A língua


O nosso enviado especial a Trinidad e Tobago, Jadson VPP, está todo enrolado com o inglês dele, praticado há tempos em sala de aula. E além disso está misturando com o espanhol que vinha praticando nos últimos paises visitados (Venezuela, Cuba, Paraguai e Bolívia). Tanto que ainda não enviou nadica de nada para o blog, mas mandou e-mail dizendo que está tudo bem. O problema é só a língua.

Comentários

  1. Por falar em língua... (se morda, Araka)

    Língua
    Caetano Veloso

    Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
    Gosto de ser e de estar
    E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
    E uma profusão de paródias
    Que encurtem dores
    E furtem cores como camaleões
    Gosto do Pessoa na pessoa
    Da rosa no Rosa
    E sei que a poesia está para a prosa
    Assim como o amor está para a amizade
    E quem há de negar que esta lhe é superior?
    E deixe os Portugais morrerem à míngua
    “Minha pátria é minha língua”
    Fala Mangueira! Fala!

    Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
    O que quer
    O que pode esta língua?

    Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
    E o falso inglês relax dos surfistas
    Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
    Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
    E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
    E – xeque-mate – explique-nos Luanda
    Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
    Sejamos o lobo do lobo do homem
    Lobo do lobo do lobo do homem
    Adoro nomes
    Nomes em ã
    De coisas como rã e ímã
    Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
    Nomes de nomes
    Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
    e Maria da Fé

    Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
    O que quer
    O que pode esta língua?

    Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
    Está provado que só é possível filosofar em alemão
    Blitz quer dizer corisco
    Hollywood quer dizer Azevedo
    E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
    A língua é minha pátria
    E eu não tenho pátria, tenho mátria
    E quero frátria
    Poesia concreta, prosa caótica
    Ótica futura
    Samba-rap, chic-left com banana
    (– Será que ele está no Pão de Açúcar?
    – Tá craude brô
    – Você e tu
    – Lhe amo
    – Qué queu te faço, nego?
    – Bote ligeiro!
    – Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
    – Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
    – I like to spend some time in Mozambique
    – Arigatô, arigatô!)
    Nós canto-falamos como quem inveja negros
    Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
    Livros, discos, vídeos à mancheia
    E deixa que digam, que pensem, que falem.

    ResponderExcluir
  2. Uma amiga nossa garantiu que Jadson, evidentemente, sabe muito bem fazer uso da língua. Não que isto exclua outros atributos do veínho.

    ResponderExcluir

Postar um comentário