A escritora Conceição Evaristo é autora de seis livros, todos sobre a realidade dos descendentes de escravos africanos, moradores de favelas brasileiras |
Visceral. Eis a palavra que se encaixa perfeitamente na definição da narrativa de Conceição Evaristo, em seu livro Ponciá Vicêncio.
O saudoso Irecê, que completaria 60 anos neste último 10 de julho, preferiria definir este livro com a sua máxima "faca no rim", que usava para dizer que algo é certeiro, afiado e decisivo ou para dar o golpe impiedoso contra uma situação. Mas o amigo falava isso com muito humor e a leveza que lhe eram peculiares e aproveito para homenageá-lo.
Ponciá Vicêncio denuncia a discriminação e atrocidades cometidas contra o povo negro, mas isto sem adjetivar, panfletar ou fazer discurso. A denúncia é "faca no rim" justamente porque está contida na própria história das personagens tão reais e, por isso mesmo, encantadoras, que vão nos levando a vários lugares do passado e do presente.
Não sou crítica de literatura e não vou me alongar mais sobre o livro dessa escritora maravilhosa que é Conceição Evaristo (veja mais). Inclusive, tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente no lançamento da Flica - Feira Literária de Cachoeira, quando gravei um convite dela para a Feira Literária de Mucugê (Fligê), que será de 16 a 19 de agosto que vem, na qual será homenageada.
Mas confesso que fui apresentada a Ponciá Vicêncio por Nana, minha filhota que quando ainda criança fazia postagens e comentários aqui no blog e agora se inicia no curso de Letras. Leu o livro pra fazer trabalho da "facul" e se empolgou de tal forma que me "atazanou" o juízo. "Mãe, você tem que ler Ponciá Vicêncio, mãe, é maravilhoso, mãe, Conceição Evaristo é top! Mãe, cê não tem ideia de como esse livro é bom! Mãe..."
Pronto, cedi. Adoro ler, mas ultimamente andava exausta por causa das leituras obrigatórias diárias do ofício (jornais e revistas impressos, esses bem menos, e muito mais sites, blogs e posts na redes sociais, no computador e no celular), e quando em casa só queria entrar na "caixa do nada" e assistir qualquer coisa na TV. Li Ponciá Vicêncio num fôlego só, não conseguia parar de ler. Revigorei a vontade de voltar aos livros depois dessa provocação de Nana. Obrigada, filha.
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E por falar em livros e denúncias, nosso colunista Jadson Oliveira postou uma sugestão no seu blog:JESSÉ SOUZA: A CLASSE MÉDIA BRASILEIRA ODEIA O POVO .
Trata-se da publicação A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato – Um livro que analisa o pacto dos donos do poder para perpetuar uma sociedade cruel forjada na escravidão’, do sociólogo Jessé Souza (páginas 169/170) – editora Casa da Palavra/LeYa.
Se foi Nana que indicou já quero ler, ainda mais com esse tema e da autoria de Conceição Evaristo. Esse ano quero ir pra Fligê
ResponderExcluirBora! Você vai amar! E ainda vai rever Jean Willes!
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