Jogo é jogo, namoro é namoro


Em Berlink, na Ilha, curtindo a casa do saudoso Rêmulo Pastori, muitas histórias rolaram em diversos feriadões e férias do século passado.


A gente jogava um carteado à noite tomando uma cervejinha, que quase sempre acabava em briga. Toda vez eu queria esganar Sinvalpinga e Betofreitaspinga. O primeiro roubava descaradamente e o outro além de ajudar na roubalheira ficava tirando onda. Eu, invocadíssima, pavio curto, protestava, brigava. Dia seguinte, ríamos muito de tudo e voltávamos aos vícios. Normal.


Eis que num dia desses baixa na porta da casa o colega Raimundo Lima (foto)e a namorada, Aldeci, num carro tão carregado de coisas que parecia rebaixado. Exagerado como sempre, Lima trazia de tudo, de comida então, nem se fala. Chegou esnobando por ter comprado cerveja no antigo Paes Mendonça da Ilha por um preço baratíssimo. Beto devolveu: "Aqui a gente bebe por esse preço, geladíssima, no bar!".


Passamos o dia na praia, Raimundo Lima mandando ver na caipirosca com a vodca que ele levou e as polpas de frutas também dele. Mas era o dono da barraca que preparava. E o cara comia e comia e fez a gente experimentar um caçonete, que realmente nunca vi igual de tão bom.


À noite, voltamos para o vício e o pau comeu dessa vez. A dupla de larápios de baralho exagerou e eu protestei, protestei, briguei, arrepiei, rodei a baiana. Lima e Aldeci presenciaram tudo com olhos arregalados.


Dia seguinte, eu e Sinval na maior tranquilidade, trocando beijinhos e tomando café, e Raimundo olha sem entender nada e questiona: "Ôxe, vocês dois brigaram a noite toda e já estão assim? ". A gente tratou de situar o cara: "Nada a ver. Jogo é jogo, namoro é namoro".

Comentários

  1. E ladrão é ladrão, aqui, em Berlinque ou na China.

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  2. Joaninha, lembra quando jogávamos na cozinha lá no Santo Hilário? Era a mesma coisa, só que eu ajudava a Sinval e vc sempre protestando, e eu fazia só de pirraça, prá te ver irritada. rsrsrsrsrsrs

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  3. Beto fazia o mesmo Léa. Ficava me pirraçando. Mas a gente se divertia.

    Mônica tem razão: ladrão é ladrão em qualquer lugar. Sinval não perdeu o vício, só está escanteado do jogo.

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  4. O roubo era tanto que uma vez lá no Santo Hilário, deixamos a dupla de larápios, Délio e Sinval, jogando em pé e de cueca, e ainda tinhamos que revistar pra ter certeza de que não tinham surrupiado alguma carta.

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  5. Pô, velho! Os carinhas são perigosos mesmo! Tem alguma foto dos larápios em ação? Não podemos deixar incautos caírem nas mãos, literalmente, desses gatunos do carteado... E eu que sentei perto de Sinval tantas vezes no Bar de Bahia! Foi a minha sorte nunca ter aceito convite prum carteadinho...

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