SEPARAÇÃO

Quase todas as pessoas já sofreram em uma separação. A grande maioria só se sente valorizada, especial, com certeza de possuir qualidades, se tiver um parceiro amoroso. Se este, por qualquer razão, não desejar mais continuar a relação, o outro se sente vazio, com a sensação de que lhe arrancaram um pedaço. E o pior é que ela só vai deixar de existir quando alguém voltar a dizer que o ama.
Nem sempre o parceiro satisfaz ou preenche as necessidades afetivas e sexuais do outro, mas isso não é levado em conta. A separação é dolorosa porque impõe o rompimento com a fantasia do par amoroso idealizado, além de abalar a autoestima e exacerbar as inseguranças pessoais. A ideia de felicidade através do amor no casamento influi diretamente na intensidade da dor na separação.
A crença de que o casamento é o único meio de realização amorosa e de que é possível uma complementação total entre duas pessoas, é um equívoco extremamente nocivo. Favorece a simbiose, sobrecarregando marido e mulher como depositários das projeções e exigências afetivas do outro. Sem contar que o ressentimento e o ódio na separação são causados pela constatação de que, ao ir embora, o parceiro frustrou essa expectativa de complementação.
Tudo poderia ser bem diferente. A questão é que, em quase todos os casamentos, as pessoas abrem mão da liberdade, da independência — incluindo aí amigos e interesses pessoais — e por isso se tornam frágeis em caso de ruptura.
Alguns se desesperam durante e após a separação. Podem apresentar um quadro de profunda depressão e em casos extremos até tentar suicídio. Mas, ao contrário do que possa parecer, isso não significa necessariamente que havia um grande amor.
É comum, nesses casos, o outro nem significar tanto, mas sua falta ser sentida de forma dramática por reeditar vivências de perdas anteriores. Não se chora somente a separação daquele momento, mas também todas as situações de desamparo vividas algum dia e que ficaram inconscientes

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