história política e também por sua grande figura humana.
Viva Waldir!
Viva Waldir, mil vivas ao político baiano mais carismático e respeitado da nossa história contemporânea. Foi muito bom acompanhar seu desempenho no último cargo público, o mandato de vereador.
ResponderExcluirSenti muito ter faltado à despedida por já estar no interior. Muita luz para o Sr. Democracia
Quem teve a honra de conviver com Waldir em algum momento de sua longa caminhada sabe que a Bahia e o Brasil perderam uma referência na politica, um homem integro, coerente em seus princípios de liberdade, justiça, sereno em suas reflexões. Com certeza fará muita falta nesse período de carência de lideranças politicas com essas caracterizaras. Viva Waldir!
ResponderExcluirTodas as homenagens ao grande Waldir são mais do que merecidas. Ele deu a sua parte pela nossa democracia, hoje tão vilipendiada por pessoas que mostram gosto pela ditado. E parabéns a Carmela pelo registro, uma ótima materia
ResponderExcluirMuito bom, Jô. Que privilégio, companheira. No encerramento da cerimônia de cremação, seu filho ,Chico disse que essência de Waldir era a bondade. Todas as homenagens são poucas pra esse Grande homem.
ResponderExcluirMuito bom, Jô. Que privilégio, companheira. No encerramento da cerimônia de cremação, seu filho ,Chico disse que essência de Waldir era a bondade. Todas as homenagens são poucas pra esse Grande homem.
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